Capítulo Três: Estupidamente Linda

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LEO DIGITAVA SEM parar no celular e por isso não prestou atenção quando os colegas decidiram que iriam fazer uma festa de halloween. Na casa dele.
- Tudo bem pra você Leo? – Liam perguntou terminando sua Fanta uva.
Leo levantou os olhos da tela do celular pro amigo e fez uma expressão de interrogação.
- Festa de Halloween na sua casa daqui duas semanas.
- Quê? Na minha casa? – rapidamente ele largou o aparelho e fitou os amigos envolta da mesa do refeitório. Suas batatas fritas estavam intactas.
- Pensei que estivesse tudo bem pra você, tamo falando disso há horas – Will disse devorando seu terceiro sanduíche de peito de frango.
- Eu não estava prestando atenção – Bagunçou os cabelos cacheados e assentiu – tudo bem, pode ser em casa. Meu pai tá em uma conferência de História das múmias ou algo do tipo na África, não tem data pra voltar.
Liam riu lembrando-se que o pai de Leonardo era arqueólogo e sua casa mais parecia um museu que uma casa normal. Coisas estranhas para todo lado e tinha até a replica perfeita de uma múmia super importante que o garoto não ia nunca lembrar do nome agora.
- Então fechou. Dia 31, festa na casa do Leo – Harry levantou seu suco de laranja e propôs um brinde que todos aceitaram.
O garoto brindou com seu suco de limão, mas sua expressão não demonstrava estar tão feliz quantos os outros.
Ao final da aula Leo seguiu até o estacionamento onde sua moto preta lhe aguardava, montou colocando o capacete e seguiu para casa. Ela ficava afastada do centro da pequena cidade, próximo a plantação de girassois, o cartão postal de São Valentino.
A casa de dois andares, toda de madeira cor de caramelo ficava na volta da rua principal, onde todos que desejavam chegar ou sair da cidade eram obrigados a passar. Por isso o fluxo de carros nos fins de semana era intenso. O garoto parou a moto na garagem e entrou pela porta do pequeno cômodo que dava direto a cozinha.
Sua casa parecia um enorme museu. Artefatos antigos de todas as localidades do mundo estavam dispostos pela casa de aparência rústica e toda amadeirada. Seu pai estava participando de uma expedição na África fazia um mês e não tinha previsão alguma de voltar. O garoto jogo as chaves da casa e da moto sobre a mesa de madeira da cozinha e seguiu até a geladeira encontrando o almoço pronto, deixado por Arlina, a senhora que cuidava dele e de seu pai há mais de dez anos, até bem antes de sua mãe morrer.
Colocou no micro-ondas e esperou fitando a enorme piscina do lado de fora. A ideia de fazerem uma festa ali não lhe agradava em nada, uma porque queria ficar sozinho, estava num momento não muito bom, e outra era ter que se preocupar que ninguém mexesse em nada de seu pai e para isso teria que guardar todas as peças no escritório pessoal dele, onde já existia um monte de quinquilharia. O apito do micro-ondas avisando que seu almoço estava quente lhe tirou de seu torpor.
Antes de começar a comer ele pegou o celular e abriu a última conversa.
“Acabamos por aqui. Obrigado por tudo, fica bem” Essa era a última mensagem que tinha recebido, ensaiou várias respostas, mas até o momento nenhuma lhe parecia boa. Bloqueou o celular e começou a comer. Até o fim do dia ele deveria ter algo para falar ou iria simplesmente deletar o contato, talvez isso seria o melhor a se fazer.
Pegou o celular novamente e abriu a galeria de fotos, rolou a tela até chegar a última sessão de fotos. Clicou em uma e sorriu de lado quando a foto preencheu toda a tela. Eram duas pessoas, ele e um garoto de cabelos ruivos, óculos de graus e grandes olhos verdes, ambos sorriam e se abraçavam de lado enquanto Leo tirava a selfie. A felicidade era palpável, Leonardo podia senti-lá saindo da foto e se infiltrando nele. O único dia que tinha estado juntos e agora isso: o fim.
Suspirou apertando no botão delete, doía, mas era a única coisa que restava fazer. Foi até a agenda e deletou o contato do garoto também. Essa era sua resposta.

- OK, BOA VIAGEM então. Te espero na sexta, beijos. Te amo também – Laura encerrou a chamada com o irmão.
Ele acabará de ligar do Canadá, onde estava fazendo um intercâmbio há três meses que faltava menos de cinco dias para terminar. Parecia estar bem animado para morar na república com a irmã, não ter que precisar voltar para a cidade era um alívio para ele. Laura podia sentir isso mesmo estando a quilômetros de distância.
Ouviu a porta ao lado bater e levantou da cama sabendo que Elisa estava saindo de seu quarto.
- Oi – disse olhando para a morena que seguia para a cozinha, ao ouvir a outra parou e virou – se.
- Ah, oi. Tudo bem? – respondeu com uma expressão neutra.
Laura aproximou-se e sentiu o leve incômodo que Elisa deixava transparecer. Aquilo a intrigou da mesma forma que lhe chamou atenção.
- Tudo sim, meu irmão deve chegar na sexta, acabei de falar com ele.
- Ótimo. Estava indo a cozinha comer algo... – apontou pro cômodo ainda de costas sem saber o que falar.
- O que você e o Harry tem?
Elisa levou um susto com o tão direta a outra foi com a pergunta e por um momento não soube o que responder.
- Por que quer saber?
Laura sorriu satisfeita por ter atingindo o ponto fraco de Elisa. E esse ponto tinha nome e sobrenome: Harry Styles.
- Apenas curiosidade – disse levantando as mãos com ar de inocência – se não quiser responder tudo bem, um direito seu.
- Não, não, tudo bem, não tenho o porquê não responder. Somos apenas amigos, nada mais além disso – colocou a mãos nos bolsos traseiros do short e fitou uma mancha qualquer na parede atrás de Laura. Tudo para não fitar os olhos escuros que lhe fitavam de forma intensa.
- Entendi. Pelo visto tive uma impressão errada sobre vocês – disse dando de ombros.
Um instante depois Harry surgiu atrás de Elisa e falou fazendo a garota sobressaltar ao ouvir sua voz:
- Bom saber que não temos nada. 
Laura deixou seus olhos passarem dos castanhos surpresos de Elisa e chegarem aos esverdeados inexpressivos de Harry.
Aquilo realmente estava começando a ficar bem divertido. Aproveitou que nenhum deles estava reparando nela e saiu deixando o clima tenso para trás.

HARRY FITAVA ELISA de forma intensa, deixando transparecer o quanto lhe feriu o que ela havia dito. Já ela estava sem palavras, foi pega totalmente desprevenida. Nunca imaginou que ele fosse ouvir aquilo. Nunca quis que ele ouvisse.
- Então? Não vai dizer nada? – ele disse chegando mais perto.
- Eu... Eu... Você entendeu tudo errado – suspirou recuperando a fala.
- Então por que disse aquilo? Me explica, quero entender.
- Só queria me livrar dela, ela tá muito curiosa pro meu gosto. Mal chegou e já tá toda esparramada – bufou cruzando os braços.
Então Harry riu fazendo seus olhos brilharem com lágrimas.
- Eu sabia. Você tá com ciúmes dela. Meu Deu, Elisa – ele se aproximou mais dela e a abraçou mesmo ela fazendo – pouco – esforço para se soltar de seus braços longos.
- Eu não estou com ciúmes. Me solta.
- Você fica mais linda assim, estupidamente linda – e sem esperar mais nada a beijou ali mesmo no meio do corredor, a vistas de qualquer um que chegasse.
Elisa então deixou que a beijasse sem impor dificuldade, o que poderia fazer se não conseguia ficar longe de um certo garoto de olhos verdes e sorriso frouxo?

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⏰ Last updated: Nov 03, 2018 ⏰

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