_ Ninguém sabe de nada, Ellie. Não contei pro Taylor sobre o Paul. Obviamente, não contei pro Paul do Taylor. Não falei nem que a gente já se encontrou. Eu não consegui. Eu não sei o que está acontecendo. Eu queria que o Taylor morresse até semana passada. E hoje estou aqui ouvindo que ele me ama e ficando com medo de que não seja verdade.
_ Ele disse que te ama? - ela arregala os olhos e apoia o queixo em uma das mãos. _Talvez seja melhor eu tomar o meu e o seu chá. Layla de Jesus, você está tão encrencada.
Fico feliz que ela não joga na minha cara que sou uma vaca mentirosa e podre.
_ E o que você vai fazer agora? Digo, vai contar para eles? Devo dizer que é o que você deveria fazer.
_ Não tenho outra alternativa, Ellie, mas como? Deus do céu, que erro.
_ E eu não sei sobre o que você e o Taylor falaram, mas pelo que você me contou agora, eu diria que quase nada. Uma coisa é certa: vocês precisam acertar as coisas, esses buracos todos na história. Eu sei que você odeia ele mais do que tudo no mundo, mas...
_ Ellie, será possível que eu tenha perdoado ele?
Essa reflexão cai em cima de mim como uma cascata de água gelada. Talvez, eu tenha perdoado mesmo. E é por isso que não acho mais a raiva escondida em nenhuma gaveta dentro de mim.
_ Não sei. Você não contou nada pra ele. Você não sabe o lado dele. Mas talvez você não o odeie mais. Talvez você nunca tenha odiado de verdade.
Faço uma comparação muito injusta na minha cabeça de quando Taylor me pediu em casamento e de quando Paul fez a mesma coisa. Pior, coloco lado a lado memórias dos beijos e do sexo com ambos. O pensamento dos olhos de Taylor me olhando com todo aquele ardor ainda há pouco me arrepia. É como se eu estivesse colocando para análise uma refeição de fast food e um prato da alta gastronomia. Fazia tanto tempo que eu não sentia aquele desejo dentro de mim... Novamente me consumo de culpa.
Mas não há o que fazer. Eu vou ter que contar tudo. E eu vou ter que saber de tudo. Suspiro.
_ Me conta, Ellie. O que eu não sei?
Ela bebe o chá. _ Eu posso contar sem restrições?
_ Você está me deixando em pânico agora.
_ Você acabou de dizer que está apaixonada pelo Taylor de novo! Estou tentando ser delicada com seus sentimentos.
_ Eu não estou apaixonada!
Ela levanta um sobrancelha pra mim e cruza os braços.
_ Eu não estou! É só uma grande confusão. E é o que a gente arranja quando foge dos problemas em vez de enfrentá-los.
_ Ah, meu Deus do céu! Vai chover meteoro nessa cidade hoje! A Laylie Lay finalmente entendeu!
Se a minha cabeça não estivesse a maior baderna do século e eu realmente não tivesse sido atingida por este raio de clareza, certamente mandaria Ellie à merda. Mas isso tudo está acontecendo e, pra completar, eu quero saber. Quero saber o que aconteceu na minha ausência.
_ Me conta, Eleanor. Vai.
E, então, ela começa uma conversa que dura duas horas e cujo resumo é que, aparentemente, Taylor me procurou durante meses depois que eu fui embora. Isso partia o coração de Ellie, pois ela havia prometido mantê-lo longe de mim. Eu a ameacei dizendo que sumiria do país, que me mataria. E eu falava sério. Realmente não queria olhar para a cara dele nunca mais na minha vida. A convicção de que ele tinha arrancado um pedaço de mim era muito forte.
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A Tempo [completa]
ChickLitA tempo. Locução musical que significa devolver uma peça ao andamento inicial, depois de aceleração ou retardamento. Layla ficou anos longe da cidade em que conheceu o amor da sua vida. Agora, ela está de volta por uma semana. Será o suficiente para...
Here We Go Around Again
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