Acho que esse daí já é estimulante o bastante, pensou Nelson, sem olhar para Cris diretamente.
— Que tipo de maiô você comprou? — Ele perguntou o que pensava sem nem perceber.
— Você está bem interessado em mim de maiô, hein. Isso me deixa feliz — disse, aproximando-se de Nelson. — O outro maiô não era... apropriado para o trabalho. Mas quem sabe você vai me ver com ele qualquer dia desses...
— Eu... Eu não sei o que dizer... — Nelson se esforçou para não encarar Cris. Era difícil demais olhar na cara do assistente e não ficar estimulado.
—Só de ver a sua reação já compensou ter pego isso emprestado — disse Cris, recuando, ainda sorridente. Ele tirou a jaqueta e alongou os braços. — Ei, me passa seu celular e carteira.
Nelson tirou os dois do bolso sem pensar duas vezes. Mas parou antes de entregá-los.
— Por quê? — perguntou, suspeito.
— Não confia em mim? — Cris mostrou a palma da mão para Nelson. O nadador olhou a mão e então para o dono, e passou o celular e carteira. — Obrigado pelo voto de confiança.
Cris envolveu os objetos com sua jaqueta e os colocou no chão. Quando terminou, ele virou-se para Nelson com um sorriso, dando voltas ao redor dele.
— Q-Que foi? — gaguejou o nadador sob aquele sorriso, sem jamais tirar os olhos de Cris. Ele podia não conhecer o assistente há muito tempo, mas conhecia o bastante para ter certeza de que era o sorriso de quem está planejando algo.
— Lembra que um dos meus trabalhos é animá-lo? — perguntou Cris com um rosto sério. Nelson inclinou a cabeça. Mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, o assistente empurrou o nadador com ambas as mãos.
Tudo se moveu em câmera lenta para Nelson. Primeiro, ele percebeu que estava caindo na piscina. Então virou sua cabeça para o assistente. Quando viu aquele sorriso, tentou pegar o braço de Cris e puxá-lo junto.
Porém, o assistente foi mais rápido. Antes que o nadador conseguisse pegá-lo, Cris tirou seu braço de alcance. Tudo que Nelson pôde fazer foi cair na piscina enquanto via o sorriso do menino vestindo um maiô.
O nadador ergueu a cabeça acima da água. Ele respirou e limpou os olhos.
— Por que você fez... — Antes que terminasse, Cris deu alguns passos para trás e correu, pulando na piscina também. Por reflexo, Nelson cobriu o rosto quando a água respingou.
Cris colocou a cabeça acima da água e sorriu para o nadador.
— Eu sabia que deveria ser importante e tal. Tipo, você entrou na água após tanto tempo, mas... — Ele corou e colocou uma mão na bochecha e depois virou a cabeça, fingindo estar com vergonha. — Eu não podia esperar e decidi roubar sua primeira vez pra mim.
— Você é um idiota, tu sabe, né? — A boca aberta de Nelson se transformou em um sorriso enquanto ele ria. Ele foi atrás de Cris, mas o assistente nadou para longe, a risada deles ecoando por toda a piscina.
— Me sinto melhor agora — disse Nelson após eles saírem da piscina meia hora depois.
— De nada! — exclamou Cris com um grande sorriso.
— Não nego que você ajudou. — Nelson não conseguia conter seu sorriso enquanto tirava o excesso de água do cabelo. — Sinto falta de competir, mas nem lembro quando foi a última vez que só brinquei na água assim. Provavelmente foi quando eu era pequeno...
— Sendo assim, meu trabalho está feito! — O sorriso de Cris não diminuiu enquanto ele tremia de frio.
Nelson notou e olhou em volta, mas não achou nenhuma toalhas por perto. Ele pegou a jaqueta de Cris com o celular e carteira.
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O nadador e o assistente
RandomO clube Prado Maranhão de desportos aquáticos, um lugar onde aqueles que miram o topo dos esportes aquáticos se juntam. Nelson, chamado no passado de garoto prodígio da natação brasileira, está perto de se recuperar de um acidente sério que quase ti...
Capítulo 16
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