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"Eu quero você como eu quero"

(Kid Abelha)

Uma vez por mês Tomás tinha uma folga. Nesse dia ele podia sair do castelo. Dessa vez eu tinha conversado com a minha mãe e combinado que eu queria ter mais privacidade nas minhas conversas com ele. Ela disse que tudo bem, então fui para um lugar isolado, porém seguro, um lugar especial: o parque da rua 94. Esse tesouro esquecido pelo tempo se tornou meu refugiu contra o resto. Acho que todos tem seu parque da rua 94.

Levei tudo que achava necessário. Água, algumas barras de cereal e dois pacotes de batata frita. Havia um supermercado perto dali com banheiro, caso houvesse alguma emergência depois de tanta batata frita. Levei também uma manta e um travesseiro e uma revista de caça-palavras.

Estendi a manta na terra batida e fiquei esperando que o telefone tocasse. O clima estava gotoso, as nuvens calmas e o vento fresco. Por fora a brisa batia suave, mas por dentro acontecia uma tempestade de sentimentos.

O telefone tocou, não demorei nem um segundo para atender.

– Amor...?

Eu disse sedenta por ele que respondeu;

– Oi, minha princesa..!

Ele parecia cansado

– Você está parecendo cansado.

– Perdi o ônibus e tive que vir até o centro caminhando. – Disse ele meio rindo de sua própria desgraça, e continuou. – tive que explicar o trabalho para meu substituto. É novato."

– Ah sim. – eu disse sem saber o que falar, então fiz a pergunta clichê de sempre – Como está sendo seu dia?

– Bom, fui no mercado comprar uma coisa. Comi macarrão, eu já estava com vontade há muito tempo. Agora estou no meu quarto de hotel, conversando com a garota mais linda do mundo enquanto espero a pizza que pedi. Diante de tudo isso, meu dia está expendido

– Vai voltar gordinho – Eu disse rindo ao que ele respondeu:

– Gordinho e feliz! Mas enfim, como está você?

– Estou bem. Tem o show, treinamos todos os dias, aliás, tenho que sair hoje ás 17 horas para ir ao teatro.

– Ah não!

– Desculpa. Enfim, minha família está bem, meu pai ocupado com outras coisas em vez de pensar em minha mãe. Ele está fazendo até um curso. Minha mãe está como sempre, e meu irmão perdido no mundo dos livros e videogames . A escola está normal. Não estou passando muito tempo com as meninas por razão de tantos afazeres e...

– Melhor assim.

Parei por um segundo confusa. Perguntei:

– Como assim?

– Não confio nessas garotas. Não gosto da ideia de ficar colada nelas. Podem te influenciar. Tolero o Diego porque tenho que tolerar. Mas as outras são dispensáveis.

Fiquei calada sem ao menos saber o que pensar sobre aquilo. Um grande silêncio se expandiu como o universo dento da minha mente.

– Você nunca agiu assim... – foi a única coisa que consegui dizer.

– Imagina se você fica andando muito com a Jeniffer e vira uma vadia como ela? Ou fica muito na companhia da Ágata e decide se matar?

– Tomás! – gritei – Elas são minhas amigas e você não tem permissão de falar delas assim!

– Eu não quero te perder Lou. Você não tem ideia do medo que tenho. Você quer me perder?

– Não...

– Então é melhor ficar longe de pessoas que poderiam causar isso. Ok amor?

– Ok...

– Eu te amo tá?

Eu poderia viver sem elas, mas não sem o amor dele.

– Eu também te amo

– Eu vou te amar até que o próprio céu se engula por inteiro

– Para sempre.

Ficamos em silêncio por um tempo até achar palavras

– Sabia que cactos só podem ser regados uma vez por mês? Se não eles morrem. Nosso amor é um cacto. – eu disse

– Tive uma ideia! Vamos comprar um cacto. Deve ser bem barato. Então vamos regar ele só quando conversarmos.

– Pode ser então – respirei fundo – acho uma boa ideia. Será bom para nós. Então, como está no palácio?

– O de sempre. Eles me mandam e eu faço. A vida do concelheiro é minha responsabilidade, então tenho que preservar aquele cara até ele morrer com 120 anos – Rimos – Mas claro que se houver um ataque meu dever é salvar o maior número de pessoas. Mas nunca ocorreu ataque, então acho que vai demorar bastante pra eu saber qual é a sensação de salvar a vida de alguém.

– Você já salvou a minha.

Eu disse quase instantaneamente Lembrei-me das vezes em que cheguei ao colapso e ele estava lá para me dar a mão. Pois, se não fosse o amor que eu sinto por ele para me segurar nesse mundo eu já teria ido embora a muito tempo.

– Não fala isso

– Mas você sabe que é verdade

– Foi você que salvou a minha vida! Você me tornou um homem diferente Louise Lane. Se não fosse você, acha que eu estaria no palácio? Você me deu um propósito na vida. Se não fosse você eu provavelmente estaria perdido por aí, ou até morto. Sem você eu perco o rumo.

– Por isso eu nunca vou te deixar.

Ele parou e respirou fundo, então disse com uma voz pesada

– Eu não vou te deixar agora, mas se eu ver que não posso te proporcionar a vida que você merece, eu vou embora.

– Não faz assim comigo.

– Desculpa Lou, mas meu propósito é te ver feliz. Porém, por enquanto está tudo sobre controle.

– Fico feliz em saber. Espero que fique tudo sobre controle para sempre.

– Espero ser capás de manter tudo sobre controle para sempre.

Asas protetoras - Terceiro livro da trilogia "anjo"حيث تعيش القصص. اكتشف الآن