C A P Í T U L O II

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- Estou indo para o quarto - anunciou Georgina. - Vai subir também?

- Estou sem sono - respondeu Christy. - Vou ficar mais algum tempo aqui embaixo.

Estava tensa demais para dormir. Não haviam tocado no assunto durante o jantar, mas sabia que sua mãe era de opinião que deveria aceitar a proposta de Simon. Suspirando, Christy foi até a discoteca da casa e selecionou um disco de Haendel. Aquela música relaxante afastaria, de certo, sua tensão, fazendo o sono chegar.

Aconchegou-se numa poltrona, fechou os olhos e deixou-se envolver pela melodia suave. Lembrava-se da ironia com que Simon falava de seu gosto pela música clássica.

- Quer que tudo seja romântico, não é? - ele costumava dizer. - Mas a vida não é assim, cigana. Tem que entender isso. Também existe a dor, o sofrimento.

Tinham passado tanto tempo juntos, a sós. Simon dissera-lhe diversas vezes que o corpo dela era uma verdadeira armadilha para os homens.

- A natureza não poderia ter sido mais caprichosa do que foi com você. Mas sei que há um preço a ser pago por tanta sensualidade. Esse preço é o casamento, não, minha cigana?

Ela lembrava-se vivamente da primeira vez em que ele a bei­jara. Tinham saído para passear no carro esporte de Simon.

- Vou preferir sempre estes modelos. Carros grandes são para homens que pensam em ter uma família, o que não é meu caso ­comentara ele.

Tinham ido naquela manhã a uma praia deserta. Ambos tra­javam roupas de banho sob os jeans, mas Christy sentia-se pouco à vontade para ficar só de biquíni diante de Simon. Ele, ao contrário, desfizera-se rapidamente das roupas, expondo o corpo mo­reno e másculo à admiração de Christy. Ela não conseguia tirar os olhos dele. Tivera aulas de anatomia na escola e sempre dis­cutira sexo abertamente com sua mãe, mas ver aquele corpo bonito, tão perto, dizia bem mais que toda a teoria. Simon sorriu ao perceber a curiosidade dela, que imediatamente desviara o rosto.

- Não há nada de errado em querer olhar para mim - ele tinha dito, ajoelhando-se bem perto dela. - Também gosto de olhar para você, sabe disso. De fato, desejo bem mais que sim­plesmente contemplar seu corpo - murmurara ele, antes de bei­jar sensualmente os lábios de Christy. - Ainda é virgem, não?

- Sim - confirmara ela, surpresa ao perceber um ar de con­trariedade no rosto de Simon. Que estranho ele ficar chateado! Afinal, todos os homens gostam de saber que a garota por quem estão apaixonados ainda não foi tacada. E era certo que ele a amava. Do contrário, por que a teria beijado? - Não deve se preocupar com isso... Não é importante - ela havia declarado.

O que Christy pretendera dizer é que o fato de ser virgem não importava para ela. Na verdade, não podia pensar em ninguém melhor que Simon para iniciá-la nos mistérios do amor. Era estra­nho como sentira desde o primeiro beijo que o amava e que esse sentimento era recíproco.

Sorrira timidamente para Simon ao sentir os olhos dele brilha­rem sobre seu corpo e a tensão daqueles dedos, apertando seu rosto

- Venha - dissera ele, afastando-se de repente. - Vamos dar um mergulho.

Christy nadava muito bem. Adorava passar horas no mar e aprendera a mergulhar ainda muito jovem, o que lhe possibilitava explorar o ambiente submarino. Simon também era excelente nadador. Sentindo que não podia competir com ele, Christy mer­gulhou. Já chegara ao limite de seu fôlego quando Simon mergu­lhou a seu lado, agarrando-a firmemente pelo braço e puxando-a para fora da água.

Entre o Amor e o DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora