A mulher puxou Alex para um abraço e cochichou algo no ouvido do policial. Alex voltou rindo para perto de Benício sem dizer o que tinha escutado. Ben viu então a mulher tirar do bolso do vestido que usava duas pulseiras feitas de capim trançado, eram lindas. Ela entregou na mão de Alex, que amarrou uma no braço direito do rapaz e estendeu o seu próprio braço para Benício fazer o mesmo. O babá acabou fazendo sem entender para que servia aquele ritual, mas confiava em Alex.

Assim que Ben deu o último nó, a chuva voltou com força, as músicas e danças também.

- Vocês são lindos- Disseram um grupo de crianças que vieram ao encontro dos dois, falaram e saíram envergonhadas como se sentissem vergonha pela ousadia.

Alex puxou Benício pela mão, começou a andar em passos largos e depois uma corrida, levou o rapaz para longe de tudo aquilo, para uma região mais silenciosa onde aquela música já não tinha alcance. Ali Ben voltou a chorar, Alex seguiu correndo sem dar importância a isso, o babá o acompanhava sentindo as forças irem embora.

- Só mais cinco minutos, ok? - Falou Alex dando uma parada e limpando os olhos do babá. Voltaram a correr. Exatamente ao final dos cinco minutos, Ben e Alex chegaram próximos a entrada de uma casinha de madeira que ficava localizada no centro de um lago, a ponte era pequena o que acabou deixando Benício um pouco temeroso, mas diferente do que Benício pensou Alex não a atravessou, sentou ao chão e esperou o rapaz fazer o mesmo.

- Que lugar é esse Alex? - Ben falou sentando ao lado do chefe.
- Que lugar você acha que é Ben?
- O céu, o purgatório ou algo assim, sei lá.

Alex caiu na gargalhada

- Do que está rindo, que lugar é esse?
- Digamos que não é nada disso que você pensou. Esse é um casulo.
- Hã? Que porra é essa?
- Ei rapaz, essa é uma palavra feia para se falar quando pensa que está no céu.
- Desculpe, mas você acabou de dizer que não é, que é um casulo.
- Sim, é o meu casulo. O lugar onde refletimos sobre algumas coisas importantes na nossa vida. Aqui temos a oportunidade de rever tudo que estamos fazendo de errado e como a gente faz coisa errada sabia?
- Eu imagino, mas e depois daqui o que acontece?
- Eu não sei, acredito que uma metamorfose, mas não sei o que vai acontecer.
- Você precisa voltar, eu não vou conseguir viver sem você?
- Uau, isso é uma declaração de amor?

Ben fez silêncio.

- Uma das coisas que mais me deixou triste aqui foi ter percebido o como eu perdi tempo Benício, você deveria pensar nisso também, mas enfim.

Alex se levantou deixando Ben pensando sozinho.

- Eu vou sentir muito a sua falta, você não deveria ter partido assim, não dessa forma.
- Ben, nunca sabemos a hora certa, calculamos a nossa vida da maneira errada deixando tudo para depois. Sendo que somos colocados no mundo com um cronômetro com uma contagem regressiva, precisamos fazer as coisas no tempo certo, se não fudeu. Agora deixa de pergunta, levanta daí e vem tomar um banho comigo.

Ben olhou pra trás confuso com o convite e se assustou com o que viu, Alex já estava sem camisa e tirava a calça comprida. Olhou pra frente de imediato constrangido com a visão.

- Ei Benício, se ficar com essa bobeira toda vai perder o melhor mergulho da sua vida- falou homem dobrando as roupas e deixando ao lado do rapaz.

Ben viu nesse momento como era lindo o corpo do policial, viu sem medo do que Alex pudesse pensar disso. Viu a mão do homem se estender pra ele, se levantou com dificuldade, tinha um monumento em sua frente.

- Anda, tira a roupa.

O babá se virou de costas e fez o que o policial pediu, voltou ainda tímido para Alex que o encarava com um semblante curioso. Foram até a pequena ponte e pularam de lá, completamente nus, mergulharam numa região profunda, fizeram isso de mãos dadas, abraçados, como dois companheiros.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora