20 de Dezembro - E você? Me conhecê?

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"Simplesmente, a pior noite da minha vida". Foi tudo que Day conseguiu pensar quando sua tia lhe perguntou sorridente pela manhã, como havia sido sua primeira noite de sono no sítio. Havia uma lista infinita de coisas que transformaram aquela noite em um completo pesadelo e a única coisa que não fez, foi conseguir dormir bem.

Primeiro, ela começaria pelo calor infernal que fazia naquela cidade mesmo de noite... Como não havia visto nenhum vestilador e não queria incomodar a sua tia perguntando por um, teve a brilhante idéia de abrir a janela. Terrível engano. Ela foi literalmente comida viva por pernilongos e muriçocas e quando finalmente decidiu fechar as janelas, já muito arrenpendida por ter aberto; havia com toda a certeza uma colonia de insetos dentro do quarto.

E o silêncio, então? Day, foi criada a vida inteira em uma cidade que nunca dormia. Aquele barulho todo, a poluição sonora já fazia parte do seu DNA e nunca havia a incomodado ou lhe tirado o sono antes. Muito diferente do sítio. Os sons dos grilos, junto a animais que ela não conseguia identificar a deixou com um pouco de medo... Ali não havia barulhos de carros, buzinas e nem pessoas gritando ou conversando alto demais. Sem música alta de vizinhos ou TVs ligadas. Só o perturbador e puro som da natureza. Uma calmaria assustadora. Tudo estava quieto demais para ela.. E Para se juntar a lista, ela nem queria pensar no quanto a antiga cama do quarto em que estava hospedada, não era nada confortável, dentre tantas outras coisas.

Apesar de tudo isso, ela tentou sorrir e ser o mais grata possível. Era nítido que sua tia estava feliz por recebe-la e como prova disso, lhe preparou um café da manhã delicioso, digno de novela.

- Bem, tia. Obrigada. - respondeu meio sem jeito. - Mas, eu abri a janela por estar muito quente e acabou que entrou mais bicho que vento. - Tia Lourdes explodiu na gargalhada. Day, não sabia se ria forçadamente também ou se ficava ligeiramente ofendida. A noite tinha sido no mínimo, horrível.

- Oh, meu anjo! Me perdoe. - Disse a tia Lourdes lhe olhando com ternura. - É que os mosquitos já estão tão acostumado comigo e com o seu tio Sérgio, que nem do nosso sangue eles gostam mais. Enjoaram, sabe? Tu deve ter sangue doce igual sua mãe. Ela desde menina sempre sofreu com as picadas. Mas, não se preocupe! Vou pedir pro seu tio colocar uma tela de mosquiteiro na janela; pra você pôde abrir sem ser atacada pelos mosquitos.

- Obrigada, tia… - Day pegou uma generosa fatia de bolo e colocou em seu prato. O humor dela estava péssimo, mas sua fome intacta.

- De nada, querida! - disse a senhora enquanto lhe observava com um sorriso no rosto de satisfação ao ver o apetite de sua sobrinha-neta.

- Tia? Eu percebi ontem quando cheguei, que tem sinal de wifi, mas não funciona. Tem algo errado com a internet?

- Ah! Minha querida, eu esqueci de te falar… Semana passada teve um temporal. Veio assim, do nada! Relampiou muito e eu nem lembrei desligar aquela caixinha preta. Acabou que queimou e eu só fui saber disso porque o Raul, o mocinho que trabalha aqui; disse que não funcionava. Ele é quem usa de vez enquanto, sabe? Eu até tenho esse celular moderno de vocês jovens, mas quase nem uso. Quando eu vou atender acabo desligando. É muito confuso pra mim. Prefiro o bom e velho telefone… - Day olhou para tia Lourdes e sorriu. Ela havia percebido que sua tia amava falar e por incrível que parecesse ela gostou mais do que imaginou do jeito simples da tia. Lhe fazia se sentir um pouco mais confortável naquele ambiente meio estranho.

- Tia… Se a senhora quiser eu posso tentar ligar lá na assistência técnica pra senhora e….

- Nada disso, menina! - a mais velha interrompeu Day. - Deixa isso pra depois. Já viu como o dia tá lindo lá fora? Vai dar umas voltas, conhecer o sítio e seus arredores... Quando você chegou já estava escuro e nem viu nada das paisagens daqui e além disso, vocês jovens de hoje só sabem ficar colados neste aparelho… - Day, não queria sair andando pelo sítio como a tia aconselhou. Ela queria mexer em suas redes sociais e falar com os amigos, entrar em contato com o mundo que ela conhecia. Mas, parecia que não seria simples assim. Até mesmo o sinal do celular era inexistente naquele lugar.

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