A noite não podia ser mais perfeita, relembrando os dois primeiros anos com carinho, apenas pulavam as partes ruins, a volta para casa foi animada, mas se seguraram até chegar no quarto, mas mesmo assim um tirou casquinha do outro esquentando e aproveitando aquele momento, o silencio dos parentes era maravilhoso e Stieng acabou se dando conta de que era muito bom não ter ninguém por perto o tempo todo ligando ou aparecendo em sua porta, finais de semana se tornaram raros entre os dois, sempre chamados para eventos, ou amigos ou parentes os visitando, a pipoca com guaraná e um bom filme já não existiam mais em suas vidas e via Julia o tempo todo da cozinha para a sala, da sala para a cozinha e só ele curtia a TV e os amigos, começou a gostar da ideia de se mudar para o Brasil por uns tempos, fazer sua pesquisa de campo como Julia sugeriu e começar a trabalhar e aprender a confiar mais nela e nele. Depois de fazerem amor, ficaram grudados um no outro, ele acariciava seus cabelos pensando na possibilidade da mudança e da adaptação, seria bom viver um tempo longe de sua mãe que o sufocava na maioria do tempo com suas cobranças e preocupações desnecessárias, tinha medo de que Stieng revelasse a Julia o que acontece com ele no passado, isso era um vergonha para ela, nem seu pai sabia do que aconteceu, manteve segredo sobre isso e o fez se calar e se sentir envergonhado e se fechou e quando teve oportunidade saiu de casa para viver na republica da universidade e de lá para seu apartamento que o pai lhe deu de presente, foi quando conheceu Sylvia em uma editora de redação quando foi levar seu primeiro livro para ser analisado, ela insinuou—se para ele que se encantou e a chamou para sair, depois disso não se desgrudaram mais, Sylvia era bem experiente no sexo e na verdade era isso que o prendia — mas amar? Não a amava, mas tinha se acostumado a ter alguém para lhe fazer um carinho ou um mimo — E foi quando aquela pequena e doce menina cai em seus pés, seu mundo girou e virou de cabeça para baixo, aqueles olhos verdes brilhando e tão enigmáticos e o toque suave de suas mãos e o cheiro doce que sua pele exalava no momento que a puxou para ficar em pé e suas palavras em seu ouvido traduzindo o que as moas mais assanhadas diziam em seu ouvido, era como se ela o desejasse, ele apenas escutava a ela. Caminhar pelas recepções com ela ao seu lado, sempre graciosa e delicada e tímida, mas traduzia com perfeição, gostava de olha—la enquanto traduzia, não tinha como evitar, era amor.
— Minha doce Julia. — diz ele em um sussurro.
Julia dormia em seus braços, se ajeitou para ficar mais confortável e beijou seus cabelos e fechou os olhos e se transportou para uma época calma da vida dos dois, morando em Nova York, precisava entender o que o fez sair de lá e voltar a morar em São Francisco se tido estava perfeitamente tranquilo entre os dois.
"Julia é perfeita, cozinha muito bem, cuida de tudo com perfeição, não reclama de nada e a casa vive impecável e perfumada, toda semana flores enfeitavam a mesa de jantar, sempre tinha um agrado, mesmo que trabalhasse em casa ela o mimava com doces e carinhos. Voltando de uma reunião ele chaga animado, recebeu uma proposta para trabalhar em um jornal e contar causos e pequenas histórias para divertir os leitores, mas teriam que se mudar para Nova York, Julia ficou animada e o encorajou em aceitar, seria bom ter uma mudança na vida dos dois, já que a família de ambas as partes pediam por um bebê, e nenhum dos dois estavam preparados para isso, principalmente Stieng que não se sentia seguro em dar segurança, sua casa mais parecia um presídio, com grades e alarmes nas janelas e portas, isso por que o bairro era tranquilo, mas aquilo era para ele mesmo se sentir seguro, teriam que equipar a nova casa ou apartamento, mas não importava, seria ótimo de sair dali. Tudo está arrumado e embalado, Stieng não renovou o contrato com Sylvia que aparecia todos os dias em seu apartamento para segurá—lo em São Francisco e na sexta se depara com a casa praticamente desmontada, Julia de joelhos no centro da sala embalando os últimos copos que faltavam, ela se revoltou ao ver que estavam decidido em sumirem de suas vistas, entrou e encarou Julia que era indiferente com seu olhar, ele notou, sua esposa fazia de tudo para não ser atingida por ela e pelos seus pais, era corajosa e equilibrada, já ele parecia ter uma necessidade de encrenca e viver nervoso e ansioso, a paz que Julia lhe dava era o ponto para não sofrer tanto.
— Não me diga que você decidiu mesmo em ir embora? Aposto que ela te convenceu de ficar bem longe de todos nós que te amamos e queremos o seu bem? —Diz Sylvia irritada olhando as caixas pela sala.
— Somos um casal e decidimos o que seria melhor para nós dois. E eu quero esse desafio. — Ele pega uma caixa grande exibindo seus músculos fortes usando sua camiseta regata surrada.
— Então vai desistir de ser escritor?
— Não Sylvia. Estou indo para Nova York, viver a vida de lá, pesquisar, trabalhar neste meio tempo e escrever com calma. Julia vai me ajudar e muito enquanto to trabalho e ela pesquisa para mim. — Ele volta a pegar outra caixa, estava colocando tudo perto da porta, logo o caminhão iria chegar e levariam seus pertences.
— Então renove o contrato comigo Stieng?
— Agora não. Quero me dedicar ao jornal Quero focar distante de reunião de editora e eventos chatos. Vou curtir minha esposa e a nova cidade. — Julia estava em silencio embalando tudo calmamente, nem parecia que Sylvia estava ali, isso aumentou sua ira por ela, como nunca percebeu seu tamanho ódio por Julia? E por que a deixava viver perto dos dois, aquilo não era saudável e ficou com raiva dele mesmo.
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SALVA-ME
RomanceJulia depois de anos morando fora do Brasil resolve voltar. Trazendo com ela a dor de deixar um grande amor e um casamento que ela pensou que seria para o resto da vida. Grávida, ela tenta recomeçar a vida. Só que seu ex-marido não suporta a solidão...