Capítulo 13

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POV Manoel

Um de minhas obras apresenta problemas inesperados e fico tentando resolver durante quase toda a semana, mas não deixo de postar mais uma carta para minha menina.

Vou buscá-la no serviço na quinta-feira e ela está exausta. Deixo-a após alguns beijos, pois sei que precisa descansar, mas confesso que a cada dia é mais difícil me despedir dela.

Sua folga será no sábado e resolvemos sair para dançar na sexta à noite, se não estiver muito cansada.

Ela me liga dizendo para pegá-la às 9h, combinou com Júlia de ir numa danceteria que inaugurou recentemente.

Chego em sua casa adiantado e tenho que esperar alguns minutos, mas vale a pena. Quando surge, está maravilhosa num vestido justo vermelho e não sei se me sinto orgulhoso ou enciumado.

- Está linda, coração. Não quer ficar por aqui mesmo, só nós dois?

- E perder toda a produção? – me responde com um sorriso maroto.

- E eu pensando que tudo isto era para mim...

- Claro que é, amor, não precisa fazer beicinho, que não resisto – lhe dou um longo beijo, quando se aproxima.

- Está tão bonito e cheiroso, vou ter que ficar de atenta às outras garotas.

- Só tenho olhos para você – beijo-a novamente antes de abrir a porta de sua casa para sairmos.

Encontramos nossos amigos e a noite está ótima. A música é muito boa e o ambiente agradável. Após algum tempo, Júlia e Andréia pedem licença para retocarem a maquiagem e fico sozinho, pois Mário foi buscar uma bebida.

- Gatinho, que ótimo de encontrar. Estou tão sozinha...

- Mas eu estou acompanhado, Miriam.

- Deixa disso, amor. Já trocou ela por mim uma vez, por que não repetir? – tenta me abraçar, mas a mantenho longe.

- Precisa parar com isso. O que tivemos acabou, já disse. Nem devia ter acontecido. Amo a Andréia, e só quero ela na minha vida.

- Eu sei que gostou de nosso tempo junto, por que negar?

- Garota, acho que o som está muito alto e você não entendeu, então serei mais clara: meu namorado não está interessado – Andréia surge pela lateral sem que víssemos.

- Ele sabe onde me encontrar, já fez isso antes... Até mais, querido. Quando se cansar dessa aí, me procura – Miriam diz com um sorriso malicioso, antes de se afastar num andar sensual.

- Coração, eu não dei motivos, juro. Por favor, acredita em mim – imploro, temendo que minha menina me abandone.

- Está tudo bem, mozinho. Eu escutei tudo, sei que não fez nada errado.

- Eu te amo, Andréia. Só existe você para mim.

- Te amo igualmente, Manoel – nos beijamos, esquecendo de Miriam e qualquer outra pessoa.

- Por que voltou tão rápido? – pergunto quando nos separamos.

- O Matias está no caminho que precisava passar, e achei melhor retroceder e evitar me encontrar com ele.

- Ele falou com você depois daquele beijo?

- Não, mas já o vi passando de carro várias vezes.

- Já não gostava dele, depois daquele episódio então... – meu sangue ferve só de lembrar.

- Deixa ele para lá. Não vamos estragar nossa noite por causa dele ou da Miriam.

- Tem razão, amor. Vamos dançar– digo enlaçando sua cintura, enquanto ela ri, enchendo minha vida com sua alegria.

Almoçarei hoje, domingo, em sua casa e pedi para minha mãe preparar uma sobremesa para levar. Ela fez com muito capricho e a aparência é apetitosa.

Toco a campainha e Andréia me recebe com um grande sorriso. Seu pai me dá as boas vindas, enquanto sua mãe me abraça carinhosa.

- Que torta linda. Obrigada.

- É de chocolate e morango, especialidade da minha mãe.

- Não vejo a hora de provar. Fui com algumas amigas na cafeteria. Adorei, ficou incrível.

- Ela ama aquele lugar.

- Vamos apenas esperar minha mãe e meu irmão antes de servir. Me dê licença que vou confirmar se tudo está pronto.

- Tudo bem. Fique à vontade – me sento com Andréia e seu pai e conversamos banalidades, mas interiormente estou preocupado com o encontro com seu padrinho.

Após alguns minutos, a campainha toca e são eles. Fico em pé, apreensivo, e minha namorada aperta forte a minha mão.

- Padrinho, sua benção. Lembra-se do Manoel?

- Sim, sim. Namoravam antes de ir para a universidade.

- Isso mesmo. Reatamos, e estou muito feliz, padrinho.

- Que bom, menina. Me alegro por você. – ele me cumprimenta, mas vejo como observa minhas mãos ásperas. Porém, não permitirei que sua opinião interfira de novo em nossas vidas.

Sua madrinha e avó me abraçam e parabenizam pelo namoro, e não vejo nelas nada além de alegria por nós. No almoço sinto uma tensão no ar e respiro aliviado quando trazem a sobremesa.

- Ainda trabalha como pedreiro, Manoel? – seu padrinho não resiste e me pergunta antes de ser servido.

- Continuo no ramo da construção civil, mas abri minha própria empreiteira.

- Um microempresário então? – pergunta num tom levemente irônico.

- A empresa dele está crescendo muito, tio. Tem várias obras sob sua responsabilidade – Andréia tenta vir em minha ajuda.

- Estou muito satisfeito com a profissão que escolhi. Trabalho duro e de maneira honesta, proporciono serviço para muitas pessoas e meus clientes sempre ficam satisfeitos.

- Calma, rapaz, não disse por mal. Só estou interessado no namorado de minha afilhada.

- Chega, meu irmão. Já palpitou de mais neste assunto. Alguém mais quer sobremesa?

- Eu quero, mamãe.

Seu tio se cala contrariado, e sou grato pela intervenção de minha sogra. Somos salvos de um silêncio constrangedor por sua avó que passa a falar de seu grupo de amigas da igreja, da qual D Severina também faz parte.

Saio logo após a sobremesa e Andréia me acompanha. Será que ele nunca me aceitará?


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Readquirindo sonhos - Livro 2 - Série SonhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora