10: é mais fácil falar do que fazer

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harry


Tinha algo diferente sobre ela.

Eu não sabia dizer o que exatamente, mas alguma coisa tinha mudado.

Talvez tivesse algo a ver com o fato de que ela me viu sem roupas. Eu não podia culpá-la por ter se deslumbrado. Eu era arruinado por dentro... Por fora, no entanto, tinha que reconhecer que fui abençoado.

Ou talvez fosse porque seu subconsciente tinha deixado claro que apesar de ela não aceitar, apesar de lutar contra, Melissa me queria. Ela me beijou.

Eu podia quase sentir o seu desejo no ar, então, claramente, decidi que tornaria a sua vida mais difícil. Nossos esbarrões e trombadas casuais não estavam sendo mais tão casuais assim. E confesso que estava sendo uma delícia torturar a garota curiosa.

Ela estava olhando para mim. Não só olhando. Tinha passado a me analisar, correr o olhar por mim como se estivesse imaginando o que eu poderia fazer com ela. O que teria a oferecer.

A pura Melissa estava tendo pensamentos nem tão puros assim.

Foi assim na tarde do dia anterior, quando ela estava sentada na cerca com aquele livro estúpido sobre pum de princesas. Ela tentava esconder o rosto entre as páginas, mas vez ou outra os grandes olhos curiosos espiavam por cima do livro e praticamente me comiam.

Eu estava inocentemente pintando o galinheiro e lá estava Melissa, fantasiando sobre nós dois. Foi uma surpresa troca de papéis.

Eu mesmo estava me sentindo um tanto quanto diferente. O seu discurso e o seu beijo me deixaram intrigado. Ela confirmou que havia uma verdadeira Melissa. E praticamente jogou na minha cara que queria o verdadeiro Harry. Isso me deu o que pensar.

E era isso que estava passando por minha cabeça quando interrompi a pintura do galinheiro e me distraí olhando para os lábios dela. Lembrando-me da sensação de sentir aquela boca macia e rosada.

Percebendo a minha atenção, Melissa suspirou e ergueu as sobrancelhas, ainda fingindo ler o livro infantil.

— Uma vez alguém me disse que é feio encarar – alfinetou, divertida.

Quando ela devolveu o meu olhar, eu quase fiquei sem jeito por ter sido flagrado. No entanto, notei que seu livro ainda estava de cabeça para baixo, como tinha estado nos últimos vinte minutos. Isso me fez recuperar o meu controle.

— Você encarou o meu pau e eu não posso olhar para a sua boquinha?

Mel abriu a boca, ultrajada.

— Você é um idiota – pôs-se de pé.

— Vamos lá, você tem que concordar que eles formam um belo par!

Ela balançou a cabeça para si mesma e apertou o passo, praticamente correndo de mim para dentro da casa, deixando-me rindo para trás.

Foi uma tarde divertida. E agora, no dia seguinte, estava sendo uma noite tão divertida quanto.

Melissa estava perdida em pensamentos durante o jantar, alheia à conversa dos amigos ao seu redor.

Decidi que queria um pouco da sua atenção, então rocei o pé nela por baixo da mesa, fazendo-a saltar de susto.

— Pode me passar o sal, por favor? – pedi, usando a falsa inocência que ela tanto odiava.

A ruiva travou os dentes e apertou os olhos, irritada.

— Você está quebrando a regra número dois – resmungou, deixando de me encarar para fitar seu prato cheio. — E, se quiser o sal, pegue você mesmo.

Fuck Me [HS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora