8. Fantasmas do Passado (p.5)

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Já era tarde, e Arthur e Lívia estavam no quarto dela. Diana havia feito ela treinar pela manhã, mas disse que tinha que cuidar da preparação de algumas poções durante a tarde, então ela tinha o resto do dia livre, apesar dela desconfiar que a feiticeira também estivesse um pouco arrependida de ter sido tão dura no dia anterior.

Lívia pediu que Diana ligasse para Arthur e o convidasse pra vir a casa dela. Em meia hora ele já estava lá.

Notou que Arthur parecia diferente, e quando lhe disse isso, ele riu respondeu:

— Cortei o cabelo.

Lívia imaginou que devia ter estado muito cansada no dia anterior para não notar. Agora, sem o cabelo caindo no rosto, ele estava ainda mais bonito, se é que era possível.

Apesar disso, guardou o comentário para si mesma, considerando que Arthur já se achava bonito o suficiente.

Ele lhe havia trazido uma caixa, dizendo que era um presente para ela que Diana havia pedido pra ele comprar.

— Um celular? — perguntou Lívia com as sobrancelhas arqueadas, examinando o conteúdo na caixa. Era uma grande tela preta com alguns poucos botões nas laterais. — Eu não faço ideia de como usar.

— Eu posso ensinar — disse Arthur.

E assim foram algumas das horas seguintes. De inicio o aparelho pareceu um bicho de sete cabeças, mas por fim, Lívia achava que havia aprendido.

— O que é isso? — perguntou Arthur pegando o livro que estava com a capa virada para baixo em seu criado mudo. Ele examinou a capa e bateu na própria testa. — Rei Arthur e Os Cavaleiros da Távola Redonda. Você me pediu varias vezes e eu não trouxe.

Lívia riu despreocupada e fez um gesto de desdém com a mão que não estava segurando o celular.

— Não se preocupe com isso, Diana me emprestou.

— Você leu? — ele perguntou.

Lívia assentiu e colocou o celular de lado, bloqueando-o antes com a tecla lateral, como Arthur havia ensinado.

— Sim. E achei bem interessante. Menos a parte em que Arthur se apaixona por Guinevere. Achei um pouco entediante.

— E de que parte você gosta então?

— Quando Vivien e Morgana enganam o Merlin. Aliás, achei elas maravilhosas. O que são? Feiticeiras? Não consegui entender muito bem.

Arthur parecia surpreso.

— Você gosta das vilãs? Como pode gostar delas!?

Lívia deu de ombros se desculpando. Era sua opinião sincera.

— Então você deve gostar de quando Vivien mata o Merlin. Certo? — perguntou ele, mas pela sua expressão, não parecia crer que isso fosse possível.

— Sim, e também de quando Morgana entrega a bainha de Excalibur pra Acalon. Ai vem a parte da batalha, onde o Rei Arthur deveria ter morrido, mas Vivien surge pra atender o ultimo pedido do Merlin e salvar a vida de Arthur.

Ele balançou a cabeça inconformado.

— Você não pode gostar das vilãs. Elas são ruins.

Lívia riu. Arthur parecia levar aquela história muito a sério.

— São só personagens, Arthur, não pessoas de verdade.

— Ainda bem — disse ele. — Eu as odiaria se fossem pessoas reais.

A discussão se estendeu pelo resto da tarde. A noite, quando tiveram fome, prepararam um jantar, mas nem sinal de Diana.

Lívia notou que Arthur já começava a ficar desinquieto com a ausência da feiticeira.

Anjo de ÁguaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora