I16I - Punições

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Acabei dormindo ou desmaiando pela perca de sangue. Mesmo que preferisse acreditar no primeiro, tinha noção de que meus ferimentos eram sérios.

No entanto eu me encontrava bem deitada e limpa em um quarto desconhecido a primeira vista. Meu pescoço estava enfaixado e praticamente não doía. Foi o cheiro da tinta recém aplicada que entregou onde estava, novamente na casa abandonada que ficava acima do covil do Lobo.

Apesar do quarto ter sido cuidadosamente organizado reconheci as rachaduras dos vitrais e os moveis que mesmo recebendo uma camada de tinta continuavam dispostos nos mesmos lugares.

Eu não sabia se deveria entender o ato de ter reformado o quarto como uma gentileza, ele quase tinha me matado afinal, manipulando Kohina para conseguir um favor.

Me sentei encostando as costas na cabeceira da cama, os panos tinham sido trocados para um suave rosa, as cortinas para branco e as paredes haviam sido lixadas e pintadas com desenhos delicados de flores rosadas e azuladas.

Alguém tinha recolhido os jarros e as cestas de cima da mesinha. Havia um novo conjunto, mas invés de uma cesta, um recipiente de porcelana. Em toda minha vida só havia visto uma peça de porcelana. A quebrei logo após pega-lá, um prato com bordas douradas. Minha mãe ficou furiosa, o dourado das bordas me lembrava a cor do seu cabelo.

Assim que me levantei meus pés tocaram um tapete cor de creme, felpudo e macio ao toque, o tapete se estendia cobrindo todo o chão do quarto. Minhas botas estavam largadas ao lado do armário. Caminhei até a mesinha, minha garganta doía e não era para menos, em quatro dias eu já tinha sido enforcada e dilacerada.

Deveria avisar que haviam outras partes do corpo disponíveis para serem feridas?!

Dentro do recipiente um caldo encorpado com carne e legumes me esperava, deixei os legumes de lado e tomei apenas o caldo. Bebi metade da água do jarro e fui ao banheiro, haviam o reformado também, as prateleiras tinham sido preenchidas com novos produtos e sais de banho. A banheira estava cheia e havia dois grandes vasos com água para quando necessitasse de uma nova recarga disponíveis no fundo do banheiro.

Voltei para o quarto e me conferi no espelho. A marca da mão de Ângela desaparecia em tons amarelados, mas havia uma nova marca roxa em meu braço, não me lembrava bem onde a ganhei. O tiro de raspão que Kiros tinha me dado estava cicatrizando, toquei a ferida, a casca quase sumindo por completo.

Parecia até que tinha sido meses atrás quando eu corria por Sweney Pines tentando alcançar o Limite, entretanto faziam apenas quatro dias ou talvez cinco dias? Fui até a janela afastando brevemente a cortina, o sol brilhava com dificuldade por trás de nuvens pesadas, poderia muito bem estar anoitecendo e eu não saberia dizer.

Abri o armário, as roupas novas estavam lá e também um conjunto extra de calça e blusa, eram de um profundo marrom que quase chegava a negro. Toquei o tecido, áspero e levemente duro sem ser pesado, similar a couro. Curiosa, tirei a roupa do armário, era uma blusa sem mangas com corte curto, em mim deveria ficar pouca coisa abaixo do umbigo, a calça parecia do tamanho certo, encontrei bolsos ocultos e profundos o suficiente para ter ideia de que suas funções era esconder laminas. Havia um bolso oculto nas costas da blusa também, era mais largo que os da calça e mais profundo. Examinado o tecido de mais perto notei pequenas ondulações em formato de losangos, como uma pele de réptil. Perturbada coloquei a roupa no lugar e fechei o armário. Era uma roupa de batalha, exagerada, mas era. Ele estava levando mesmo a sério que eu mataria para ele?

Não mesmo, principalmente agora que tinha 'lutado' com Kohina. Ela tinha se segurado, brincado com a situação e quase me matado, na verdade se quisesse tinha conseguido sem dificuldade. E acima de tudo ele era o Lobo se não podia enfiar suas garras nessa pessoa o que esperava que eu fizesse-se?

Vermelho [repostagem]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora