Sete mil anos atrás, uma grande guerra devastou Keevard e destruiu o trono do Primeiro Rei, o poderoso Darius. Seus três filhos mais velhos, Hazor, Tigur e Vizeu foram os grandes responsáveis por sua queda.
Já seu filho mais novo, Griffin, lutou até...
A cabana em que estávamos não era tão diferente da minha casa. Havia uma sala de estar, da qual eu já havia conhecido, uma cozinha que mal cabiam três pessoas dentro, alguns quartos minúsculos e uma outra sala do qual me informaram que era para reuniões do conselho rebelde.
Aparentemente Kian, Louíse e Arth faziam parte disso já fazia um tempo. Eu não havia reparado antes, mas os três possuíam uma marca no pescoço, uma linha fina que os diferenciavam dos humanos comuns. Eles também eram Mour, a raça de pessoas que ganham a chance de viver por mais anos do que um humano comum, como eu, por exemplo.
Eu não tive coragem de perguntar suas idades, eles aparentavam estar na casa dos 20 anos, mas poderiam ser bem mais velhos que isso. Era estranho pensar em como deve ser viver por tanto tempo, se às vezes a própria existência poderia se tornava exaustiva.
Depois que Kian mostrou a mim toda a cabana, ele pediu para que Arth e Lou levassem meu pai para a floresta para conhecer Blahz e alguns dos rebeldes. Enquanto isso, Kian me carregou até o sofá em frente a lareira e começou a retirar as bandagens de minhas pernas. As duas estavam vermelhas e em carne viva. A dor era contínua e eu nem mesmo conseguia andar.
- Eu estava pensando em treinar seu corpo antes de treinar sua magia para que você aguentasse mais o impacto. Você irá enfraquecer bastante enquanto não se acostuma com todo esse poder contido em você. Mas o incêndio atrapalhou meus planos - Kian tirou a última bandagem e começou a analisar os ferimentos, mas não mantinha nenhuma expressão em seu rosto - Vamos começar pela metamorfose. Como Meredith disse, você é capaz de mudar de forma, mas apenas partes. Se conseguir criar uma outra pele, é capaz de enraizá-la em si mesma e curar as queimaduras.
- Como as cobras? - perguntei, lembrando como elas trocam de pele para ficarem maiores e mais fortes.
- É um bom exemplo - diferente do dia anterior, Kian não estava com um semblante neutro e preocupado, parecia estar zangado com alguma coisa.
Ele arrastou uma pequena mesa de centro amadeirada e apoiou minhas pernas com cuidado sob elas, depois sentou ao meu lado e começou a explicar o que eu deveria fazer.
- Tudo o que você é, é feito de magia agora. Suas veias, órgãos, músculos, corrente sanguínea, cérebro e coração. Quando a magia foi impregnada em seu corpo ela se apoderou e se fez de tudo o que você é.
Comecei a imaginar que eu era uma bomba sempre pronta pra explodir.
- Pode pensar assim também - disse Kian, aparentemente ouvindo novamente o que eu pensava, ele me olhou e levantou os ombros, como se não pudesse fazer nada em relação a isso - Eu quero que você concentre esse poder em textura. Imagine que você é o martelo e a magia o ferro sendo produzido. Molde-a para o que você quer que ela se torne. A metamorfose depende da sua capacidade de criação.
