Capítulo 3 - Kultran, o Templo das Nuvens

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Dr. Quantum, Capitão Roots e os demais tripulantes seguiram por dentro da floresta para o centro da ilha, escoltados pelos nativos. O clima era tropical, bastante quente e úmido. A natureza do espaço era bastante peculiar, com plantas e animais estranhos, como se aquele lugar estivesse parado no tempo. Pássaros coloridos e escamosos, lembrando pequenos lagartos com penas, voavam em bandos, livremente, sobre as copas das árvores. Os insetos pareciam vindos de uma era remota, como uma libélula verde de meio metro que planou sobre a cabeça calva do imediato.

- Não sabia que o doutor fazia truques de mágica! - disse o Capitão, mais interessado do que temeroso.

- Não são truques.

- Então, como chama essa coisa do fogo que você fez?

- É magia! Sou um alquimista, capaz de compreender alguns dos mistérios da natureza e usá-los quando necessário.

- Então, você consegue transformar uma pilha de pedras em ouro? - os olhos do capitão brilharam ao pronunciar a palavra final.

- Não, Capitão! - respondeu, divertido. - Não é assim que acontece. Você precisa usar elementos equivalentes e reativos, para a magia funcionar. E tem que ter muitos anos de estudo e treino, também!

- Ah, sei... - finalizou a conversa, murchando um pouco o seu entusiasmo.

Os guerreiros de lanças e flechas conduziram o grupo até uma aldeia no centro da ilha, no sopé de um morro. As casas eram ricamente trabalhadas em madeira, com tetos de palha e desenhos de símbolos geométricos. As mulheres e crianças olhavam para eles desconfiados, mas também curiosos. Eles não deveriam ter visitantes de fora da ilha com muita frequência.

O líder com cabeça de águia os levou por uma escadaria de pedra que subia o morro em curvas, ficando cada vez mais íngreme, até alcançar uma construção colossal rodeada de pilares. No centro, jazia uma grande pirâmide escalonada com uma abertura frontal de quatro metros de altura, ricamente adornada por afrescos com pássaros e outros seres alados desconhecidos. Ao entrarem pelo imenso portal, pendiam imensas tochas de fogo das paredes laterais, e era possível ver que o alto da pirâmide não tinha teto. Era possível avistar as primeiras estrelas que anunciavam a chegada do crepúsculo.

No meio do templo, encontrava-se um homem com vestes cobertas inteiramente por penas, feito asas nos braços. Em sua cabeça, o maior cocar que toda a tripulação já havia visto em anos de exploração pelos mares da América.

Ao seu lado, estava uma jovem mulher com o corpo todo grafado de desenhos pretos e vermelhos, em retas paralelas, ziguezagues e pontos. Suas partes íntimas estavam cobertas por penas delicadamente costuradas com fios dourados, e usava pedras preciosas e coloridas, unidas na forma de cintos e colares.

Notando a admiração do doutor, o homem do templo, que aparentava uma idade bastante avançada, apoiou-se em seu cajado e começou a falar:

- Quem és tu, viajante dos mares?

- Sou Dr. Quantum, filho de Ricardo e neto de Robert Quantum. Como sabe falar a nossa língua?

O senhor do templo sorriu, mas logo ficou sério novamente. Olhou para o alto, para o céu estrelado e suspirou profundamente, antes de continuar:

- Seu avô visitou nossa ilha há 30 anos, e ensinou muitas coisas para o nosso povo. E também deixou coisas inacabadas.

- Que coisas? O que aconteceu com ele?

- Robert era um explorador e, também, senhor dos elementos da natureza. Ele encontrou nossa ilha pelas águas do mar, mas almejava deixá-la pelo ar, voando no céu como um pássaro sem penas.

O velho guardião do templo de Kultran entristeceu seu olhar. Recordando passagens de um tempo há muito vivido, continuou:

- Antes de concluir seu feito, ele sucumbiu de um mal incurável. Uma doença comum ao nosso povo, mas que foi mortal para o viajante estrangeiro.

Dr. Quantum baixou seus olhos. Apesar de saber da probabilidade quase certa de que jamais encontraria seu avô vivo, ainda assim, sentiu pesar pela confirmação de sua perda. Esforçando-se para seguir seu plano inicial, ele falou:

- Meu pai, Ricardo, passou a vida inteira continuando os estudos do meu avô, em busca da criação de uma máquina magnífica que fosse capaz de atingir o céu e voar como os pássaros. Ele sabia que Robert havia encontrado uma maneira de fazer isso, mas precisaria da força reativa de um elemento que faltava, algo que não existia em nosso mundo comum. De acordo com os antigos manuscritos deixados por ele, havia indícios de que este elemento seria encontrado aqui, nesta ilha, no meio do Oceano Atlântico. O combustível capaz de fazer a máquina voadora funcionar. Você sabe alguma coisa sobre isso? Meu avô deixou algo antes de morrer?

O ancião o observou com cuidado, até então decidir:

- Venha, jovem Senhor das Nuvens. Vou mostrar o que seu avô deixou para você antes de partir.


806 palavras

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O que o sacerdote de Kultran vai mostrar para o viajante alquimista?

Qual será o elemento que Robert Quantum descobriu para fazer a magnífica máquina voadora funcionar?

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