– Tudo bem, eu queria mesmo morar num lugar mais calmo, e se me permite dizer, o salário foi um grande atrativo. – ele sorriu levemente, e só com essas palavras e sua expressão amistosa já ganhou um pouco mais da confiança do carrancudo e agressivo homem de negócios Anthony Mayer.

– Fico satisfeito em saber, afinal o senhor tem consciência de que terá de dormir no emprego não é?

– Sim, sim, isso me foi informado pela agência.

– E creio que não vê problema nenhum nisso.

– Não senhor, de forma alguma.

– Ótimo, siga-me por favor. – Anthony levantou da cadeira e sem esperar seguiu para os fundos da mansão, Ben tentando segui-lo de perto, pois o homem imponente não tinha o costume de andar tranquilamente, seus passos apesar de elegantes, eram sempre apressados, mesmo que não tivesse compromisso algum.

Os dois saíram num belíssimo e gigantesco jardim, tão bonito e impressionante quanto o que havia na frente da casa, além de uma luxuosa piscina.

– Aquele chalé será sua casa daqui para frente. – apontou uma simpática e aparentemente confortável casa mais afastada. – Depois peça as chaves ao Geoffrey, o funcionário que abriu a porta para você.

– Sim senhor. – Ben assentiu. Anthony estava gostando bastante do comportamento da enfermeiro.

– Eu mesmo, por motivos que você saberá em breve, lhe apresentarei a pessoa que você terá de cuidar.

– Certo.

O Mayer seguiu mais um pouco e andou por um caminho de pedras para revelar por trás de algumas árvores frondosas uma casa muito bonita, num estilo bem mais moderno que a mansão principal, parecia ser uma construção recente. Os dois entraram no ambiente extremamente silencioso e limpo. A casa era arejada e bem espaçosa, a decoração moderna contrastava com o homem mais velho que seguia pelo largo corredor.

– Entre. – Mayer falou ao abrir a porta, quando viu o enfermeiro um tanto receoso diante do que parecia ser um quarto. O rapaz o fez e avistou uma cadeira de rodas adaptada diante da enorme varanda. – Esta é a pessoa de quem terá de tomar conta. – o mais velho foi até a cadeira a virando de frente para Ben, revelando um rapaz de pele pálida, cabelos negros e grandes e perdidos olhos escuros. – Meu filho, Peter.

– Olá Peter. – Ben falou com sua costumeira ternura, era algo muito peculiar dele, o rapaz na cadeira não esboçou reação alguma, seus olhos negros continuavam perdidos, mas ele reconheceu o ruivo imediatamente. O enfermeiro franziu o cenho, conhecia aquele rapaz de algum lugar.

– Como pode ver, e creio que tenham lhe informado na agência, meu filho é tetraplégico, e devido a algumas complicações na época em que esteve no hospital lutando para ficar vivo, ele também perdeu a capacidade de falar.

– Entendo. – Ben aos poucos se compadecia da situação daquele homem que parecia tão jovem.

– Você está com pena dele não é? – Anthony já imaginava que isso poderia acontecer, era assim com todos que tinham contato com Peter depois do que ocorreu, mas que não conheciam realmente a história e o motivo dele estar naquela situação.

– Bem... É realmente algo triste alguém tão jovem estar assim, mas...

– Não tenha pena dele Benjamin, ele não precisa disso, muito menos merece. – Ben arregalou os olhos ligeiramente. – Sei que estas palavras podem chocar, mas deixe-me contar o motivo do meu filho estar assim.

– Pois não senhor. – Ben assentiu.

– Peter é um psicopata Benjamin, você sabe o que isso significa?

The Tiny DancerWhere stories live. Discover now