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Poema para as pedras  de gelo que boiam no resto da minha última dose de uísque.

Alguns fortes sobrevivem. Outros apenas lamentam.
Os espertos ficam nas sombras. Sussurram nos ouvidos dos cegos. Esbarram nos medos dos fracos.
Os fracos rastejam. Os loucos vivem. Não ligam para a razão. Já não a possuem.
As pragas atacam. Os fortes reagem. Os fracos tomam fôlego. Hora de ter coragem.
Os mudos vacilam. Gesticulam aos cegos. Não podem ver a nobreza de nenhum ato de bondade.
Os dóceis rosnam. Os surdos percebem. São tantos dentes rangendo. É tanto sangue no olho.
Os fracos levantam. Guiam os cegos. Atacam os fortes. Bandos de loucos. São mudos de ideias. São surdos de sensatez.   De tão emudecidos, agora gritam e apenas gritam.
Os espertos fraquejam. As pragas praguejam e nada mais fazem.
A dor é do outro. O problema é seu. Não adianta fugir. Ou se esconder. Não pode enfrentar. Não pode negar combater.
Sabe que é cego e também é surdo e também é louco. Mudo nunca foste, mas nunca soube o que dizer.
Mas agora sabe. E diz. Boa noite. E morre. De raiva.

Niilismo Motivacional - Poesias para o mundo cãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora