Sweet Poison ❤ Jikook ABO

❤ Fifty Three ❤

     Por um longo tempo nada foi dito, apenas nos entreolhamos e sibilamos algumas palavras que não precisaram de som para serem compreendidas. Soou como se nossas almas se entendessem em sua linguagem própria, provando mais uma vez que o vínculo entre nós dois é mais forte do que imaginamos.

     – Você deveria se cuidar mais, bebê. – murmurei, tendo consciência de que mesmo com o vidro à nossa frente, Jimin pode me entender.

     – Farei isso quando tiver certeza de que você vai ficar bem. – disse ele, teimoso como sempre. – Como se sente?

     – Hum… Estou um pouco sem ar agora. – respondi tentando disfarçar algumas reações. – A médica disse que é normal.

     – Normal? Você não parece nada bem, Jungkook. – o ômega observou, evidenciando que está sentindo tudo graças ao nosso vínculo. – Volta para cama, meu amor. Não se esforce tanto, precisa ser um pouco mais paciente.

     – Mais paciente que isso é impossível, bebê. – gargalhei da minha própria comparação, notando seus olhos se revirarem pela brincadeira infantil.

     – Você entendeu bem, idiota. – o mais novo caiu na risada assim como eu. – Por favor, vá se deitar um pouco. Se esforçou demais por hoje.

     – Desfaz esse bico, meu bem. Ou vou até aí e faço isso por você. – ameacei, notando Jimin voltar à sua normalidade em segundos por levar à sério minhas palavras. – Droga! Eu queria um beijinho.

     – Aqui está seu beijinho, Jungkook. – disse ele, encostando brevemente seus lábios sobre o vidro.

     – Vai ter troco, Park Jimin. Quando eu colocar as mãos em você. – murmurei contrariado, mas logo nosso momento foi interrompido pela médica que chegou para a primeira sessão de quimioterapia.

     Não houve a menor cerimônia ao aplicarem aquele composto em minhas veias, apenas senti como se tudo estivesse pegando fogo, não demorando a notar os sintomas desagradáveis que a maioria dos pacientes relatam. Jimin acompanhou tudo de longe, demonstrando preocupação e dor ao ver todo o processo, falando até em desejar trocar de lugar para não me ver sofrer como agora.

     O mais novo foi liberado para entrar no final da sessão, obviamente seguindo à risca todos os procedimentos de desinfecção para evitar transportar vírus ou bactérias para dentro do quarto. A médica lhe instruiu a chamar um dos enfermeiros caso algo saísse de ordem, e finalmente nos deixou a sós para atravessarmos os minutos de agonia ao qual fui mergulhado.

     – Ainda vai me querer quando eu estiver sem cabelos, meu amor? – brinquei quase sem voz, tendo consciência de que se abrisse os olhos, teria de lidar com reações mais que desconfortáveis. – Vou ficar lindão.

     – Fica calado, Jeon Junkook. – disse ele, se mostrando completamente irritado. – Esse não é o momento certo para brincadeiras, droga. – continuou deslizando suas mãos em minhas bochechas. – Desde que esteja saudável, não me importo que fique ou não com cabelos.

     – Eu te amo tanto, Jimin. – sussurrei, sentindo a paz transmitida por suas carícias. – Não sabe o quanto meu corpo dói.

     – Sei sim, meu amor. Sinto absolutamente tudo, mesmo que não seja na mesma intensidade que você. – sua voz fraquejou, no instante em que senti seus polegares limparem minhas lágrimas. – Agora fica quietinho, precisa descansar.