15.08.18 - Quarta

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De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: Piquenique, túmulos, e uma mulher louca


Bom dia, amiga! Hoje estou escrevendo fora de meu horário de costume. Acordei faz poucos minutos, e o Nicolas acabou de sair para a faculdade. Ele tem estado mais concentrado ultimamente, diz que tem matérias que estão se mostrando complicadas, e já estão pedindo trabalhos para entregar em breve.

Eu não tenho a menor ideia de como é isso. Nunca estive em um curso de faculdade... Ao terminar o ensino médio já fui à procura de emprego, e como não consegui nada (uns por falta de experiência, outros porque não foram com minha cara) acabei ficando para trás, sem estudo nem trabalho.

E a primeira atitude drástica para mudar essa vida, você sabe... Foi vir para cá.

Hoje até passa por minha cabeça fazer alguma coisa. Pensei em um curso de fotografia, talvez... Ainda mais agora, que estou usando minha Canon para algo útil (eu que faço as fotos dos vasos, para colocar no site e na fanpage da floricultura). Então, acho que posso ter algum futuro nisso.

No fim das contas, vou ser um cara sem faculdade, mesmo. Antes isso me incomodava (porque as pessoas julgam mal quem não tem interesse num curso superior), mas estou cada vez mais de boa com a ideia de pular de uma vez para a "profissão dos sonhos" sem ter que ficar anos esperando um diploma. E, pelo que o Nick falou, mais da metade dos colegas de classe dele estão pouco se lixando para as aulas... Vão sair de lá todos com o mesmo diploma, mas cada um com um aproveitamento e capacidade diferente.

Por isso concluí que: diplomas não são exatamente um atestado de competência.

Enquanto escrevo, sentado no chão da varanda com o notebook no colo, a Jack está regando as plantas (com um pop animado tocando ao fundo). Como as chuvas que tinham caído há uns dias deram espaço a um céu ensolarado, precisamos manter as flores com terra úmida manualmente (o sistema de irrigação vai ser instalado em breve).

Oh, chegou uma cliente. Vou ter que dar uma pausa para atendê-la, porque a Jack ainda está ocupada.

...

Ok, voltei. Ela veio apenas para conhecer, mas levou uma fitônia e dois vasinhos de violetas brancas! =)

Tenho percebido uma coisa curiosa: parece que algumas pessoas vêm aqui só para ver a gente. As garotas ficam me olhando cheias de risinhos (a Jack diz que eu sou o "crush" delas ← odeio essa palavra!), e também sempre perguntam sobre "o outro funcionário bonitão" (o Nicolas só volta ao entardecer, e pega apenas a última hora da floricultura aberta).

Pois é, elas vêm para nos ver, e às vezes tiram fotos. Isso me incomoda bastante, pois eu sou o tipo de cara que gosta de estar por trás das lentes, não diante delas... Pelo menos eu aprendi a convencê-las de levar um vaso, ou qualquer coisa daqui. Talvez eu tenha jeito para vendas, afinal... Pode parecer estranho, mas combinamos que sempre que os clientes forem mulheres, eu atendo. E quando são homens, a Jaqueline atende (sim, tem uns caras que aparecem e ficam secando minha cunhada). Essa técnica de "conquistar" o cliente tem funcionado super bem até agora. É difícil alguém que entra "só para dar uma olhadinha" e não sai com pelo menos um vaso ou arranjo para levar para casa.

E eu tive que aprender uns macetes sobre cuidar das plantas, também. O pessoal que leva algo sempre pergunta como se cuida. No início eu pedia socorro para a Jack, mas a gente fez umas plaquinhas de informações básicas, e agora eu uso isso como cola (hehehe).

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