O dia passou incrivelmente devagar para Harry e Louis. A dor que assolava o peito de ambos era quase que sufocante, a corda sem sua âncora, o navio sem sua bússola. HarrysemLouis. Era como sentir um aperto no coração nos mais pequenos detalhes, como a música tocando no aleatório na playlist de Louis, e ele tinha certeza de que Harry saberia a letra. Ou como o cupcake com recheio de amora sendo servido como sobremesa no almoço da escola, e Harry sempre fazia cupcakes de amora para Louis. Ou as flores que tinham o cheiro do cabelo de Styles, ou a pele de ambos, repletos de tatuagens, memórias e rabiscos aleatórios que sempre se encaixavam, de maneira sutil ou não. Os dois eram o mesmo coração em dois corpos diferentes.
E sempre havia um lugar onde a alma de ambos se encontrava, o terceiro andar. Onde as vozes se mesclavam em uma perfeita harmonia sempre que o barulho do lado de fora ficava alto demais para a mente dos dois. Louis subia as escadas até esse lugar, a sala onde o piano antigo, o sofá e uma enorme janela criavam o paraíso, e poderiam acalmar o revirar em seu estômago. Mas seus pés travaram no lugar ao ouvir a voz de Harry quando se aproximou da porta. A melodia de uma música que ele não conhecia soava baixa e sua única reação foi correr.
Louis nunca desceu uma escada tão desesperadamente em sua vida.
Por outro lado, Harry estava sucumbindo. Sua voz não parecia a mesma, rouca por ter passado a noite chorando baixinho, seus dedos tremiam ao tocar as teclas do instrumento, e ele estava exausto de ter que lidar com Josh. E também com os amigos estúpidos. Eles eram extremamente irritantes e estereotipados, cheirando cocaína para parecerem legal. Se Louis soubesse disso estaria gritando com ele por estar andando com gente assim.
Mas Louis não sabia, porque ele não estava com Harry.
As lembranças invadiam a mente do cacheado a todo instante e, conforme o tempo passava, elas pareciam doer ainda mais. A saudade parecia o derrubar a todo instante, até mesmo quando entrou em seu carro para fazer seu caminho de volta pra casa. Ele e Louis sempre iam juntos, o cheiro do mais baixo dominando todo o automóvel com uma mistura de perfume amadeirado e shampoo da seção infantil.
Ao ligar o rádio em uma tentativa de se distrair, a voz de Louis invade sua mente, uma de suas musicas favoritas tocando quase no final, o olhar de Harry perdido no volante porque, agora, mais do que nunca, ali sem seu garoto, ele se sentia sem rumo.
Flashback On.
– Lou, deuses, para de mexer no cinto. – Harry ria ao observar de canto de olho Louis mexendo inquieto no cinto, o maior sentindo seu peito se aquecer apenas por ter Tomlinson ali, ao seu lado, elétrico por conta das várias xícaras de café que havia tomado durante o dia.
– Eu odeio cintos de segurança, deuses, como algo pode ser tão incomodo? – Louis reclamava, impaciente com o transito que eles enfrentavam para ir em direção ao centro. Um bico se formou nos lábios do garoto e ele começou a mexer no som, mudando as estações até achar uma que o agradasse e começando a cantar a música levemente embolado por não saber direito a letra.
Harry sorria bobo e observava a cena de canto de olho enquanto tentava prestar atenção no caminho a sua frente, prestes a reclamar novamente da inquietude do garoto ao seu lado, até sentir uma mão sendo entrelaçada a sua. As duas se encaixavam perfeitamente e isso sempre fizera Harry sorrir, assim como quando Louis beijava sua bochecha em um gesto de carinho, ou quando deitava a cabeça em seu ombro, a música baixa que ecoava no rádio não se comparando nem um pouco a respiração do menor, que era, de longe, o som favorito de Styles.
Flashback Off.
Lembrar doía. Cada mísera memória doía. Harry podia sentir as lágrimas escorrendo pelo rosto, o coração se apertando e a vontade de simplesmente de deitar e dormir por muito tempo ficando maior, assim como a vontade de voltar para Louis. Mas a merda já estava feita. Ele não podia voltar atrás.
Ele não ia voltar atrás.
-x-
– Essa foi a última sessão, certo, Mike? – Louis perguntou sorrindo levemente e observando a recém terminada tatuagem, enquanto o tatuador, que agora provavelmente também virara amigo, assentia com a cabeça. Talvez Tomlinson fizesse de suas tatuagens um refúgio, em uma tentativa de se livrar da dor, apesar de ela só aumentar cada vez que ele olhasse para os desenhos, que agora pareciam tão... Incompletos, sem Harry.
– Agora pode vir aqui sempre que quiser rabiscar o corpo um pouco mais! – Os dois sorriram, mas o sorriso de Louis diminuiu ao ouvir Michael novamente – Vocês não vão mesmo se acertar? Parecem ser algo que não se joga fora simplesmente.
– Ele pediu um tempo, eu vou dar isso a ele. Algumas coisas não podemos insistir, uh? Quando ele quiser, ele venha atrás. – Ele tentava soar frio, mas a voz falha e o lábio inferior tremendo não ajudavam muito. O grande problema é que, por Styles, Louis insistiria. Por ele, Louis enfrentaria o fim do mundo.
– Só espero que vocês se acertem. – O sorriso sincero do colorido aqueceu um pouco o coração do garoto de olhos azuis.
– É, eu também. – Ele se despediu e saiu do estúdio, pegando no bolso um maço e retirando de dentro dele um cigarro, junto com um isqueiro. Já era o segundo no dia e ele nunca nem havia fumado. Sabia que aquilo o destruiria caso se tornasse uma constante.
Porém, haviam duas questões em jogo: Só mais um não faria mal e...Louis já estava destruído.
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Oi gente, peço perdão pelo capítulo curto, juro que o próximo vai compensar. Espero que tenham gostado e que estejam bem.
All the love always.
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We're Not Friends
Fanfiction"Friends don't treat me like you do. And I know that there's a limit to everything, but my friends won't love me like you." Na qual Harry e Louis têm uma amizade colorida, mas ambos não admitem o sentimento que possuem um pelo o outro, e isso pode s...
