Júlia tomou a atitude e foi atrás da mãe no quarto. A garota não disse nada, apenas bateu devagar na porta de Janessa, que abriu depois da terceira batida. Quando finalmente abriu, Júlia a abraçou. Tinha muito a ser dito, mas ela só queria o perdão da mãe, só queria poder perdoá-la também. Júlia só queria ter sua família de volta, mesmo que isso custasse abrir mão de seu próprio eu.
***
Já fazia quase uma semana que Mharessa não aparecia na escola. Por mais que ela tivesse dito que estava doente, Júlia estranhou o sumiço repentino da amiga, então resolveu passar na sua casa depois do balé.
Júlia bateu na porta da amiga umas 5 vezes, até que Thulio passou pela mesma feito furacão. Quando viu a garota, voltou alguns passos depois da porta.
— Ah, desculpa! A Mharessa está lá dentro, Júlia. Ela não tá muito bem.Júlia não pode evitar corar. O jeito que aqueles olhos a olhavam e a forma como era pronunciado seu nome a deixaram sem jeito. Thulio era um garoto muito bonito, com quem ela nunca havia conversado. Só não tão bonito quando Adrian, ela pensou. Afastou esses pensamentos da cabeça e tentou voltar a realidade.
— Obrigada — foi o que falou antes de passar pela porta.Mharessa estava no quarto, deitada na cama. Júlia aproximou-se da porta e chamou pela amiga.
— Entra.
— Não queria vir aqui incomodar, mas você não me convenceu com a história de que está doente — comentou Júlia.Mharessa abriu espaço para a amiga sentar ao seu lado na cama e sorriu. Como aquela garota tinha o dom de ser tão boa amiga?
— Hoje é aniversário da minha mãe — falou. — Toda semana que fica perto dessa data eu me sinto pra baixo... não consigo aceitar que ela no está mais comigo, entende? É complicado pra mim sair esses dias.
— Deve ser muito difícil, eu sinto muito.
— Obrigada. É engraçado que nunca sinto tanto a falta dela como neste dia. Parece quem em todos os outros dias eu consigo vencer a dor, mas neste em especial, ela se instala em mim e demora a sair, sabe?
— Sinto muito por tudo, Mha. Como ela faleceu? Você nunca me contou isso.Júlia deitou na cama e respirou fundo.
— Prefiro que você não saiba, Jú. Não é bom.
— Tudo bem, eu respeito sua decisão. Posso perguntar uma coisa? Quer dizer... se não for invasivo demais...
— Sim.
— O Thulio já teve namorada?Mharessa encarou a garota com um sorrisinho, Júlia teve certeza de que estava tirando sarro de sua pergunta.
— Ele teve sim, mas ela acabou falecendo.Júlia ficou boquiaberta.
— Sério? Eu não acredito!
— Foi a primeira e única namorada dele. Sabe, ele ficou com outras garotas mas nunca virou nada sério, é complicado para ele superar a morte dela. Ela morreu com um tumor no estômago, foi algo terrível pra ele.
— Nossa, ele deve ter sofrido muito...
— Sim. Quando ele a conheceu, ela já sofria com transtornos alimentares, ele tentou ajudá-la de todas as formas mas sabe como é, né? Quando a gente tá no fundo do poço, parece não querer enxergar uma saída. Eu já fui assim também. Aprendi que para enxergar uma saída, precisamos olhar as possibilidades ao nosso redor.
— Que bom que você está melhor agora.
—Tive que escolher ser forte para estar aqui, mas também tenho recaídas. Nenhum ser humano é forte o bastante o tempo inteiro.
— Você tem razão, Mharessa. Pode me contar como era o nome dela?
— Helena.Júlia parou para refletir. Quantas Helenas ainda não existiam por aí? Quantas Helenas precisariam morrer ainda para que abrissem os olhos? Se aquela garota não pôde ser salva, ela faria o que estivesse ao seu alcance para ajudar alguém que ainda pudesse: Alana. Lembrou da garota loira de olhos azuis perfeitos, de corpo escultural e aparência de uma boneca.
Até que ponto as pessoas vão em busca da perfeição? Existem limites para tudo e quando não há, não existem extremos para as consequências.
— Acho que ainda posso ajudar uma Helena.
— Quê? — balbuciou Mharessa, sem entender muito bem de quem a amiga falava.Júlia levantou, jogou o cabelo para trás e piscou o olho para Mharessa, fazendo a diva.
— Vou ensinar uma garota ali a como descobrir que ela é maravilhosa!Em menos de vinte minutos Júlia estava na frente da casa de Alana. Não sabia se ela estava em casa, nem se a receberia, mas entraria por aquela porta nem que fosse contra a vontade de quem a impedisse. Porém, a bailarina foi surpreendida ao chegar próximo a casa. Uma ambulância que estava estacionada na frente, deu partida.
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Mais Perto do Que se Imagina (COMPLETO)
Teen Fiction3° lugar no Concurso "Wattpad Brasil" Ficção Adolescente 💙 Júlia e Adrian vivem no mesmo bairro desde que se entendem por gente, e há alguns meses, moram no mesmo prédio. Sempre caminharam nas calmas ruas de Cidade da esperança ou admiraram a vista...