▪Capítulo 08 - Mau Pressentimento

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Faltava apenas dois dias para o meu aniversário

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Faltava apenas dois dias para o meu aniversário. Não esperava muito por ele, já que depois daquela idade minha vida ficaria ainda pior. John estava estranho no dia passado, conhecia ele, sabia que algo errado estava acontecendo... Ou que ia acontecer... Uma coisa ruim, especificamente... Uma coisa ruim com a minha mãe.

Eu sempre estive preparada para o pior, por mais que eu tentasse, era muito difícil saber que nunca mais iria ver a mulher que sempre me alertou e deu conselhos. Estava pegando lenha com a minha mãe, as noites estavam ficando cada vez mais geladas e precisávamos de fogo para não nos congelar, não tínhamos aquecedor como os homens, tínhamos que nos virar sempre se não quiséssemos morrer de fome ou de frio.

Enquanto apanhava a lenha do chão, olhei para o lado, vendo a minha mãe, pegando todas a lenha que conseguia. Fiquei a observando, quando, até então, ela começou a tossir... Me assustei um pouco, a mesma colocava a mão na boca, como se a intenção dela fosse não passar a doença para mim.

- Mamãe? Você está bem? - falei me aproximando um pouco, colocando a mão em suas costas, mostrando preocupação.

Ela olhou em meus olhos, seus olhos brilhavam lacrimejando... Me olhava como se quisesse falar algo.

- Há muitas coisas que você precisa saber...- Antes de terminar a frase, ela começou a tossir novamente.

- Que coisas? - Perguntei confusa e, ao mesmo tempo, curiosa.

- Coisas que a vida vai te mostrar... Não eu... - ela falou calmamente, aquilo aumentou a minha curiosidade.

- Sabemos que vou morrer, você a única pessoa que pode salvar o mundo. - senti medo ao ouvir aquelas palavras.

- Como posso salvar o mundo? Sou apenas uma simples garota exilada, como todas as outras - falei, dando um suspiro. Minha mãe olhou em meus olhos e deu um pequeno sorriso, era a primeira vez que eu tinha visto ela sorrir.

- Só porque você é uma simples garota não significa que não pode nada. - ela passou a mão em meu cabelo lentamente.

- Você precisa salvar o mundo... principalmente os homens. - as palavras saíram trêmulas de sua boca.

- Por que eu iria querer salvar os homens? Você sempre disse que eles eram monstros - Falo ainda olhando em seus olhos por um instante, mas ela abaixa a cabeça e respira fundo.

- Eles não são monstros... mas sim o que tem dentro deles. - Aquelas palavras eram realmente confusas. Eu queria saber o porquê, e queria saber interpretar aquilo.

- São coisas que você saberá depois, você irá saber tudo... O porquê de nos tornarmos exiladas. - Meu desejo sempre foi saber o porquê de sermos exiladas. Simplesmente se revoltaram e odiaram todas as mulheres do mundo? Não... tudo tem uma explicação. Mas eu deveria dar um tempo.

Minha mãe pegou a lenha e levo-as até o gueto, fazendo uma pequena fogueira para se aquecer. Eu ficava observando-a de longe, meu coração ficava apertado, ela estava realmente... Muito doente, e não tinha como amenizar, já que não tínhamos médicos.

Seus lábios estavam ressecados e seu cabelo estava caindo, sua pele estava flácida e com olheiras envolta dos olhos. De real... Eu sabia que minha mãe ia morrer, tinha certeza disso... Não queria aceitar e nem acreditar.


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Faltava apenas dois dias para o pior acontecer. Eu não estava com medo de matar pessoas, estava com medo do que isso poderia causar, se isso acabaria a minha amizade com a Alexa... Ela era a única pessoa em que eu podia confiar.

Não me preocupava muito com as outras mulheres, apenas com a Alexa. Eu sentia medo, preocupação e ansiedade.

Eu não podia fazer nada em relação a isso, meu coração estava tomado de tristeza... Na verdade, eu não sabia bem o que era, mas eu não queria perder a Alexa.

Eu teria que ser discreto e fazer isso sem que a Alexa soubesse, eu seria muito desonesto, mas era a única saída. Eu não me importo muito com as outras pessoas, eu não sinto absolutamente nada por alguém, mas quando se tratava da Alexa... Era diferente... Eu me preocupava com o que ela sentia, me importava, realmente.

As coisas ficavam mais difíceis para mim e para Alexa, seus dezesseis anos estão chegando e isso me deixa muito aflito. Ela estava perto de conhecer seu pior pesadelo, porém... Eu não conseguia imaginar alguém tocando em um fio de cabelo da Alexa. De qualquer maneira, imaginando ou não, eu não poderia fazer nada enquanto a isso, seria bem pior se eu interferisse... A pior coisa que vivi todos esses anos, foi ter que dizer a Alexa que eu iria protege-la a todo custo, mas sou apenas um garoto em meio a bilhões de homens tomados pelo ódio, a missão seria praticamente impossível.

...

Eu ficava pensando por horas, sentado na janela do segundo andar da minha casa. Olho para o horizonte sombrio e estranho, parecia que a cada dia que passava à terra perdia a cor, o brilho... A vida. Naquele momento pensei em me jogar dali, esquecer todos os meus problemas... Evitaria as hipóteses de magoar Alexa, evitaria as chances de tomar a vacina e perder todos os meus sentimentos por ela.

A cada dia que passava, o mundo ficava diferente... regras mais rígidas e não poderiam ser quebradas. Em alguns anos não existiriam mais mulheres, seria apenas uma coisa histórica, seres extintos que foram exilados, escravizados e mortos. Eu sabia que não poderia tomar aquela decisão de me jogar... Eu estava triste, mas para Alexa, eu era a única pessoa ao seu lado, ela era a única que me dava esperança. Não podia desistir tão fácil assim.

EXILADA | A Esperança Nunca Morre (Volume I)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora