Capítulo Único

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O sangue a jorrar dos cortes profundos e abertos cobrindo os meus dedos e as minha roupas é a melhor sensação e a melhor visão existente. O cheiro do líquido penetrava as minhas narinas e era como o aroma das flores na primavera. Os gritos de dor e súplica soavam como belas melodias enquanto eu me deliciava a ferí-las e a fazer o sangue jorrar e cobrir-lhes o corpo. Ficavam ainda mais belas revestidas de sangue. Tão belas como obras de Picasso, Michelangelo, Donatello e Da Vinci.

A inocência nos seus olhares e rostos escondiam a perversidade em abundância na mente delas. Entregando-se para o primeiro homem que lhes aparece só com um encostar de corpos e sussurros sujos no pé do ouvido. Os corpos delas pegavam fogo e não se preocupavam em esconder isso. As minhas favoritas! Fáceis e ingénuas, anjos vestidos em corpos de demónios. Eu era o Lúcifer e elas as minhas servas, saciando a fome do mestre.

Os meus olhos verdes a encarar os olhos delas de diversas cores e a penetrar-lhes a alma, conseguindo decifrar tudo nelas. Mas não precisava disso, os corpos delas expressavam tudo o que eu precisava de saber com a forma como se esfregavam contra o meu, na tentativa de me excitarem e levarem para a cama para satisfazer-lhes o desejo carnal. Só com um beijo, eu sabia que elas estavam prontas para mim, o mestre, Lúcifer em forma humana. Eu faria o que elas tanto ansiavam, levá-las-ia para a cama, para a cama do Inferno.

Mulheres são o meu alvo favorito. Tão sensíveis e perfeitas para servir Lúcifer, darem-lhe o seu sangue para saciar a sede do mestre. Os seus gritos esbanjavam o que eu mais amava ouvir: dor, sofrimento, súplica... Só há um lugar onde se pode encontrar essas mulheres: bares noturnos. Por isso, só ando à noite, tendo como alcunha "Senhor das Trevas". Todos me conhecem, mas também me desconhecem. Ando nas sombras, ninguém se afeta com a minha presença, apesar de sentirem medo de mim. Sou notícia em todos os jornais, revistas e programas televisivos. Sou conhecido até fora da Inglaterra e por todas as corporações da polícia. Possivelmente, até a NASA me conhece sem alguma vez me ter visto. Ninguém imagina que um rapaz normal com aparência de anjo seja capaz de causar tanto pavor. Sou transparente como vidro, mas opaco como madeira. Doce como mel, mas amargo como limão. Deus por fora, Diabo por dentro.

Quando as minhas sereias do mar do Inferno sentem a arma branca contra a pele delas, ficam apavoradas, mas o desejo de me terem enterrado nelas continua a transbordar pelos poros dos seus corpos. Não há piedade! Seduzo-as e, depois de torturá-las, mato-as com uma facada no coração ou um corte no pescoço, deixando-as no local do crime com a minha marca, chamas gravadas abstratamente no pulso das vítimas com as minhas iniciais dentro das mesmas, H.S., Harry Styles.

Vários corpos se esfregavam no meu enquanto eu atravessava o bar noturno até ao balcão do bar. Principalmente mulheres. As suas roupas reduzidas e as mordidas no lábio diziam o quão perversas elas eram e o quanto desejavam arrancar as minha roupas negras como carvão e enterra as unhas na minha carne. Oferecia-lhes o sorriso mais malicioso que conseguia esboçar, transbordando toda a minha maldade, porém, ingénuas e desesperadas por uma noite de sexo, elas entendiam aquele gesto como um passaporte para o Paraíso. Contudo, não era para o Paraíso que as levaria. Era para o Inferno. Estavam todas nas minha garras, garras do predador.

Agarrei na cintura de uma loira de olhos azuis e colei os nossos lábios, pedindo logo passagem para explorar a boca dela. Passagem esta que me foi, imediatamente, concedida enquanto a moça de, aparentemente, dezanove anos puxava os meus caracóis e arranhava a minha nuca. Eu apertava a cintura dela, fazendo-a libertar prazerosos gemidos contra os meus finos e rosados lábios. Abandonei os seus lábios e arrastei os meus pelo seu queixo até ao pescoço, onde chupei avidamente, deixando a minha marca. A loira gemeu alto e eu sorri. Esta já tem o passaporte, mas a viagem será adiada.

- Qual é o teu nome? - a mesma pergunta antes que eu me possa afastar, definitivamente, dela.

- Perigo, querida, perigo. - sussurro ao ouvido dela e deposito um beijo entre o maxilar e o lóbulo da orelha da jovem.

Lord Of GloomWhere stories live. Discover now