1 • Despedidas

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Fazer malas era uma das coisa que eu mais gostava quando o assunto era viajar

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Fazer malas era uma das coisa que eu mais gostava quando o assunto era viajar. Para mim havia algo mágico em separar roupas e objetos e depois organizá-los dentro da mala.

Estranho, eu sei, mas era algo que eu gostava de fazer. E melhor do que arrumar malas, era arrumar malas para fazer a viagem dos meus sonhos.

Depois de alguns anos estudando Inglês e planejando essa viagem, eu finalmente consegui um intercâmbio para Toronto, no Canadá. A faculdade pagaria todos os custos com meus estudos e eu só teria que custear um lugar para morar, o que facilitou na hora de convencer meus pais.

Estava quase tudo pronto e eu me sentia mais ansiosa conforme as horas iam passando.

— Ainda estou sem acreditar que a minha filinha está indo viajar sozinha. — ouvi minha mãe dizer em um tom melancólico enquanto dobrava minhas últimas roupas e as colocava na mala.

— Mãe, eu não sou mais uma criança. — falei e me aproximei dela. — Deixa que eu termino de arrumar as minhas coisas.

— Para mim você sempre vai ser um bebê. — ela apertou minha bochecha e eu franzi a testa. Minha mãe deu risada.

— Ana Beatriz, você é tão insensível! — Marina, minha melhor amiga, disse ao entrar no quarto e eu a olhei. — Sua mãe só está emocionada com sua partida e você desprezando o carinho dela.

— Você está atrasada! — exclamei.

— Calma! — minha amiga levantou as mãos em rendição. — Eu sei que prometi que viria para te ajudar mas dormi demais. — ela se sentou na cama ao lado da minha mala.

— Vocês duas só latem mas não mordem. Quero ver quando estiverem distantes! — minha mãe riu. — Eu vou tomar banho e me arrumar. Quando você terminar vamos para o aeroporto.

— Tudo bem. — respondi e minha mãe saiu do quarto.

Continuei guardando minhas coisas na mala enquanto Marina me observava em silêncio. Poucas vezes eu havia visto minha amiga tão calada e quieta.

Fechei a minha última mala e a coloquei no chão junto com as outras, e só então Marina abriu a boca.

— Assim, não querendo ser muito sentimental mas já sendo... — eu a olhei. — Vou sentir sua falta.

— Vocês estão agindo como se eu fosse embora pra sempre. — me sentei ao lado dela.

— Você não tem coração mesmo! — Marina reclamou e eu ri. Dei um abraço apertado em minha amiga e assim ficamos por alguns segundos.

É óbvio que eu iria sentir falta dela, fomos amigas durante todo o ensino médio e nunca nos separamos por tanto tempo!

— E o Lucas? — Marina perguntou quando nos separamos do abraço e eu fiquei de pé.

— O que tem ele?

— Vocês se acertaram?

– Não. — respondi, e com apenas um olhar Marina entendeu que eu não queria falar sobre aquele assunto.

Passado algum tempo, minha mãe apareceu dizendo que já era hora de irmos. Meus pais e minha amiga me ajudaram a levar as malas até o carro, e então partimos para o aeroporto.

Durante o caminho até o lá fiquei pensando em como eu havia chegado até esse ponto da minha vida. Sempre tive o sonho de fazer esse intercâmbio mas as vezes duvidava do meu sonho. Além disso, eu morava em uma cidade pequena de Minas Gerais, as pessoas não acreditavam muito em mim. E olha só, agora eu estava dentro de um carro indo para o aeroporto pegar um voo para Toronto. É surreal a maneira como os sonhos se realizam quando a gente menos espera!

Já no aeroporto, despachei as minhas malas e fui em direção ao local de embarque juntamente com meus pais, que já estavam chorando, e Marina.

— Estou muito orgulhoso de você! — meu pai falou enquanto me abraçava. — Por favor, mande notícias todos os dias!

— Mando sim, papai. — me separei dos braços dele e sorri.

— A minha filinha! — minha mãe falou entre lágrimas e eu a abracei apertado. Por mais que eu ficasse com raiva quando ela me tratava feito criança, sentiria falta daquilo durante os meses em que estaria fora porque nada como um colo de mãe pra melhorar qualquer coisa.

Logo em seguida abracei Marina, que também começou a chorar e a repetir sem parar que ela queria saber de tudo, e que se eu me afastasse dela ela iria até Toronto só pra me dar um puxão de orelha. Apenas ri e prometi que manteria contato.

— Agora eu preciso ir, não quero me atrasar. — falei. — Por favor, não me esperem entrar.

— Por quê? — meu pai questionou.

— Porque vai ser melhor assim. — respondi. Na verdade eu não queria que eles me vissem chorando. Eu sabia que assim que eu passasse pela porta da área de embarque eu iria desabar em lágrimas e aquilo só ia tornar a despedida mais difícil para eles.

— Tudo bem. — minha mãe respondeu. — A gente já vai indo então. Não se esqueça de avisar quando pousar lá!

— Pode deixar! — falei.

Abracei cada um deles mais uma vez e eles saíram devagar. Comecei a caminhar na direção contrária à deles é não me contive em dar uma última olhada para trás. Me virei de novo e continuei caminhando.

Foi nessa hora em que ouvi uma voz familiar chamar pelo meu nome e me virei novamente.

Foi quando eu o vi.

Achei que essa despedida não tinha como ficar pior, mas nesse momento vi que talvez ela seria uma das mais difíceis da minha vida.

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👀

obs.: os primeiros capítulos serão um pouco menores sim, mas vão aumentar em breve :)

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