Alto-falante de Hospital

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- Não se preocupem, ela estará em boas mãos. - Entrega o bebê para uma das enfermeiras e logo saem pela porta, era como se tivessem acabado de arrancar um pedaço de mim.

Ficamos naquela sala, Dra. Scavo estava fazendo os últimos procedimentos para assegurar que eu estava bem. Minutos depois já estava pronta para ser transferida para o meu quarto, me sentia exausta, mas sabia que não iria conseguir relaxar até que trouxessem o meu bebê para perto de mim.

Lauren estava tão desolada e preocupada quanto eu, mas assim que chegamos em nosso quarto notei que haviam injetado algo para que eu pudesse relaxar, estava muito agitada. Minha esposa não soltou minha mão em momento algum, encarei ela e beijei sua mão, tentando me recompor para que pudesse consolá-la.

- Vai ficar tudo bem. - Tento soar confiante.

- Eu sei. - Me abraça e eu suspiro algo, aspirando seu perfume com uma mistura de cheiro hospitalar - Sua mãe está tentando conseguir mais informações, mas farei isso, mandarei ela entrar, pode ser? - Assinto.

- Eu te amo.

- Eu também te amo.

Assim que Lauren saiu Victoria se aproximou, seus olhos estavam marejados e ela não demorou para segurar minha mão, ela me lançou aquele olhar reconfortante e me envolveu em um abraço, foi quando eu soube que podia finalmente expressar como me sentia. Eu chorava contra seu ombro, deixando o mesmo ensopado, mas não me importava muito com isso. Implorava por minha filha e implorava que nossa Doula resolvesse qualquer coisa que havia acontecido.

Após eu me acalmar Victoria me explicou tudo o que havia acontecido no parto. De acordo com a nossa Doula é 'normal' o cordão enrolar em alguma parte do corpo do bebê, não há problema algum e pode ser facilmente resolvido, entretanto existe problema quando o cordão impossibilita a passagem de oxigênio. Aparentemente o cérebro do nosso bebê não estava recebendo oxigênio, e por isso não poderíamos ficar com ela pelas próximas horas, iriam realizar todos os tipos de exames e fariam todos os procedimentos para que não houvessem sequelas. Victoria assegurou que não foi erro médico ou qualquer coisa do tipo, apenas uma infelicidade do universo.

Sentia que o universo não gostava de mim, cada vez que minha relação com Lauren estava em paz, algo ruim acontecia.

Eu estava tão exausta que acabei cochilando, meu corpo apenas não aguentou. O cochilo pareceu segundos, mas na verdade acabei dormindo por algumas horas. Acordei com Lauren entrando no quarto exibindo um largo sorriso e olhos marejados. Minha esposa não conseguia falar muita coisa, ela apenas apontava para fora e chorava, toda a sua linguagem corporal e expressão deixavam claro que era algo bom.

- O que houve?

- Ela está bem, Camz, ela é linda. - As lágrimas rolavam pelo seu rosto - Dormiu enquanto fizeram todos os exames, foi apenas um susto. - Começo a chorar, sentindo seus braços acolhedores me envolverem - Ela está bem. - Ri ainda me apertando - Logo irão trazê-la para nosso quarto, a pequena precisa se alimentar.

Uma enfermeira entrou instantes depois com uma bandeja, eu precisava me alimentar para recuperar um pouco das energias. Parte deles estarem trazendo minha refeição aquela hora era para que ganhassem mais tempo com a minha filha comigo estando um pouco distraída, e eu sabia. Lauren sentou-se na cama comigo e ficou no meu lado durante o tempo todo tempo todo para garantir que eu iria comer tudo o que haviam me trazido; minha esposa até fez questão de levar algumas coisas até a minha boca.

Ter Lauren comigo, zelando por mim mais uma vez após fazer tudo o que estava a seu alcance para descobrir o que havia acontecido com o nosso bebê só mostrava o tipo de esposa e mãe que seria pelo resto de sua vida. Aquela mulher nos amava com tudo de si, e cada pedaço de mim dizia que ela sempre faria de tudo por nós, principalmente pela nossa segurança e bem-estar.

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