Lost In Canada

7 • Frente a frente

No fim de semana, quando Shawn voltou de viagem, marcamos de nos encontrar em um café. Pelo que eu havia pesquisado, o lugar era afastado do centro da cidade e menos movimentdo, o que reforçava minha teoria de que Shawn não queria ser reconhecido por ninguém.

— Você está dizendo que quer ir comigo? — perguntei para Daisy enquanto me arrumava em meu quarto.

— É, só pra conferir se é mesmo o Shawn Mendes. — eu a encarei.

— Conferir? Mas nós já temos certeza de que é ele.

— Por favor, eu prometo que vou ficar em uma mesa longe de vocês. E eu posso te ajudar por mensagens, sei lá. — revirei os olhos e Daisy se aproximou arrumando alguns fios do meu cabelo preso. — Você deveria se arrumar mais, soltar esse cabelo...

— Eu não vou me arrumar mais. E tudo bem, você pode ir comigo, contanto que se comporte.

— Isso! — ela me abraçou enquanto dava gritinhos de alegria.

— Para! — me desvencilhei dela e voltei a olhar para o espelho.

— Qual seu plano?

— Fazer ele confessar.

— Não acho que ele vá confessar.

— Isso nós veremos mais tarde.

— Não seja tão dura com ele. Você não sabe os motivos que o fizeram mentir.

— Não prometo. — dei uma última olhada no espelho e me virei novamente para Daisy? — Podemos ir?

— Com certeza. — ela respondeu.

Saímos do nosso apartamento e pegamos um táxi para o lugar onde eu me encontraria com Shawn. Aliás, eu precisava me segurar para não chamá-lo de Shawn.

— Eu quase me esqueci, Ana Beatriz. — Daisy disse e eu a olhei. — Você disse que queria procurar um emprego, já encontrou algum?

— Ainda não, mas eu nem procurei direito.

— Tenho uma amiga que também é intercambista aqui e está voltando para Los Angeles, ela trabalha em uma loja de roupas no shopping e disse que vão contratar uma substituta. Você não se interessa?

— É claro! — sorri.

— Tudo bem, vou te passar o contato dela. — concordei.

Mais alguns minutos e chegamos ao café. O lugar era aconchegante, pequeno e não havia ninguém ali além dos funcionários. Daisy ficou a duas mesas de distância de onde eu estava e eu me sentei de forma que ficasse de frente para ela e de costas para a porta.

•

Nova mensagem de Daisy:

Daisy: não vá surtar e nem atacar o garoto.

Ana Beatriz: eu estou com ódio, mas não ao ponto de atacá-lo. Fica tranquila. Tem alguma ideia de pergunta que eu possa fazer que o coloque contra a parede?

Daisy: não pensei em nada ainda, mas qualquer ideia eu envio.

Ana Beatriz: certo. Ele tá atrasado! Você acha que ele vai aparecer?

Daisy: É claro que vai. Daqui 10 segundos ele vai entrar por aquela porta e se sentar de frente pra você.

Ana Beatriz: Virou vidente agora?

Daisy: Que nada, só estou vendo pela janela ele andando em direção ao café.

Ana Beatriz: Vou guardar o celular.