Capítulo 26 II

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Maratona 8/10

A médica não chegava nem por morte e a Renata não parava de chorar, eu já tava ficando muito agoniado. Sério, não aguento ver minha loirinha chorando. Ainda mais que agora ela não tava mais nem brigando comigo, já fiquei preocupado né? Porque pra ela não ta brigando, o negocio ta sério.

- Amor, fica calma tá? Eu vou chamar a enfermeira.

- Não vai, fica aqui, por favor.

- Eu tenho que chamar amor, se não você vai continuar sentindo dor ai. Eu vou correndo, tá? Vou pedir pra sua mãe entrar, pode ser?

Sai do quarto e meus sogros junto com meus pais tavam esperando lá fora, o André tava lá também.

- E ai mano. - ele disse de pressa e me deu um abraço - Como é que ela ta?

- Sentimento muita dor mano. Vou atrás da enfermeira... sogrinha? - ela me olhou - tem como cê entrar lá? Ela ta precisando de uma força.

- Deixa que eu vou. - Meu sogro falou e eu assenti.

- O pessoal ta vindo pra cá. - o André disse e eu assenti, sai dali rápido pra ir atrás de alguém.

RENATA.
Gente, fala sério, caralho! Eu nunca quis engravidar porque eu sabia que doía e também porque que mãe eu seria né? Mas o Felipe e eu conseguimos a proeza de ficarmos grávidos, pois bem, foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida, amo minhas filhas e sei que elas são as melhores coisas que eu vou levar pra sempre. Agora, puta que pariu, NUNCA MAIS me peçam pra fazer isso de novo, eu sequer consigo explicar o tanto de dor que eu to sentindo. O Felipe saiu da sala e cada vez eu sentia que tava ficando mais larga, quando a porta abriu, eu acho que fosse minha mãe, mas era meu pai.

Bom, vamos lá, meu pai não aceitou minhas gravidez e aquilo tudo que todo mundo já sabe. Mas ele é meu pai, acho que o destino quis assim, eu não vou mentir que as coisas não tinham ainda voltado a ser como era antes, mas naquele dia eu sabia que eu deveria ta em casa, pra receber a noticia com eles e desde que a Rafa morreu, a gente vem nus aproximamos até mais do que eramos antes.

- Como que ta ai? - ele disse e segurou minha mão.

- Não vou conseguir, pai. - comecei a chorar de novo

- Ta maluca? Claro que você vai conseguir. - gritei de dor. - Calma filha. - ele disse com a boca encostada na minha testa. - Papai ta aqui, eu prometi que iria cuidar de você, Renata e por muito tempo eu falhei, falhei quando eu não fiquei presente no momento que você mais precisava de mim, do meu apoio e do meu colo. Eu não fiquei do seu lado filha... e só Deus sabe o quanto eu me arrependendo por isso... eu não fui o pai perfeito e eu quero que você me perdoe por isso.

- Pai...

- De verdade! Eu prometo nunca mais sair do seu lado, nem muito menos do lado das minhas netas que eu tenho certeza que serão os amores da minha vida, assim como você e sua irmã são os amores da minha vida. - parecia que ele tava chorando e ele estava mesmo. - Ela não ta aqui pra ser a tia mais babona do mundo, eu tenho certeza que só ela te acalmaria agora, mas eu to aqui filha... - ele parou de falar porque tava chorando muito - papai ta aqui meu amor, papai ta aqui.

Eu não conseguia nem responder, meu pai era o homem que eu mais amava no mundo, eu sempre me espelhei nele e quis deixar ele o mais orgulhoso possível, eu era muito igual a ele em tudo, enquanto a Rafa era igual a mamãe e ver ele ali, tão frágil e sincero, claro que eu perdoaria ele por tudo.

- Te amo, pai. - foi a única coisa que eu consegui dizer e logo em seguida o Felipe entrou na sala com a médica. Meu pai teve que sair e ficou só eu, ele e a médica.

- Vai amor. - o Felipe falava baixo, segurando na minha mão enquanto botava a cabeça perto do meu ouvido pra me mandar forças. Eu não sabia de onde eu tiraria forças, porque de verdade, tava doendo muito e eu já tinha feito o meu máximo. Não fazia mais ideia de quantas horas eu tava naquela sala esperando pra ter minhas filhas e elas simplesmente não saiam, eu já tava muito desesperada.

- Vamos mamãe. - a medica falava...

- Sonho com a gente, te adoro por inteiro sem te conhecer. Já planejei todo o seu quarto, já sei de cor toda canção que eu vou cantar pra você. Eu já contei pra todo mundo, dentro de mim tem outro alguém. Quero poder te tocar, te abraçar e te ver... - O Felipe começou a cantar baixinho no meu ouvido a música que eu sempre cantava pras meninas quando tava 'conversando' com elas. A Rafa que tinha me mandado essa música, no começo da minha gravidez e ela dizia que era minha cara. Eu nunca parei de ouvir ela. O Felipe continuou cantando e aquilo tava me dando uma força sem igual. Até que eu ouvi o primeiro choro, o Felipe parou de cantar automaticamente e eu ficou em pé, em seguida mais um chorinho fino e eu vi meu menino ali em pé, com as mãos pra trás da cabeça, chorando feito um bebê com aquela carinha dele de que não tava acreditando em nada daquilo que tava acontecendo. Eu não conseguia parar de chorar também. Ele se abaixou e me deu um selinho.

- Você é a mulher mais foda desse mundo, eu te amo!

A enfermeira limpou elas e trouxe as duas enroladas pra mim, eu não conseguia parar de chorar um segundo se quer, sério. A médica disse pra eu da um pouco de peito pra elas e assim eu fiz, cada um chupava um peito e eu nunca vou saber explicar essa sensação que é ter suas filhas ali, tão pequeninhas mas com um significado que nada no mundo se compara. É meu sangue, nas minhas mãos. Foi a melhor sensação do mundo. O Felipe encostou a cabeça na minha testa e ele tava vidrado olhando pra elas.

- Liz e Luna, mamãe ama vocês meus amores. - cheirei a testa das duas.

- Elas são as coisas mais lindas desse mundo, amor. As mais lindas. - Felipe também cheirou a testinha das duas.

FELIPE.
Fiquei ali atrás daquele vidro, reparando em cada coisa que eles estavam fazendo com minhas filhas, não queria ter deixado a Renata sozinha na sala, mas eu precisava acompanhar elas. Era engraçado, mesmo elas sendo iguaiszinhas eu sabia exatamente quem era quem, pai é pai, né? Não tem jeito. E também, porque a Luna tinha um sinalzinho que nem o da Renata na ponta do queixo, minhas filhas eram lindas nos mínimos detalhes e só parei de reparar nelas quando eu tive que trocar a roupa pra acompanhar elas até o berçário. Quando cheguei lá e peguei novamente minhas filhas no colo levando até aquele vidro que dividia elas dos meus familiares, me emocionei de novo. Tava todo mundo ali e geral tava feliz pra caralho, meus sogros e meus pais tavam chorando e acenando pra elas como se elas fossem ver, mané. Meu irmão tava com o celular provavelmente filmando ou tirando alguma foto, mas eu sentia daqui o quanto meu irmão tava feliz por mim e por tudo. Meus amigos também tavam ali, não todos estavam presente fisicamente mas de coração eles estavam. E tinha ela, que era especial pra todos nós e que com certeza tava cuidando da gente naquele dia. A enfermeira falou que eu tinha que colocar elas no berçário pra pra ela poder levar elas pra Renata da de mamar e todas essas coisas, eu assenti e coloquei as meninas lá, dei um cheirinho na testa das duas e sai da sala, sendo recebido pelo abraço de todos.

- Não vai se livrar do banho de mijo, ein, viado. - O Bernardo disse me abraçando.

- Nem me fala dessa porra.

- Kaio ta separando coisa podre faz vários dias, ele disse que tu vai pagar ele por causa do dele. - André disse.

- Mano que sacanagem, namoral. Bernardo, tu e o Diogo são foda, vocês quem juntaram mais no dele e eu quem vou pagar o pato?

- Tu merece, tu teve duas. - Valentina falou se metendo e aproveitou e me puxou pra um abraço.

Depois que fiquei lá falando com eles, a Mariah e o Mateus chegaram, me deram um abraço e depois eu me despedi de todos. Só ficaram meus pais e os pais da Rê. Antes de ir visitar ela já no quarto, eu fui atrás daqueles caras que faz o registro dos bebês já no hospital mesmo. Fui com ele até o quarto dela e lá registramos nossas filhas:

Liz Zioto Faria e Luna Zioto Faria.

Vai namorar comigo sim! IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora