- Ainda bem que você sabe. Daqui a quinze minutos nós encontramos lá fora, tem muita gente aqui e não quero testemunhas.

- Tem certeza que você quer fazer isso Ayla?

- Toda certeza desse planeta.

Seguiram para suas respectivas salas e após a aula encontraram-se no jardim da universidade como tinham combinado. Vários estudantes se espalhavam pelo local.

- Venha! - chamou Ayla saindo de perto de um grupinho que conversava animadamente.

- Aqui está! - disse Derya entregando um papel nas mãos de Ayla - E nunca mais me peça nada. Tive que comprar um óleo perfumado caríssimo para que a Gulsen pedisse ao irmão que assinasse isso e estou me sentindo uma criminosa. Não quero nem imaginar se Murat descobrir, ele vai arrancar nossas cabeças e jogar no fundo do Bósforo.

- Deixe de drama Derya, ele não vai saber! - falou Ayla toda feliz olhando para o papel em suas mãos.

Tinha pedido a Derya que conseguisse um atestado de consulta médica para entregar ao professor e ser liberada da aula. Iria para Avenida İstiklal o centro de compras e lazer mais famoso de Istambul, e iria sozinha, sem as rédeas de Murat.

- Que maravilha! - Pensou ela.

Derya e Ayla não costumavam sair sozinhas, mais uma regra da sua conservadora família, sempre Murat estava ao lado delas ou ficava de longe as observando. Às vezes ela conseguia escapar. Na calada da noite já se encontrou com suas amigas para ir a uma boate ou a praça apenas para conversar. Já foi pega chegando em casa pela manhã e teve que contar ela mesma aos pais que fizeram um discurso de como era perigoso uma jovem sair sozinha a noite, mas geralmente não eram muito severos, nem tão conservadores quanto seu avô.

Ela sabia que não era dócil, às vezes se perguntava de que havia herdado todo esse gênio. Seu avô sempre dizia que ela parecia com uma irmã dele que já havia falecido, geniosa e caprichosa. Ele quem tinha escolhido seu nome assim como os dos outros netos. Seu avô achava seus pais muito tranquilos então ele lhe deu um nome forte para balancear a família, os turcos tinham esse tipo de superstição.

O avô dizia que se pudesse voltaria no tempo para escolher outro nome para ela, pois esse não teve o efeito esperado. Ayla é um nome hebraico que quer dizer carvalho e assim como a árvore ela era difícil de "derrubar", quanto mais tentavam controlá-la mais desafiadora se tornava. Sabia que seu avô Mustafá a amava e se preocupava muito com ela, mas sempre agia com mais firmeza quando as decisões se tratavam da vida de Ayla. Ela sabia convencer os pais e algumas vezes seu primo, mas o seu avô não facilitava.

Ayla entrou na sala de aula e falou com o professor, mostrando o documento assinado de que ela teria consulta médica naquele dia, então ele lhe deu uma liberação por escrito que ela entregou na portaria e saiu se sentindo muito feliz. Ninguém iria estragar aquele dia.


◤₪₪₪₪₪₪₪₪ Δmor em Istambul ₪₪₪₪₪₪₪₪◥


Murat estava concentrado em sua atividade de biologia quando seu amigo de sala sentou-se a seu lado lhe perguntado:

- Você e Ayla estão mal outra vez?

Sem desviar a atenção do que fazia ele respondeu:

- Qual o dia que não estamos? - curioso olhou para o amigo - Mas por que a pergunta?

- Por que ela acabou de passar pela portaria sozinha!

Murat fez cara de surpreso. Não acreditava que ela tinha aprontado mais uma. Pediu licença ao professor e foi à sala de Ayla, olhou pelo pequeno vidro da porta e constatou que ela não estava lá. Pegou o celular e ligou para ela que não atendeu. Lembrou de Derya, se alguém sabia onde ela poderia está era sua irmã, subiu as escadas já discando o número, ela atendeu falando baixinho:

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