Betrayal

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Era um barulho estranho, distante. Nem parecia deste mundo.

Agitação. Sons no grande portão de ferro. Dezenas de mãos forçando as bem adornadas grades. Um estrondo que lembrava um trovão. Passos apressados e gritos no pátio.

Uma voz e depois outra repetiam coisas confusas. Até que algum homem gritou:

- Morte ao rei!

Harry se sentou rapidamente, suas íris verdes dilatadas. O coração na garganta, a mente confusa. Era alta madrugada. Seus cachos fartos caiam sobre os olhos e ele os retirou da frente, nervoso.

Sua porta se abriu de repente.

O coração do príncipe quase parou e ele estava a um segundo de gritar quando distinguiu a silhueta da irmã contra a luz pálida da meia lua. Colocou-se de pé em um pulo.

- Rápido, Harry!

Ela o pegou pela mão. Harry só teve tempo de esticar a mão e pegar seu roupão azul escuro, o qual colocou desajeitadamente enquanto a irmã mais velha corria o puxando, ela mesma trajava um roupão igual, mas azul claro.
As cores do brasão real.

- Gemm, o que tá acontecendo? Me explica! – ele apertou a mão dela.

É claro que o príncipe tinha ideia do que estava acontecendo, mas era tudo tão confuso! Parecia um sonho maluco!

- Eu não sei quem são, só sei que...

A princesa foi interrompida por um forte estrondo. O barulho só poderia ter vindo da grande porta de madeira pintada de branco com entalhes em ouro que dava acesso ao interior do castelo. Estava sendo arrombada.
Ambos pararam no meio do comprido corredor. Os quartos reais ficavam no andar superior.

- Onde estão nossos cavaleiros?! – Harry estava assustado e nervoso.

Gemma apertava sua mão, as palmas frias não só pelo frio da madrugada, que ali dentro não era tão grande assim, mas também pelo nervoso que sentia.

Aquilo era uma revolta não era? Mas por que, se Robin era um rei bondoso? Não haveria um motivo, Harry não conseguia pensar em um!

Onde estavam os cavaleiros da guarda real? Seus quartos se localizavam nas laterais do castelo, as portas davam direto ao pátio para que pudessem ser a linha de frente entre o soberano e o que quer que fosse.

- Eu não...

Gemma foi interrompida novamente, mas dessa vez pela sombra da rainha, vindo em direção a eles.

Rainha Anne I de Angle Terre usava um roupão azul e branco, como o dos filhos. Diferente da camisola de dormir de Gemma, a sua era composta de camadas a mais, adornada com bordados. Era um presente de alguma terra distante, único e digno de sua condição. No entanto, ela seria dada como uma mulher nobre descabelada por motivo de loucura, pelos fios emaranhados e as pupilas claras dilatadas de medo.

Correu até eles e os filhos pensaram que ganhariam um abraço caloroso e palavras reconfortantes, mas a rainha se ajoelhou, ofegante. Segurou os braços de ambos, colocando Harry ao lado da irmã.

- Ouçam, precisam sair pelos túneis ocultos. O pai de vocês correu por outro caminho para se encontrar com a guarda, mas temo... se chegaram tão longe...

Ela baixou os olhos. Pareceu pensar sozinha por longos segundos.

- Mamãe, o que está acontecendo?

Harry se sentia tão angustiado que seria capaz de sacudi-la.

Anne voltou novamente a olhá-los ao ouvir sua voz. Os sons agora pareciam mais altos. Não havia tempo.

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