Pombo-Correio da Meia-Noite

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Eu vejo esses olhos ameaçadores me encarando.

Corro. Escondo-me. Tento fugir.

Não quero receber a mensagem nefasta que essa ave veio me trazer.

Sinto o arrulhar fantasmagórico em meus ouvidos.

Do alto do telhado esse pássaro funesto me vigia.

Oh! Besta agourenta que me persegue.

Trazendo a notícia da tragédia iminente.

Defendo-me. Ataco. Não consigo enxergar nessa cortina de trevas.

De quem é o sangue em minhas mãos?

Será que é meu? Ou será dessa criatura maquiavélica?

O medo não me permite olhar para trás.

Então, eis que tropeço no corpo que jaz sem vida no chão.

O horror desta cena me atordoa.

Esse olhar frio e vidrado assombra os meus pensamentos.

Já não sei mais se é ele ou se sou eu.

Escuto o badalar da meia-noite que eu não pude evitar.

E uma voz que não parece humana me diz:

"Corra Edgar, corra. Corra por sua vida."

Obedeço mais do que depressa e sumo.

Fundindo-me à escuridão.

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