A Casa & O Farol ( DEGUSTAÇÃO)

Capítulo 5 : Um jantar para os nobres

                             O vestido ajustou-se em seu corpo com gosto. Foi assim que Amábile percebeu que emagrecera. Antes o mesmo vestido de renda francesa costumava ficar um tanto estufado na altura do abdômen.

— Menos mal. — olhando no espelho.

Aquilo se tornou um incentivo para ir ao jantar. Sua estadia na cabana estava afinando sua silhueta. Lembrou-se da madrinha, que a avisou antes de embarcar para Condado dos Nobres que redobrasse seus cuidados com alimentação porque vinha perdendo peso.

Com a pontualidade britânica a carruagem estacionou a frente da cabana. Do lado de dentro Amábile tudo via por de trás de uma cortina ao lado da porta principal. Não teve como não admitir que de fato o senhor Burnier fosse um homem de posses. O cocheiro desceu arrumando o traje fino e a viúva não deixou de observar as luvas brancas em suas mãos. Por um segundo olhou para si mesma achando que ela não estivesse a altura de tanto requinte. Depois de apresentar-se como o cocheiro do doutor Burnier, a senhora Fontaine abriu a porta.

— Sou Lumier senhora Fontaine.

— Como vai? — o jeito simples da moça chamou a atenção do cocheiro.

Lumier era simpático e a deficiência da natureza em seu corpo o obrigava a puxar de uma das pernas quase passava como imperceptível dada o seu vigor.

Conduzindo-a até a porta da carruagem esperou que se acomodasse e por fim disse-lhe:

— Espero que sua noite seja maravilhosa senhora Fontaine.

Amábile agradeceu num aceno tímido sem deixar de comentar consigo o que seria dela naquele jantar com pessoas estranhas e terror de que Manon fosse o seu "Eu" das cartas. Sossegou um pouco mais ao lembrar que Caleb seria seu convidado e esse fato trouxe a viúva um pouco mais se serenidade.

Um quarto de hora depois Amábile avistou de longe os candeeiros da rua acesos iluminando a casa imponente dos oficiais. Um certo nervosismo fez reboliço sobre seu ventre. Mas ao firmar um pouco mais o olhar vendo a figura de Caleb ali parado permitiu que um riso iluminado fugisse de sua boca para seu coração o que o aquietou.

A porta foi aberta antes que Lumier descesse da carruagem. O jovem Debour fez a gentileza de recebê-la. Estava num traje cinza escuro e como os demais cavalheiros que conversavam na frente da casa também usava cartola. Ao tocar a mão dele para descer os degraus viu no olhar do moço um encanto ao avistá-la.

— A noite acaba de ficar ainda mais bela.

— Boa noite Caleb. — ele beijou o dorso de sua mão ignorando a luva de cetim de cor roxa assim como todo seu vestido. Esse foi o meio que a senhora Fontaine encontrou de avisar a todos de que ainda era uma viúva e respeitava a memória de seu marido. O roxo servia para indicar que fora viúva embora não usasse mais o preto fúnebre.

— Aquele é o senhor Marvel não se deixe cativar pelo jeito de bom moço — dando seu braço para que ela colocasse sua mão — Teve um pai ignorante e é avarento.

— Manteremos distância. — ela sussurrou gostando do jeito que Caleb a conduzia entre os demais convidados.

— Aquele é o major Lamartine. — um senhor corpulento de bigode avantajado. — como pode notar ele não tem vontade de se casar outra vez. Como uma senhorita encontraria vontade de beijar aquela boca em meio à floresta cabeluda? — Amábile tossiu tentando prender a gargalhada. — Para mim, particularmente, ele semelha um leão marinho. Dos grandes!

— Caleb pare com isso. — suplicou em outro cochicho. Não irei me aguentar por muito tempo.

— Tenha calma. Estamos no começo das apresentações dos distintos oficiais do senhor Manon Burnier.