Parte Três

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Parte Três

As pétalas

~*~

Silmara se voltou assustada para a voz que a tirou de seu pequeno transe.

- Boa noite, senhor. – Ela respondeu educada, mas um pouco desconfiada.

- Apreciando o aroma das rosas? – Ele perguntou aproximando o belo rosto da roseira. – Não há nada mais agradável do que esse aroma, não é mesmo? – Havia algo perigoso e sombrio em seus olhos e ela rapidamente desviou o olhar.

- Sim, amo-as por completo.

- Até mesmo seus espinhos? – Um sorriso brotou nos lábios do desconhecido.

- Bem, se não fossem os espinhos ela não seria tão preciosa e bonita.

- Tem razão, senhorita? – Perguntou estendendo a mão.

- Silmara. – Respondeu com um sorriso afetado.

- Prazer em conhecê-la, Silmara. – Ergueu sua mão até os lábios. – Chamo-me Gabriel. – Olhou em seus olhos e conseguiu o que queria, ela estava presa e subjugada. – Ainda pode me ouvir, Silmara?

- Sim. – Sua voz saiu débil.

- Ótimo. – Seu sorriso se alargou. – Quero que pegue uma rosa para mim. – Ela estendeu a mão tomando cuidado para não se machucar com os espinhos. – Não, não, Silmara, quero que pegue pelo caule. – Ela não o questionou e quando sua mão se feriu com os espinhos apenas uma discreta careta de dor e nada mais. – Perfeito, senhorita. – Seus caninos se afiaram com o aroma doce e sedutor do sangue dela. Ele pegou a rosa e a aproximou de seu nariz, mas nada era comparado ao sangue. Guardou a rosa no bolso de seu paletó. – Dê-me sua mão, Silmara. – Ordenou ávido.

Ao primeiro contato da mão quente a sua, Gabriel fechou os olhos de antecipação antes de percorrer a língua por toda a palma ferida dela. Ah, como era delicioso o sabor de seu sangue! Há muito tempo ele vinha procurando algo tão envolvente como um vinho encorpado que costumava apreciar antes de se tornar vampiro. Ele sugou os pontos vermelhos com prazer até que não lhe era mais suficiente, precisava de mais, muito mais.

- Venha, querida Silmara, precisamos de um lugar mais reservado.

Ela o seguiu sem ao menos pestanejar. Já não era mais dona da própria vontade, faria tudo o que ele lhe ordenasse. Gabriel olhou para os lados antes de encostá-la a uma das árvores mais afastada da Praça, voltou o olhar para sua pequena e deliciosa presa. Havia um que de inocência em seu semblante que o fez se lembrar de uma de suas primeiras vitimas, sua própria irmã. Contudo esse pensamento não foi o bastante para impedi-lo. Ele iria mata-la sugando todo seu sangue. Não pararia por nada. Nunca nada foi capaz de pará-lo.

Usou a longa e suja unha para furar o pescoço pálido e perfumado, vendo com prazer ele ser pintado com o vermelho vivo e quente. Estava fascinado demais que não percebeu que Silmara aos poucos voltava de seu transe. Não suportando mais a tortura empregada por ele mesmo, Gabriel fechou a boca no pescoço dela, deleitando com o sabor e a pulsação acelerada.

Silmara despertou completamente quando a dor insuportável a atingiu como uma bomba. Ela começou a se debater e gritar, mas uma mão cobriu seus lábios e como defesa ela o mordeu sentindo o gosto de sangue e sujeira. Ela tentou, porem nada que fizesse era o bastante para que ele a libertasse e quando finalmente a escuridão começou a tomar forma, duas figuras a distancia se aproximavam em seu socorro. Ela só esperava que chegassem rápido o bastante para impedir sua morte.  

A Rosa de Sangue - Um conto de Amor e SangueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora