Julia e suas lembranças

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Tony está em contato com o jornal onde trabalhava comunicando que estava abrindo uma editora, sentia falta do pessoal da redação e de seus colegas de trabalho, mas abrir uma editora sempre foi seu sonho desde que conheceu Pedro, um professor de literatura muito simpático, amigo e um ótimo profissional, trabalhou com ele dois anos na redação do jornal como revisor, mas se sentia sufocado e voltou a dar aulas, pois era o que gostava mesmo até que um dia e em uma das reuniões para curtirem a noite paulistana e para beber com os amigos, surgiu à ideia e a vontade de montarem algo, pediu demissão e mergulhou de cara no projeto, agora faltava contratar uma secretária e comprar equipamentos de informática para começarem a trabalhar.

— Então Margarete, a documentação está quase pronta, já temos dois escritores que querem nossa analise e tudo indica que vamos prosperar, não é fácil no começo, mas estou confiante temos nome. Isso é o que facilita nossa vida Estou confiante.

— Eu ainda acho que foi uma loucura você ter se demitido para se enfiar nesse projeto Deveria ter garantido o emprego e depois que a empresa andar com as próprias pernas, aí sim você nos deixaria. Mas você é teimoso.

—Teimoso ou não, eu precisava me arriscar e não iria conseguir trabalhar em dois lugares ao mesmo tempo. Quero me dedicar 100% ao negócio, dinheiro tenho para me manter durante um ano ou mais.

— Sinto sua falta, mas desejo sorte e pode contar conosco aqui para te enviar clientes. Quero ver você feliz e prosperando.

— Obrigado Margarete. Assim que tudo estiver instalado e pronto quero ver você lá para nos prestigiar.

— Conte comigo Tony. Um grande beijo para você.

— Outro.

O dia amanhece ensolarado é março e ainda faz calor, a meteorologia previa uma onda de calor para aquela semana, Julia acorda animada, pelo menos quase um dia sem ouvir a voz de seu ex-marido, esperava que ele surtasse assim que chegasse em casa e não a encontrasse, homem controlador e possessivo, mas mentiroso e usurpador, era assim seu sentimento por ele, desejava que a mãe não ligasse para sua casa em São Francisco, justamente para não sair cassando a filha e jogar suposições de onde poderia estar, levantou e seguiu até o banheiro, Pedro já estava tomando café apreçado, precisava correr para a faculdade ali perto para dar aula, era tão perto que ia a pé, piscou para ela que acenou com a mão e entrou no banheiro e se olhou no espelho, estava desanimada e triste com sua vida amorosa, mas também estava animada para dar um rumo a sua vida, com apenas 29 anos podia muito bem apagar a sombra do marido e viver uma vida diferente e para ela mesma, não queria se apaixonar por enquanto, estava exausta, seu casamento a desgastou por completo, olhou para sua aparência e resolveu adotar a aparência relaxada, assim não chamaria a atenção por onde passar, só iria se arrumar caso arrumasse emprego de secretária, aí a conversa muda de figura e resolveu não tirar o aparelho dos dentes por enquanto e nem usar as lentes e contato, iria usar o velho e bom óculos redondo e enorme que tinha na bolsa e riu dela mesmo, tantos anos andando elegantemente, salto alto, maquiagem, cabelo bem feito e tratado e roupas finíssimas, agora iria adotar a calça jeans e camiseta e tênis — Está ótimo para mim. — Balança a cabeça em sinal de veemência, escovou os dentes, lavou o rosto e saiu arrastando o chinelo, Pedro já não está mais no apartamento e deixou um bilhetinho pedindo para que faça o almoço para quatro, iriam receber seus amigos.

— Mas que filho da mãe. Já começou a explorar.

Riu colocando o bilhete sobre a pequena mesa na cozinha e seguiu para a cafeteira, se serviu de café e pegou leite gelado na geladeira e encheu o restante da caneca e bebeu calmamente e escuta o seu celular tocar lá no quarto, mas nem fez questão de correr para atender, caminhou pacientemente e puxou o celular da bolsa e fez um buço e jogou sobre a cama e voltou para a cozinha, lavou a louça, voltou para o quarto, vestiu uma calça de moletom larga e uma camiseta, tênis e prendeu o cabelo de qualquer jeito no topo da cabeça e enfiou os óculos no rosto, foi à lavanderia e pegou rodo, muitos panos e vassoura e espanador e um balde com água e desinfetante que achou debaixo da pia e foi para a sala, começaria a faxina, arrumou os livros pacientemente que estavam no chão, colocando em ordem alfabética e empulhando um sobre o outro até ganhar espaço no ambiente e limpou o piso e deixou a mesa da sala de jantar totalmente limpa e vazia, podendo servir o almoço, passou aspirador de pó no sofá e jogou algumas mantas claras que trouxe no encosto do sofá dando um charme e elegância, a TV agora estava livre e compunha o ambiente, olhou agradecida e contente por ter conseguido dar um ar de casa naquele local e correu para a cozinha, já eram onze horas e nem sabia o que iria preparar, olhou o que tinha no congelador, nada lhe apetecia e resolveu ir ao mercadinho ali perto e comprar algumas coisas, apenas enfiou o dinheiro no bolso e o relógio no pulso e saiu.



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