Parte V

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Quando acordei, era noite

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Quando acordei, era noite. Estava morrendo de frio por ainda estar na areia molhada, e corria um sério risco de ficar doente. Estava com sede e fome, mas nada poderia fazer se não me levantasse dali.

Assim que me levantei a dor ressurgiu, e me senti perder mais sangue. Apesar disso, sabia que precisava sair dali, então travei o maxilar e aguentei firme. Manquei cerca de cinco passos antes de cair de joelhos e gritar de dor. Não podia me deixar vencer, e com uma força de vontade que eu não sabia de onde vinha, me levantei novamente.

Decidi andar pela extensão do mar em busca de outros sobreviventes ou destroços que pudessem me ajudar. Iluminada somente pela lua, a praia pareceria quente e atrativa se não fosse o contexto. Outros pedaços, de metal e de carne humana, se encontravam ao longo da praia. Infelizmente, nada mais inteiro que uma mão com todos os dedos.

A esse ponto, meus pais provavelmente já sabiam do atentado. Provavelmente já estavam procurando por mim, e eu só tinha que me preocupar em me manter viva por tempo o suficiente até que me encontrassem.

Manquei por o que pareceu uma eternidade, apenas para olhar para trás e perceber que não fui muito longe de onde estava antes deitada. Isso iria levar uma eternidade e eu não estava em condições de aguentar por horas a fio. Desisti de seguir sentido beira-mar e me direcionei para trás, onde a areia estava seca e a água gelada não conseguiria me alcançar.

Andei extremamente devagar por mais algum tempo, até ter ido longe o suficiente para estar perto do começo da floresta que se seguia. Era uma mata fechada, típica de clima tropical, com árvores grandes de folhagem tão verde que mesmo sendo noite qualquer um conseguiria identificar.

- Deve ser em algum lugar perto da linha do Equador. - murmurei, sozinha.

Deitei-me na areia, incomodada pela grama que roçava minhas pernas e pelas raizes da árvore na qual encostei minha cabeça. Nada disso importou muito, no entanto, quando o latejar dos ferimentos diminuiu um pouco ao esticar as pernas para a frente. Suspirei alto, frustrada. Havia resolvido o problema do frio, mas continuava com sede e fome. Não era o melhor horário, no entanto, para entrar em um lugar que eu não conhecia, em busca do que quer que fosse.

Não demorou muito e vi o sol nascer ao longe. Meus olhos ficavam cada vez mais pesados, e o tempo que dormi hoje mais cedo parecia nem ter existido de tão cansada que estava. Fechei os olhos e respirei fundo, me deixando dormir mais uma vez.

•••

Fui acordada por pedras. Sim, pedras. Pequenas pedras caíam incessantemente no meu rosto, me obrigando a abrir os olhos.

- Mas que merda... - Praguejei, me sentando. Olhei em volta, apenas para perceber que ainda estava sozinha. - Hey... tem alguém aí?

Parecia uma pergunta mais sensata na minha cabeça, mas agora só me parece idiota. Era a mesma pergunta que meninas inocentes faziam nos filmes, e era sempre uma pergunta imbecil. Ninguém responderia. Não tinha ninguém ali.

Um som estranho atraiu minha atenção para a copa da árvore. Ali, em meio às folhagens, uma pequena criatura saltitava. Conforme meus olhos foram se ajustando à claridade, consegui enxerga-lo melhor. Macaco... era um pequeno macaco rindo da minha cara. Mas o que me chamou mais a atenção não era o macaco em si, mas sim o que ele tinha nas mãos.

Um dos pacotes de pretzels que estavam dentro da minha mochila.

Parece loucura, mas juro que por um segundo ele pareceu me encarar, e eu o encarei de volta. Foram segundos antes do macaco saltitar pelas árvores e eu o seguir, com a esperança de ele me levar até minha mochila ou pelo menos a alguma comida.

A adrenalina corria por minha veias, me deixando andar mais rápido do que minha dor normalmente permitiria. Naquele momento, esqueci os ferimentos, esqueci tudo. Precisava saber onde aquele pequeno primata tinha conseguido algo do avião.

Foi um caminho difícil, principalmente por ter perdido um de meus tênis no percurso até minha quase morte. Experiência no mínimo interessante, perseguir um macaco num lugar cheio de pedras, farpas e insetos desconhecidos com apenas um dos sapatos e feridas quase fatais nas duas pernas. Seria cômico se não fosse trágico.

Minhas pernas doíam e eu já estava me cansando, quando o mamífero pulou para o chão de uma larga clareira.

- Ai, finalmente. - Disse, arfando pelo exercício. Conforme fui avançando em direção à clareira, no entanto, meus olhos viram algo que fez o macaco com os pretzels perder minha atenção. - Mas que...

Algo estava errado. Eu deveria estar delirando, aquilo não estava certo.

O barulho do vai e vem dos balanços de ferro ao vento era perturbador, enquanto, por entre as árvores, a silhueta da grande construção se erguia.

O barulho do vai e vem dos balanços de ferro ao vento era perturbador, enquanto, por entre as árvores, a silhueta da grande construção se erguia

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