Capítulo 1 - São Paulo.

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Está tudo ai?
—Sim, já podemos ir?
Peguei minhas malas do chão e fui até a porta.
—Ah, meu amor, vem aqui — meu gato correu até mim e fiz carinho na cabecinha dele.
—Eu sentirei sua falta...
Meus olhos se encheram de água, nem parti ainda e já sinto uma imensa saudade dele.
Posso sentir saudade dessa casa também, mas fico ansiosa só de pensar que logo terei um apartamento só para mim. Eu sinto um pouco de nervosismo também, ir para São Paulo de uma hora para outra parece meio assustador.
—Coloquei suas malas no carro — meu pai veio me avisar.
—Então está tudo pronto.
Abracei meu gato de novo e dei um beijo nele.
—Eu amo você, Mingau.
Abracei meu pai e entrei no carro.
Sentei no banco de trás, ao lado de minha bolsa rosa que ganhei quando tinha dez anos.
Logo o ar gelado tomou conta do carro e senti um arrepio.
Olhei pela janela e vi tudo ficar para trás.
Suspirei e encostei a cabeça na janela.
Não demoramos muito para chegar no Aeroporto Internacional  Salgado Filho.
Minha mãe estacionou o carro e saiu para pegar as malas.
Abri a porta e senti o calor súbito. Pisei na calçada e fui tomada por um nervosismo.
Coloquei minhas malas no carrinho do aeroporto.
Eu e minha mãe entramos, senti outra vez o ar condicionado.
Parei e olhei para cima, me sentia cada vez mais perto dos meus sonhos.
—Anna, vem, temos que fazer o Check-in.
—Estou indo.
Minha mãe me chama de Anna e meu pai de Bel, existem vários apelidos para Annabel.
—Que horas sai o voo? — minha mãe me perguntou, remexendo na bolsa.
—Às quatro, ainda temos três horas.
Fizemos o Check-in e depois fomos comer alguma coisa.
Quando deu três e meia fomos até a sala de embarque.
Logo foi liberado para entrar no avião.
Me despedi da minha mãe com um abraço.
Entrei no avião e olhei o passaporte.
Fileira E, assento 10.
Sentei ao lado da janela e coloquei a bolsa aos meus pés.
Respirei fundo, tenho medo de avião, muito medo.
Peguei meu celular e tirei uma foto da janela.
Olhei as redes sociais para me acalmar um pouco e mandei mensagens para meus amigos. Suspirei e peguei os fones de ouvido na bolsa.
Uma mulher sentou no assento do meu lado.
—Olá, primeira vez andando de avião?
—Não, na verdade costumo andar bastante, mas eu acho que isso dobra minhas chances de sofrer um acidente aéreo —falei em um fôlego só.
—Meu Deus...  — a mulher falou rindo para mim.
Olhei pela janela.
"Senhores passageiros aqui é o piloto, apertem o sinto, iremos decolar em breve".
Coloquei meu sinto e segurei com força o braço da poltrona.
O avião começou a andar, ganhando cada vez mais velocidade.
Fui jogada para trás quando o avião decolou. Eu nunca me acostumava com aquilo.
Olhei para a janela e a vi molhada pelas nuvens, e vi tudo ficando menor, meu passado estava se distanciando, eu estava mais próxima do meu futuro.
                                         ***

A viagem demorou uma hora.
Quando o avião pousou em São Paulo meu nervosismo piorou.
—Até mais, menina.
A mulher que estava sentada do meu lado levantou-se e saiu da minha vista.
Tirei meus fones de ouvido, levantei e peguei minha bolsa.
Sai do avião e fui apanhar minhas malas. Na esteira vi uma mala roxa chegando e peguei-a pela alça.
Agora é apenas eu.
Fiz dezoito anos há dois meses.
Passei pelas portas do aeroporto e senti muito calor. Eu estava com uma blusa de manga curta, mas eu queria era um biquíni e uma piscina.
Fui até um carro preto com um adesivo escrito: "Presentinho da Bel".
Tirei o adesivo e catei na minha bolsa as chaves, meu pai havia me dado um carro de aniversário, e minha mãe estava me ajudando com o início da mudança. Eu ganho dois mil reais por mês trabalhando em uma livraria, consegui, por sorte, transferir-me para São Paulo.
Entrei no carro e o liguei. Fui em direção ao meu novo apartamento, fiquei dias gravando o trajeto que eu faria.
Cheguei na frente de um prédio alto, coloquei o carro na garagem. Pronto, uma coisa já estava feita.
Desci do carro e entrei no prédio. Meu apartamento ficava no terceiro andar, tentei ao máximo encontrar apartamento em um andar não muito alto devido ao meu medo de altura.
Abri a porta do 305 e lá estavam alguns móveis que minha mãe me deu.
Entrei e fechei a porta atrás de mim.
A sala era bonita, havia uma sacada, andei até a cozinha, que também não era nada ruim. Liguei a geladeira. Eu iria ter que ir ao mercado. Me joguei no sofá e fiquei ali pelo que pareceram horas.
Já era de noite quando liguei a televisão, logo depois de ligar para o serviço de internet.
Fui até meu quarto e arrumei a cama. Eu estava com muita fome, havia comido apenas no aeroporto de Porto Alegre, também sem um pingo de sono.
Decidi ir ao mercado logo que olhei a hora no celular, ainda era cedo, sete da noite.
Desci até o estacionamento e peguei meu carro.
Dirigi até o mercado mais próximo.
Comprei pizza para a janta.
Voltei para o apartamento e guardei as compras. Jantei.
Eu estava me sentindo só.
Suspirei.
Nem havia completado um dia ainda e eu já estava me sentindo sozinha.
Peguei um refrigerante e fui até a sacada.
Olhei para a noite, que me devolveu um calor em solidariedade.
Observei o pátio do prédio e os apartamentos vizinhos.
Voltei para dento do apartamento e fiquei escrevendo no computador uma nova hisória que eu pretendia publicar em breve.
Quando finalmente eu estava distraída, vendo um filme na televisão, vi que já eram três horas da manhã.
Desliguei o computador e fui fechar a porta da sacada, até que vi uma única janela com luz no prédio ao lado.
Fiquei olhando a luz que se destacava na noite.
Até que vi uma pessoa passado atrás da cortina. Porém não ouvi barulhos.
Fui até meu quarto e apaguei a luz. Deitei na cama e esperei dormir.

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