3° lugar no Concurso "Wattpad Brasil" Ficção Adolescente 💙
Júlia e Adrian vivem no mesmo bairro desde que se entendem por gente, e há alguns meses, moram no mesmo prédio. Sempre caminharam nas calmas ruas de Cidade da esperança ou admiraram a vista...
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Não podia participar do concurso e nem cogitar essa possibilidade. Lembrou do dia em que contou para Mari e ela recebeu a notícia naturalmente, como se não fosse uma bailarina acima do peso e tivesse todas as chances de ganhar uma vaga na academia de dança mais famosa do Brasil. Marina acreditava em seu potencial quando até ela mesmo não conseguia acreditar. E agora, sem ela, tudo se tornava mais difícil de suportar.
Era o último dia das férias de Júlia, decidiu não passar a tarde inteira dançando incessantemente, mesmo com as dores, como sempre costumava fazer. Ficou na cama a manhã inteira, apesar que seus pés, mesmo doloridos pedissem para que dançasse. Ela amava e faria qualquer coisa para mostrar sua capacidade e amor pela dança, mas não era tão fácil quanto pensava. Não são todos os bailarinos que aguentam levantar uma garota com um porte físico bem diferente dos esteriótipos. Além de seus pés doerem muito por conta do excesso de peso e de aparentar ter muito mais devido sua estatura.
Ficou assistindo vídeos de dança, onde se imaginava como aquelas garotas; com leveza e perfeição. Levantou da cama e ensaiou alguns passos ainda descalça, um plié, tendi, um fondu, giros… Uma coreografia descordernada mas que fazia todo o sentido na sua cabeça. A sequência de passos fora dos padrões que representavam o que ela sentia naquele momento, onde esquecia de tudo e apenas dançava. Se sentia viva em poder ser quem era, mesmo que não pudesse mostrar isso aos outros.
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A garota saiu do quarto e encontrou os pais na mesa, que a olharam como se a analisassem.
— Tudo bem, filha?
— Sim, pai. Vou comer minha salada.
Janessa não falou nada, apenas continuou a comer e sorriu, discretamente.
— Quer fazer algo hoje? Pensava em levar vocês duas para sair pra algum lugar…
— Por mim tudo bem — disse Janessa.
— Não estou muito a fim, desculpa pai.
— Tudo bem. Mas se quiser, podemos ver um filme juntos mais tarde.
— É, pode ser.
Janessa torceu o lábio, em desaprovação a atitude da filha, que apenas a ignorou.
