Minha avó enlouqueceu?

306 48 2
                                    

Yifan amava sua avó, ela era de certa forma excêntrica e um pouco maluca, vivia no meio da floresta e era adepta do hinduísmo e outras coisas da nova era. Ela acreditava nas vozes da natureza e vivia meditando por aí, mas para ele, aquela velha mulher sábia e doce era tudo o que ainda tinha na vida de precioso e ele a amava, completamente.

  Apesar de todas as suas loucuras. Que não eram poucas.

  No último natal ele foi até ela para passarem a noite especial juntos, ele só queria ter uma ceia de natal e dormir na antiga cabana de pedra que ela morava, mas não, aquele não era o jeito da senhora Wu fazer as coisas e ele acabou no meio da floresta, a meia noite procurando estrelas cadentes em um céu nublado. Coisas da sua avó.

  Ele se considerava um homem racional. Era um cientista botânico, um dos melhores do país e tinha outro gênio como companheiro de laboratório, se sentia satisfeito com sua vida profissional e adaptado a pouca vida social que ainda restava.

  Quando sentia vontade de satisfazer seu corpo procurava suas habituais amantes e ocasionalmente homens quando sentia vontade de variar um pouco, ele era declaradamente bissexual e lidava bem com isso, mas em seu íntimo sabia que estava começando a ficar irritado de ter pessoas diferentes a cada semana em sua cama, isso estava o deixando meio louco, mais pela perturbação ao se dar conta da raiva do que da raiva em si. 

  O fato de Lay ter encontrado um amante fixo, e agora aquele homem ser praticamente seu marido, só vinha a aumentar a sua irritação, por que o baixinho podia ser feliz na cama e ele não? O que Lay tinha de diferente dele? Além de ser um avoado distraído e sortudo?

  Suspirou longamente e seguiu o resto do caminho. Precisava chegar na cabana da avó antes do anoitecer e tinha ainda mais da metade da trilha para finalizar, porque sua amada avó morava em uma clareira inalcançável de carro, era metade do caminho de carro, metade a pé. Um suplício, se ele não fosse atlético.

  Todas as vezes que vinha ali, agradecia a sua persistência por ter sido um jogador de basquete na infância e adolescência, do contrário seria uma tortura aquela peregrinação periódica. Tentava convencer sua avó a se mudar para a cidade, mas falar sobre aquilo com ela era como o dia do juízo final e ele estava cansado de argumentar e levar aqueles olhares assassinos. Era aceitar e se resignar.

  Olhou para o céu fazendo cálculos de quanto faltava para escurecer, era sexta à tarde, ia ficar com ela até segunda, tinha bons planos para o fim de semana que incluíam muito chá e carinho da velha, um bom plano certamente. Um ótimo plano...

— Ei!

  Um grito o desconcentrou e ele procurou a voz masculina estranha.

  Um garoto baixinho, lindo e vestido com roupas estranhas surgiu na trilha a frente e lhe sorriu docilmente.

  Ele era totalmente loiro, de olhos amendoados arregalados e parecia mais algum espírito da floresta que tanto a sua avó falava, do que uma pessoa de verdade. Kris se viu um pouco chocado. O que diabos estava pensando? Tinha tomado muito sol?

— Ei, você é neto da senhora da cabana ao norte?

— Sim... Por que?

  Perguntou desconfiado, percebeu que o garoto estava descalço, tinha folhas nos pés... E orelhas pontudas? Não podia ser... Esfregou os olhos enquanto o garoto sorria animado.

— Puxa, então encontrei a pessoa certa! Eu sou Baek, jardineiro da sua vó na primavera e ela me pediu para vi encontrá-lo porque precisou ir correndo para casa de um amigo e não vai poder recebê-lo hoje... Mas ela disse que deixou tudo pronto para você – Ele piscou rindo – E também deixou instruções, você  não deve demorar! Bom passeio!

Grite meu nomeOnde histórias criam vida. Descubra agora