1 ♦ NA SEMANA PASSADA

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Eu estava quase dormindo, eram três da manhã. Meu telefone tocou.

— Ahn... Alô? — respondi com a voz meio embargada.

— É a Clarissa?

— Sim, quem fala?

— Aqui é Jane. — A pessoa respondeu, e pude ouvir claramente que tinha voz de criança. — Liguei pelos seus anúncios de artesanato.

Fiquei impressionada por alguém me ligar aquela hora para falar dos artesanatos, mas respondi na maior educação. Ela conversou comigo sobre os bordados rosados e as costuras de flores que eu postava no Facebook, e marcou um horário para me visitar no dia seguinte. Queria buscar uma boneca especial, feita para ela à mão. 

Não consegui mais dormir, fiquei encucada pensando em quem era a tal Jane que me ligou às três da manhã. Procurei no meu Facebook e não achei nenhuma Jane. Pensei então que alguém deveria ter passado meu número para ela. Senti medo. Senti sono. 

Dormi.

No dia seguinte, não recebi nenhuma visita e consegui ficar ainda mais preocupada. O número que tinha me ligado aparecia no meu histórico como restrito, e eu não conseguia retornar.

Quando Patrícia, minha colega de quarto, chegou, contei toda a história para ela.

— Espera... Espera... Qual era o nome da menina? Qual nome você disse? — Ela perguntou impressionada.

— Era Jane.

Nesse momento, o rosto dela mudou de estranhamente confuso para amplamente assustado, me deixando também assustada.

— Clarissa... Jane é o nome da minha priminha que morreu semana passada, aquela que vivia sempre com uma boneca.

E depois daquele estranho dia, nunca mais costurei ou anunciei qualquer boneca no meu Facebook ou em outro lugar.

(Baseado em uma história verídica).

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