CAPÍTULO 12

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DOZE

          Nesse tempo, desde que vi o vampiro até a saída de Ivhan pela porta principal do restaurante, aprendi uma coisa: não idealize conclusões às pressas. Isso soa até um pouco sórdido de se falar, mas foi necessário estar algemado em uma cadeira dentro de um prédio à noite com um festival acontecendo duas quadras daqui para entender isso.

          — Pare de sussurrar.

          A dona dessa voz é uma moça bonita de roupas casuais, saia e cabelos curtos sentada à minha frente. Caso não estivesse tentando me matar agora, certamente flertaria com ela, mesmo aparentando ser bem mais velha e um pouco maluca.

          — Tudo bem, tudo bem, é difícil ficar sentado direito com minhas pernas assim, eu sinto que as algemas vão rasgar os meus tornozelos a qualquer momento.

          — Não posso facilitar para você, não com seu histórico.

          Ela diz isso com um sorriso cínico, e se pararmos para pensar que eu estou acorrentado em uma cadeira dentro de um quarto velho, com algemas grossas, parece até o início de um daqueles filmes de sadomasoquismo — e eu não acho isso muito excitante, para início.

          — E isso que recém nos encontramos, é como se soubesse da minha vida.

          — Eu devia amordaçá-lo...

          Okay.

          Isso não era necessário, agora tenho um pano na boca. Antes de mais nada, isto deve ser absurdamente confuso; ora, a última coisa que você soube foi que eu e Koa iríamos nos preparar para o festival, e do nada nos reencontramos nesta situação. Não, acho que nem isso eu contei, então estou realmente muito adiantado do último ponto, não é? Mas não se preocupe, tentarei resumir ao máximo o que houve até aqui.

          Caso não se lembre, estamos em maio, e isso indica um festival em Pérolas, aquele que eu vim falando sobre igual a um papagaio; é viável afirmar que pelo menos dois terços da cidade estariam neste festival no mesmo dia e na mesma hora. Costumes, nada melhor do que a boa e velha tradição — embora esse hábito pareça ter começado há menos de uma década, então não sei se "tradição" é o termo adequado.

          Mesmo assim, não seria nada além de um lugar cheio de gente para comer do nosso restaurante. E, considerando que o festival se inicia no centro da cidade até pouco mais daqui, certamente estamos mais do que nos lugares certos para ganhar dinheiro. Claro, eu realmente desejo ganhar muito dinheiro, e é sem dúvidas o lugar indicado para o mesmo, porém, algo recentemente me fez repensar sobre esse festival. Ivhan.

          Após ele ter ido, fiquei me perguntando sobre o seu caso quase a tarde inteira com Koa, e isso foi de fato cansativo.

* * *

          — Já pensou se ele está querendo vingar a namorada morta pela máfia russa?

          — Koa, não começa... tem muitas opções do que pode ter acontecido, mas acho que essa é a mais sem pé nem cabeça.

          — Por que não? Ele estava cheio do dinheiro, e não parece que trabalhe como executivo para andar com tudo aquilo.

          — Se ele fosse da máfia russa...

          — Não, eu disse que a namorada foi morta pela máfia russa...

          — Então como explica o dinheiro? Ele roubou da máfia russa?

Hábitos Decadentes - Exílio AberranteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora