Capítulo IX

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Carlos corria pela estrada de chão. Corria tão rápido que seus pés chegavam a levantar poeira.

- Carlos, espere! - gritou mais uma vez Fred subindo o barranco. Mas ele já estava longe.

- Vamos Fred! Vamos embora. - chamou-lhe André de dentro da caminhonete.

- Mas... - tentou ele relutar.

- Deixe-o sozinho por alguns momentos. Vai ser bom para ele. Logo ficará bem.

Fred olhou para trás e viu os dois médicos trazendo a maca com o corpo da jovem.

- Entre logo. Não temos mais nada para fazer aqui - retrucou mais uma vez André, dando a partida na caminhonete.

Fred entrou fechando a porta com força e, antes de deixarem o local, voltando para casa, viu os médicos colocarem a maca, com o corpo da jovem coberto por um lençol branco, na traseira fechada em forma de baú de uma picape, então saíram em alta velocidade.

* *

Já era noite e Carlos ainda não havia aparecido. Fred estava sentado na escada na varanda de sua casa, mexendo em uma pedra no chão com um graveto.

- Ei, Fred! - chamou-lhe alguém, passando pelo portão de madeira. Era David.

- Cara, por onde você andou? Procuramos você em todos os lugares. Você sumiu!

- Tive que fazer algumas coisas e acabei me atrasando para irmos ao lago. Onde está o Carlos? - perguntou David agachando-se na frente do amigo. - Acabei de vir da casa dele. A Dona Helena disse que ele está sumido desde a tarde. É verdade? Ela também me... - David vez uma pausa, pegou na mão a pedra que Fred empurrava de um lado para outro com o graveto. - Aconteceu mesmo o que ela me disse?

Fred assentiu com a cabeça.

- Caramba! - disse David arqueando as sobrancelhas. - Então é por isso que o Carlos desapareceu? Ele ficou sabendo?

- A coisa foi bem pior - respondeu Fred, jogando o mais longe que pôde o graveto. Depois olhou para David. - Ele foi até o lago comigo e viu o corpo.

- Precisamos ir achá-lo, ajudar... Sei lá.

Fred olhava para David com uma expressão cansada, quando desviou a atenção de novo para o portão.

- Acho que não vai ser mais necessário - disse ficando de pé e passando por David, que continuou agachado, seguindo o amigo com a cabeça.

Carlos surgiu entrando lentamente no quintal. Fred se aproximou, abraçou forte o amigo. Estava com olhos vermelhos e ainda um pouco ofegante.

- Carlos - disse Fred. - Eu sinto muito.


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