Léia's P.O.V.
Sinto o gelado do concreto em minhas costas. Acordo no chão da sala cinzenta novamente.
Dessa vez não sinto pressa, apenas me sento, passo a mão no rosto e bocejo.
Observo a sala, vazia. Há uma janela de vidro e uma porta, como de praxe. Não há bilhete, sirene, aviso. Absolutamente nada.
Estranho, penso. Talvez terei um dia livre.Então fico ali sentada, olhando para meus próprios pés, calçados em um all star branco velho. Vejo minhas pernas, tronco e braços vestidos em um moletom cinza, semelhantes ao uniforme que era obrigada a usar quando estava no manicômio no interior da Coreia do Sul.
Um arrepio deixa meus pelos eriçados. Deus me livre.
Me encolho contra a parede, mexendo em meu cabelo de tamanho mediano que, somente agora noto, está preto. Da mesma cor que estava quando me joguei ao mar...
Caramba, qual o sentido disso tudo? Caixas, vivências do passado. Parece tudo um grande borrão.
Espero que tudo isso tenha um bom motivo, no fim das contas.
[...]
Estou com meu corpo em bananeira, o sangue que não sabia ainda que tinha pulsando tão forte nas têmporas que o som chega a ser audível.
Passei horas (se minha percepção do tempo estiver certa) pensando, andando para lá e para cá, tentando me ocupar com algo, esperando por algo, mas tudo que pude presenciar foi a mim mesma.
Cansada, jogo meu corpo para o lado e fico totalmente jogada no chão frio. Alguns ossos estalam. É agradável.
Me levanto, me estico e ando até a janela de vidro. Grudo meu rosto na superfície transparente e faço sombra com minhas mãos. Nenhum sinal lá fora.
Me afasto e direciono minhas pernas para a porta, girando a maçaneta e sendo recebida pelo nada. Está escuro, mas não aquele escuro derivado da falta de claridade. O lugar em si é escuro e brilhante.
Tento observar algo; sem sucesso.
- É. Dia de folga - digo a mim mesma.
Assim que me viro para voltar ao interior da caixa, ouço o som de um gota caindo e seu eco ressoando.
Paro, me viro e presto atenção para ver se realmente ouvi o que ouvi. Silêncio, mas então mais três gotas ressoam ao longe.
Mais gotas. E mais gotas. Gota atrás de gota.
Não sei se é real ou ilusão de meu cérebro, mas sinto o cheiro do mar.
Fico mais alguns minutos parada à porta ouvindo o barulho d'água. É, tem água ali fora.
Ao dar um passo para trás para voltar à minha contemplação do tempo-espaço que minha caixa proporciona, ouço o som de grandes interruptores e ao longe vejo algo brilhar. Qualquer que seja a coisa, emite uma luz azul.
Respiro fundo, fecho a porta atrás de mim e ando em direção a luz. Passo após passo, a coisa azul se torna mais nítida: é um quadrado no chão, e além da luz azul, ela emite um som familiar.
É o som do oceano.
Tudo fica ainda mais nítido assim que chego ao local: é um tanque, um grande quadrado no chão com água salgada e ondas para lá e para cá. Como se fosse um pequeno pedaço do oceano em meio ao breu.
Fico tensa, pois não entendo o que um tanque esteja fazendo no meio do nada e, devido às circunstâncias de tudo que passei desde que acordei pela primeira vez naquele corredor, fico ligeiramente desconfiada.
Olho para os lados em busca de algo, de alguém.
Nada.
Fico aqui ou volto para a minha caixa como um bichinho amedrontado?Tomo alguns minutos para me decidir, mas assim que meu cérebro envia sinais para minha perna se movimentar, algo chama minha atenção.
Dentro do tanque há pequenas formas pretas, quadradas.
Dou um passo para trás.As pequenas formas pretas sobem à superfície aos poucos. Quando chegam, boiam.
Tudo continua quieto, salvo pelas altas batidas de meu coração - isso é possível?Mas então outro arrepio percorre meu corpo. Meus olhos, apesar de não muito úteis quando se trata de foco, vê perfeitamente o que são aquelas objetos: polaróides.
Aquele ali é o...?
Ando até a borda do tanque, me agachando e observando. São duas polaróides, com duas pessoas que conheço bem: Léia Carter. Park Jimin.
Por mais que meu cérebro grite para que eu me afaste, meu coração suplica para que eu pegue as fotos. E eu o faço.
Mesmo molhadas, o plástico conserva as imagens. Eu e Jimin no dia em que fiz o photoshoot com os meninos pela primeira vez. Nós dois em um dia de verão em Busan.
Sorrio ao ver as fotos e logo o tanque do oceano, se enfurecendo, me presenteia com mais polaróides. Pego uma por uma, fazendo um leque de fotos em minha mão esquerda.
Analiso uma por uma: diversos momentos entre eu e Jimin e entre nós e os meninos. Momentos que, pelo que me lembro, são semelhantes em um aspecto, o qual não sei dizer.
Estou observando uma foto tirada de Kook e Jimin em sua casa vizinha da minha quando, de soslaio, vejo que o tanque borbulha mais alguma coisa.
Automaticamente estico a mão para dentro d'água, mas o que encontro não é uma foto.
Sinto algo segurar meu pulso com firmeza.
Meus olhos se desviam das polaróides e focam para a cena do tanque, agora com água de aspecto alaranjado, e saindo dela, uma mão.
Uma mão forte que não me larga. Minha mão esquerda solta as fotos e vai de encontro ao meu braço direito, fazendo força para trás para que a mão misteriosa me solte.
Puxo, mas perco.
A mão me puxa para dentro d'água.
Logo, tudo que me rodeia são bolhas de H2O, e o tanque se mostra vasto e profundo como o oceano. Olho para todos os lados e não vejo absolutamente nada além da coloração laranja.
Contudo, ouço um som diferente das ondas quebrando acima de minha cabeça. Parecem risadas. Risadas conhecidas. Minha própria inclusa.
Reunindo força, tento nadar até a superfície para voltar à minha caixa o mais rápido possível, mas a mão misteriosa volta, dessa vez puxando meus tornozelos.
Grito, mas tudo que sai de minha boca são bolhas, enquanto vejo a superfície de ondas diminuindo a cada segundo que passa conforme vou afundando.
《》《》《》《》《》《》《》《》《》《》《》《》《》
Alô alô, boa noite!
Capítulo fresquinho para vocês!
Como vocês estão? Tudo certinho? Me contem o que vocês estão fazendo para se distrair na quarentena!
Deixo aqui um espacinho especial para vocês comentarem alguma teoria que ronda esse 3° livro. Fiquem livres para opinar e compartilhar suas ideias, adoro ver o que vocês pensam :)
Não esqueçam de deixar aquela estrelinha marota para ajudar ☆.
Bom, um beijo e até breve meus UniPOPcorns!!
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Save Me From The Fire {Min Yoongi} - Livro 3
Fanfiction[Capa da maravilhosa @chanbreak ♡] Um caminho entre dois finais. A última chance de Léia tomar as decisões certas. Talvez a última vez com eles? Jogue e descubra, mas lembre-se: "cérebro e coração trabalham juntos". 《COPIA ESSA BAGAÇA SÓ DE ZOAS P...