Capítulo 23

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POV Manoel

Já faz 2 meses da morte de Janaina. Meu irmão ainda continua calado, além do seu normal, mas está em tratamento com a Aline e sua amizade com Patrícia está ajudando. Ela vem sempre até nossa casa, fazem seus deveres juntos, jogam videogame, assistem filmes e séries. Ele começou a pintar, e fica horas no pequeno estúdio improvisado. Desabafa em suas pinturas, onde a dor é latente.

Vovó, com seu jeito divertido, é a única a fazê-lo rir, mas mesmo ela tem dificuldades. Deixou de se importar com as piadas sobre seu romance com o Sr Magalhães, pois percebeu que Edmilson gosta, apenas finge irritação para vê-lo sorrir.

Chego em casa e vejo a mesa arrumada e sinto um delicioso odor vindo da cozinha. JC, Larissa, Joana e Pedro vieram para jantar. Inês está radiante e sei que tem notícias boas sobre o vestibular.

- Família, quero fazer um anúncio – ela começa depois de limpar a garganta.

- Fale, minha neta. O que tem para nos contá?

- Passei no vestibular para Enfermagem na mesma universidade pública que JC.

- Parabéns, querida. Fico tão orgulhosa de minha filhinha – minha mãe a abraça em primeiro lugar.

- Sabia que conseguiria, minha neta. É tão inteligente, puxou a avó – D Severina sempre disposta a fazer uma gracinha.

- Obrigada, obrigada. E o senhor, papai? Também está feliz? – pergunta a meu pai que nem esconde o choro emocionado.

- Antes de JC, talvez eu não entendesse. Mas agora que abri meus olhos, posso dizê que estou feliz demais, minha menina. Me enche de orgulho.

- Que bom, papai. Não sei se poderia lutar contra sua vontade, como o meu irmão.

- Nunca desista de seus sonhos, minha filha. Lute sempre.

- Agora me deixem abraçar a Inês – me aproximo e a acolho em meus braços – Parabéns, você merece.

- Leve meu legado adiante, hein, irmãzinha. Sucesso! - JC também cumprimenta.

- Quando vamos terminar com essa melação e comer de uma vez? - Toninho pergunta insensível enquanto ela recebe o abraço silencioso de Edmilson.

- Pare de aperriá, menino alesado – minha avó dá um cascudo brincalhão em meu irmão, que foge rindo.

O jantar corre alegre, até Edmilson participa da conversa. Minha irmã está radiante, seu jantar delicioso, e sei será uma grande profissional, pois coloca amor em tudo o que faz.

Passado a pior fase do luto, decido fazer meu pedido de casamento. Irei fazer uma serenata e ensaiei por dias com meu violão para ficar bonito.

Combino com seus pais, para que me ajudem. Visto uma camisa que ela me deu e vou até sua casa. Jogo uma pedrinha em sua janela no andar superior, que abre para a rua. Começo a dedilhar a música e canto Pra Você, de Paula Fernandes, colocando todo meu coração nas palavras:

Eu quero ser pra você

A alegria de uma chegada

Clarão trazendo o dia

Iluminando a sacada

Eu quero ser pra você

A confiança, o que te faz

Te faz sonhar todo dia

Sabendo que pode mais

Eu quero ser ao teu lado

Readquirindo sonhos - Livro 2 - Série SonhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora