06 de Novembro de 1925

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06 de Novembro de 1925

O jovem Acaua está um pouco mais tranquilo hoje. A coordenação de esforços de guerra mantém o padre Harald ocupado, e me parece que o jovem fica menos tenso sem a sua presença. 

Ele não quis me contar uma história hoje. Mesmo estando mais calmo, seu humor não retornou completamente ao normal. Eu lhe contei sobre o Rei Arthur. Bom, uma versão minha do Rei Arthur que se encaixa melhor ao nosso atual estado. 

Nessa versão o jovem Arthur é impedido de ir para uma batalha por ser muito jovem. Revoltado com seus anciões por duvidarem do seu valor, ele decide seguir o seu próprio caminho e encontrar a glória por si mesmo. O restante da história é o mais próximo possível que consigo lembrar sobre os Cavaleiros da Távola Redonda.

Você costumava achar que eram os Cavaleiros da Tábua Redonda. Lembra, Marie? Hahaha. Você foi uma criança tão imaginativa, e com uma criatividade sem igual. Corria pela casa com o banquinho redondo da sua mãe como escudo, bradando que era Marielot, a mais brava guerreira do grupo.

Acaua ficou fascinado pelo Arthur. Foi a sua preferida até agora, em partes por uma certa girafa que foi adicionada para um efeito mais emocional à história. Não me julgue, Marie. Eu preciso da ajuda do jovem guerreiro se irei fugir daqui de alguma forma.

Ele me questionou muito sobre a Excalibur. Como o rei conseguira arrancá-la da pedra?  De que forma os cavaleiros lutavam com espadas? E me pediu para ensinar-lhe como era a arte da guerra com elas. Lhe disse que se tivéssemos espadas o ensinaria. Ele me disse que isso não era problema. Eu não faço ideia do que queria dizer com isso.


  06 de Novembro de 1925 - Parte II

Harald voltou para me questionar sobre os mesmos temas de ontem, mas sigo sem ter nada a lhe dizer. Hoje trouxe algo novo à sua interrogação. Me perguntou repetidas vezes em que ponto do ciclo eu havia chegado ali, e quando eu não pude responder sua frustração foi visível. Não sei a que ciclo se refere.

Ele me deixou um recado muito perturbador antes de se retirar. Que eu tivesse uma longa e reflexiva noite, e estivesse mais disposto a colaborar no próximo dia, ou ele seria obrigado a ser desagradável.

Acredito que está pensando em me torturar, Marie. Preciso sair daqui logo. Agora tenho certeza de que não estou seguro nessa aldeia, e acredito que ninguém esteja. Tenho que descobrir que influência esse padre tem nessas pessoas. Por que o seguem?

E que ciclo é esse? É assim que ele e Percy conseguem navegar pelo tempo com a aldeia? Eu já havia notado um certo padrão. Vou analisar minhas notas esta noite e ver o que consigo descobrir. Preciso passar um longo tempo com o diário em mãos, e só tenho um pouco mais de tranquilidade para isso pela noite. Os guardas noturnos ficam ao lado de fora da minha oca.

Volto a escrever em breve Marie. Sinto que estou chegando próximo dos segredos que envolvem a aldeia. Como sempre, deixo todo meu amor e minha saudade registrados para você. Até breve, Girafinha.

O Diário de Igor Jankov (Pausado temporariamente)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora