Capítulo 2

10.1K 1.2K 239
                                    

Quando alcanço o lado de fora, encontro Velikaya sentado sobre suas patas traseiras, assemelhando-se a um cão de guarda em frente a nossa cabana. A cena é tão bizarra, que fico petrificada diante dele por alguns segundos. Ele exala pelo nariz, como se quisesse demonstrar que minha atitude é inconveniente e inapropriada.

Balançando a cabeça para clarear a mente, deixo o atípico animal para trás e sigo até a tenda central na qual Lírida costuma permanecer. Pelo caminho, encontro alguns soldados que participaram do meu resgate em Aurora Negra.

Como de costume, nenhum deles dispensa mais do que um olha em minha direção, nem mesmo os antigos empregados do castelo mostram qualquer expressão de reconhecimento. Parecem ter sido programados para me ignorar.

Talvez realmente tenham sido!

Ao me aproximar do centro do acampamento, escuto vozes alteradas vindas do interior da tenda de Lírida. Meus passos se tornam sorrateiros para que eles não percebam minha chegada e aguço os ouvidos para distinguir as palavras que estão sendo ditas.

-Já lhe expliquei os motivos de mantê-la no escuro, Rurik. Esse assunto não será discutido novamente. –Lírida fala com impaciência.

-Seus argumentos não são suficientes para mim, Lírida. Scarlett é muito mais astuta do que você supõe. Mais cedo do que esperamos ela dará um jeito de desvendar todos os mistérios que escondemos até agora. Estou surpreso que ainda não o tenha feito. –A inconfundível voz do capitão Carter responde a ela.

Mas quem é Rurik?

-Concordo com o Rurik, já passou da hora de conversarmos com ela. –Luke argumenta.

Meu coração acelera com a possibilidade de descobrir a causa da minha vida ter se tornado uma completa anarquia. Minha coragem vacila levemente enquanto debato internamente se devo ou não reivindicar por respostas; por mais que anseie pela verdade, às vezes ela pode ser dolorosa e destrutiva.

Antes que eu consiga chegar a uma conclusão, alguém me agarra por trás e empurra um fino tecido contra meu nariz. Por instinto, revido dando uma cotovelada em seu abdômen e um chute em seu joelho, o que o faz cair no chão.

Quando me viro na direção do estranho, encontro não apenas um, mas um pequeno grupo de soldados com o uniforme vermelho de Pélagus, juntamente a dois homens sombrios. A visão dos mesmos faz um arrepio percorrer meu corpo inteiro e eriça os pelos dos meus braços.

Ah, lembro-me muito bem daquelas órbitas vazias!

Eles começam a me cercar silenciosamente, no mesmo segundo em que minha visão fica nublada e minhas pernas vacilam. Quando um sorriso medonho se desenha no rosto do homem que tentou me apanhar, compreendo que havia alguma droga no pano que ele utilizou. Sem saída, opto pela única alternativa que me vem à cabeça: gritar.

-SOCORRO! –Berro.

No instante seguinte, os homens me atacam. Entorpecida, escuto um uivo de dor, um bramido apavorante e sinto o chão tremer levemente ao meu redor, porém, não consigo identificar o que está acontecendo. Vejo o mundo se tornar um borrão e desaparecer. 

 

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.
Palácios De Cinzas - Livro 2 - Trilogia Mestiços Onde as histórias ganham vida. Descobre agora