49 - A busca

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UM MÊS ANTES...

— Sigam naquela direção — Apontou o investigador — Já temos alguém a caminho da estrada que fica atrás desta mata?

— Passei um rádio para a central e eles já enviaram um veículo de apoio.

— Quero dois veículos, um de cada lado da estrada, pois ele pode ter deixado um carro preparado...

— Farei como pede, senhor!

Thompson tinha em mente que o professor planejara tudo antecipadamente, cada movimento, antes que a encenação na MES tivesse início.

Mesmo assim exigiu um empenho de todos os envolvidos, pois ele tinha o aval do comissário, pressionado pelo palácio de Buckingham, para conseguir capturar o fugitivo.

Paralelamente um retrato do professor foi encaminhado para a imprensa e órgãos de segurança, enviando um alerta geral para prisão do suspeito.

Turner, pessoalmente, conduziu um grupo de policiais pela mata, até chegar a estrada e nem uma pista de Adam encontraram.

Na manhã seguinte um helicóptero da central sobrevoou toda a extensão do local, que não era tão grande, e também não houve nenhuma novidade a relatar pelos seus ocupantes.

No fim, os detetives encarregados tiveram que fazer os seus relatórios e assinar como responsáveis pela falha cometida por todos, pois o comissário precisava colocar a culpa em alguém, antes dele mesmo fazer o seu próprio despacho.

💠💠💠💠💠

Um mês após a fuga do professor Green, ficou decidido numa esfera maior que a Scotland Yard ficaria responsável pelo caso, e uma equipe foi enviada para coletar todos as informações que os detetives possuíam.

Thompson ficou feliz em ver Nanna entre os detetives da Scotland, mas ela não parecia demonstrar a mesma alegria.

— Como tem passado? — lhe perguntou casualmente.

Ela vestia um conjunto comportado que não combinava com o calor do Verão de 2013.

— Por sua causa, estou perdendo as festividades de Londres — Nanna disse seria, mas em pouco tempo não conseguiu resistir, deixando um belo sorriso transparecer e abraçou o investigador.

— O que os senhores têm para nós? — perguntou um dos acompanhantes dela, que parecia ser bem jovem.

— Vamos com calma, meu rapaz — interveio Turner — Venham comigo que eu lhes mostrarei tudo.

Thompson ficou sozinho com ela e não conseguiu deixar de sorrir.

— Conseguiu uma efetivação?

— Ah, sim, agora sou uma das temidas detetives da Scotland Yard.

— Meus parabéns! Já saiu para comemorar com seu namorado?

O semblante de Nanna mudou na mesma hora.

— Não o vi mais, desde a apresentação na MES. Acho que acabou...

— Sinto muito...

— Sente mesmo? — disse ela insinuante.

— Sinto, mas, a senhorita quer dizer que acabou o que exatamente?

— O meu trabalho junto a ele e o nosso relacionamento, mas é claro que não poderia dar certo mesmo...

— Como ele reagiu ao descobrir sobre o seu trabalho disfarçado?

— Eu não lhe contei e é por isso que nosso caso não poderia seguir em frente. Um relacionamento baseado em mentiras é fácil de terminar. Mas vamos falar de trabalho...

— E é disto que eu estou falando — disse o investigador a conduzindo até uma mesa.

— Você ainda suspeita dele, Richard?

— Alguém alertou o professor sobre nossas investigações e foi assim que ele decidiu fugir...

— Mas e a carta do Sr. Taylor?

— Do primo da nossa principal suspeita?

— Então você já sabe?

— Tive uma conversa com a Srta. King no dia em lhe demos a notícia da sua liberdade...

— E o que achou?

— Mais uma encenação do que uma prova. Não acredito que tenha sido a carta que o tenha espantado. Até porque o professor já sabia quem ele era...

Nanna colocou sua mão sobre a de Thompson, depois percebeu o que estava fazendo e a retirou rapidamente, vendo o brilho do sol refletir em sua aliança.

— Me conte tudo, Richard, por favor...

— Só se me prometer que vai me deixar continuar ajudando neste caso, de alguma forma.

— Eu não sou a encarregada do caso, só vim coletar os dados e a papelada toda, mas é claro que eu vou ficar conectada com você, meu inglesinho lindo...

— A senhorita não existe! — disse ele rindo.

Thompson passou para ela todas as informações descobertas por ele e seu parceiro, e também quase todas as suposições que fizeram e as conclusões que chegaram.

— Só não vou falar sobre o diário da Srta. Campbell. Quero que o leia calmamente, depois um dia nos encontraremos para falar especificamente dele.

— Nossa! Quanto mistério...

Os acompanhantes dela retornaram carregando duas caixas lotadas de documentos, enquanto Turner com as mãos abanando, lhes falava sobre coisas triviais, somente para irritá-los, percebeu Thompson na hora.

Nanna abraçou novamente o investigador e cochichou algo em seu ouvido, arrancando um olhar malicioso do seu parceiro.

— Agora é com eles! — disse Turner quando os detetives se foram.

— Não totalmente! Arranjei uma forma de nos manter a par de novidades sobre o caso.

— Através de uma garota?

— Exatamente! — respondeu Thompson sério — Que já morreu há muito tempo...

Ele explicou para o parceiro o seu trunfo em referência ao diário e ele pareceu compreender.

— Então conseguiu fisgá-la através da curiosidade?

— Eu não usaria esse termo, mas sim, consegui atrair a sua atenção...

— E o que espera conseguir?

— Uma pista que nos leve direto ao professor, antes que outra pessoa o encontre.

— Do que o senhor está falando?

Thompson tratou de explicar a nova teoria que tinha em mente, algo que não comentara com a bela Nanna, pois não tinha prova nenhuma sobre aquilo, somente uma suspeita.

— Entendo! — disse Turner no final da explicação — E pretende que eu o ajude nisso, eu suponho?

— Estamos envolvidos demais neste caso...

— Até os ossos! — completou o parceiro.

Turner retornou para dentro da central enquanto ele ficou ainda por um tempo admirando o céu limpo e vendo uma formação maciça de nuvens no horizonte, como era de se esperar.

— Eu faço contato, Richard, lhe prometo — foi o que ela lhe disse no seu ouvido, mas ele, por alguma razão desconhecida, movido talvez pelo seu tirocínio, duvidava que Nanna cumprisse a palavra.

Encenação MortalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora