Capítulo 2

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Heitor correu em sua direção à mãe. Os cabelinhos castanhos dourados, brilhavam com os últimos raios de sol da tarde.
__ Mamãe!- gritou ele, a abraçando forte.
__ Olá, meu amor! Como foi a aula hoje?- indagou Adri, beijando a bochecha rosada do menino.
__ Legal! A gente foi brincar no solzinho... O Murilo me empurrou e eu caí. A prof. Lúcia fez ele me pedir desculpas.
__ Acho que o Murilo não fez por querer, filho. Será que não foi um acidente?
__ Não sei. Mas a gente já tá amigo de novo!

Ela sorriu. Como era fácil pra crianças se perdoarem, pensou.
__ Sabe o que vamos fazer agora?
O pequeno a olhou franzindo a testa.
__ Não vamos para nossa casinha?
__ Depois, a gente vai, mas primeiro, vamos ao Shopping comprar um presente pra dinda Ariane. Amanhã é o aniversário dela.
__Eba!! E o Heitor pode comer uma batatinha frita? - indagou se referindo a ele mesmo.
Ela fez uma cara de dúvida e riu.
__ Vou pensar... deixa eu ver.. Só se ganhar cinco beijinhos aqui na minha bochecha.
Ele mais que depressa puxou a mão da mãe a fazendo se abaixar e grudou a boca no rosto dela, a abraçando forte.
__ Mas isso é melhor que chocolate! - exclamou Adriane, sentindo seu rosto ficar babado.
Atravessaram a rua, em direção ao carro que estava estacionado quase na esquina da escola de Heitor.
Acomodou o menino no assento elevado, fazendo a volta e entrando no carro.
___ Então, lá vamos nós! - exclamou ela.
Heitor deu um gritinho fino de alegria. Tinha uma energia e tanto. Agitava o dia inteiro, quando chegava em casa capotava na sala. O difícil era conseguir colocá-lo na cama, tinha preferência pelo sofá. Adriane deixava, afinal só se é criança uma vez na vida.
Olhou o filho pelo retrovisor e lembrou de três dias atrás, quando foi à entrevista e pensou ter enxergado o pai dele.
Por onde andaria Caio? Sempre se perguntou se esse era realmente o nome dele.
Como reagiria se soubesse da existência de Heitor?
Afastou esses pensamentos. Nunca mais o encontraria e ele jamais saberia que tinha um filho. Tentou de várias formas saber quem era o homem dos olhos mais lindos que já tinha visto na vida, procurando nas redes sociais, indagando com seus amigos, mas nada!

Cada vez, que se deparava com um par de olhos verdes lembrava das sensações que tivera com ele naquela noite. Nunca tinha sentido nada igual! A química entre eles tinha sido incrível!
Caio chamou sua atenção assim que entrou na área reservada do aniversário de seu colega. Era um homem que não passava despercebido; tinha um metro e oitenta de altura, mais ou menos, era o que lembrava, forte...e os olhos, sedutores, que a despiram quando a olhou de cima a baixo, escorado no balcão, com um copo de bebida na mão
.
Lembra que sentiu um calor subir por suas entranhas sob aquele olhar predador e não demorou muito pra que ele se aproximasse e seduzisse, a abraçando pela cintura, dançando sensualmente, fazendo com que Adriane perdesse a razão, hipnotizada por aqueles olhos. Ele exalava masculinidade por todos os poros.
Adriane já estava alta quando ele chegou na balada e naquela noite, quis quebrar todas as regras e foi o que aconteceu literalmente.
Heitor a tirou dessas lembranças .
__ Mamãe!! Ali, o shopping! - anunciou o menino.

__ Sim. Chegamos. - disse entrando no estacionamento.
Desceu tentando pegar o filho pela mãozinha para que não saísse correndo pelo estacionamento, no entanto, foi em vão. Heitor era um azougue, a driblou e saiu correndo. Seu coração deu um salto quando enxergou um SUV  vir em direção ao pequeno. Ouviu a freada ecoando no piso liso e viu o filho quase embaixo do para-choques dele.
Ela correu, agarrando a criança no colo.

__ Pelo amor de Deus, Heitor! - falou alto e firme com o menino. __ O que foi que eu te disse?
Ele começou a chorar.
A porta do utilitário se abriu e um homem gritou:
__ Sua irresponsável! Quase o matei! Que espécie de pessoa deixa uma criança solta num local movimentado!!
Adriane gelou; aquela voz!!!
Num impulso se virou. Os olhos verdes, inesquecíveis, do homem a fuzilaram.
Adriane não sabia o que fazer e por um momento, sentiu o ar lhe faltar. Era ele!!!
Heitor chorava desesperado agora.
__ Como pode descer do carro e não cuidar do menino!?- perguntou ele batendo com força a porta da camionete.

O sangue dela ferveu.
__ Vá para o inferno! Entrou no estacionamento em alta velocidade! Não sabe ler as placas, não? Ali diz: vinte km/h!
__ Eu sei ler, sim! Não estava correndo, tanto que pude frear!
Heitor chorava mais forte, apavorado com os gritos dos dois que ecoavam pelo estacionamento do shopping.
Adriane o abraçou tentando acalmá-lo.
__ Deu, meu amor, não chora, desculpa a mamãe ter gritado com você. Já passou...shiii, já passou. - disse, acalmando o menino, passando a mão nos cabelinhos dele.
Ele escondeu o rosto no pescoço dela, soluçando.
__ Quer ir ao pronto socorro? Verificar se ele não se machucou? Eu levo vocês lá. O menino está nervoso, aliás, nós dois também. - disse a olhando seriamente, agora sem gritar.__ Te conheço de algum lugar... De onde?- indagou com dúvida.
Ela paralisou.

Adriane, que por um tempo sonhou em reencontrá-lo, não sabia que atitude tomar.
Ficou com medo da reação se descobrisse que Heitor era seu filho. De repente, entrou em pânico. Não o conhecia, não sabia se era uma pessoa em que poderia confiar.
__ Impressão sua! Eu tenho absoluta certeza que não conheço você!
__ Mamãe... - Heitor virou o rostinho marcado pelas lágrimas.
__ Tá tudo bem, meu anjo. Vamos pedir desculpas ao titio.
__ Desculpa... - ele disse limpando as lágrimas do rosto.
Caio, mais calmo, sorriu mostrando os dentes perfeitos.
__ Eu também tenho que me desculpar por ter gritado com sua mãe. Fiquei assustado. - falou em tom baixo, olhando nos olhos do menino.
__ Então, está tudo bem e resolvido. Agora, vamos Heitor, temos que comprar o presente da tia Ariane. Passar bem. - se despediu, dando as costas a ele.
__ Até logo, Heitor!
__ Tchau, titio.

Adri saiu rapidamente, do estacionamento, entrando no elevador. Suas pernas tremiam. O destino tinha colocado Caio frente a frente com ela. Ele não a reconheceu, sinal que nem se lembrava daquela noite. Sentiu uma certa decepção.

Caio entrou no SUV e suspirou profundamente, tentando se acalmar, era a mulher daquela noite! Tinha certeza absoluta que era Adriane. Nunca esqueceu aquele rosto, aquele corpo... Os cabelos castanho-escuros... o olhar...e ainda usava o mesmo perfume, que por mais que o tempo tivesse passado, não esqueceu a fragrância. 
Veio em sua mente a decepção de acordar naquela manhã, e não encontrá-la mais na cama. Nunca mais a tinha visto.

Procurou por muitas outras baladas, mas nunca mais a encontrou. Seu amigo, dono da boate, não soube informar quem era o dono da festa, porque foi uma festa, reservada e paga por um aluno de uma faculdade bem conceituada, que mais tarde, soube, havia ido embora de Madri naquela semana mesmo.
Ela não lembrou de mim. - pensou com uma certa tristeza.

Adriane era a primeira mulher que fugia, depois de uma noitada com ele. As outras pegavam no pé, queriam tomar café da manhã junto, namorar ... Era ele quem sempre acordava e as deixava dormindo, saindo sem se despedir. Adriane foi a única que sumiu sem deixar rastros.
Tudo o que sabiam de ambos eram seus nomes e nada mais.
Talvez fosse casada agora, tinha um filho.
Estacionou e parou em frente ao carro dela ; tirou a placa. Em breve, saberia até o tipo sanguíneo daquela mulher, que permeou seus pensamentos nesses últimos anos.

Adri comprou uma blusa para a irmã e Heitor escolheu um cachecol rosa para dar a tia e então, foram até a praça de alimentação comer a batatinha frita com refrigerante, sem antes, não deixar de passar pela área de recreação; Heitor não podia ver uma piscina de bolinhas que a arrastava. A energia dele era inesgotável.
De longe, Caio os observava sem que percebessem.
Não se lembrava, tão bem, de como ela era bonita, parecia ser mais magra, porém olhando agora, percebeu que os poucos quilos que adquiriu, com certeza por causa da maternidade, só lhe fizeram bem.

As curvas acomodadas em uma apertada calça jeans, revelavam as coxas bem torneadas e as nádegas firmes; o abdômen liso; seios na medida certa... Os cabelos longos castanhos, bem tratados, trançados de lado, lhe davam um ar quase inocente. Sem dúvidas nenhuma, ela tinha se tornado mais bonita! 
Qualquer homem ficaria maluco pra ter um mulher daquelas na cama.
Seu pensamento se voltou para a noite, em que estivera com ela numa cama de hotel, seu corpo imediatamente, reagiu, provocando uma ereção, ao lembrar das suas mãos percorrendo aquele corpo.

Ficou ali, sentado, quase escondido, atrás de uma pilastra da praça de alimentação.
Correu os olhos agora, pelo menino que deveria ter no máximo uns três anos de idade. Tinha algo nele familiar, como se já o tivesse visto antes.
 Alheia a Caio que a observava, Adriane levantou pegando a bolsa, a colocou no ombro e em seguida, ajudou o garoto a descer da cadeira, o pegando no colo, seguindo em direção ao estacionamento.









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