50● Passos

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Pense que está chegando o fim, e se imagine em um lugar onde não há pesadelos.

Luiza

- Eu preciso ver ele, ou vou acabar enlouquecendo!-  apoiei meus braços sobre meus joelhos dobrados e puxei meus cabelos para trás, eu tinha entrado em desespero e precisava que alguém me compreendesse, mas naqueles dias sombrios e cheios de solidão, a única pessoa que estava realmente disposta a me ajudar era o Ick.

- Também to com saudades dele - ele lamentou enquanto encarava o Darth que estava mordendo um pedaço de madeira perto da piscina.- nem parece que já se passaram quatro meses.

- Eu sei que tudo isso é para o bem dele, mas poxa... Ele ao menos tem atendido minhas ligações.

- As minhas também não. Mas a boa noticia é que minha tia ligou, e disse que a fase de isolação do tratamento ja acabou, ou seja, podemos ir visitar ele!

Ícaro sorriu e eu me peguei sem saber o que dizer, foram quatro longos meses longe do Rafa, apenas recebendo notícias e sem ouvir a voz dele, eu estava louca de saudades, louca para abraça-lo e ver com meus próprios olhos se ele estava realmente ficando bem:

- Nós iremos né? - perguntei empolgada.

- Claro-  sorriu - eu vou ter que ir amanhã, e sei que você marcou de ir na ultrassom com a Isa, então pode ir depois de amanhã para lá. Eu já aproveito e arrumo um canto para você naquela casa. Ele vai ficar feliz em te ver.

Sorri me sentindo plenamente feliz apenas com a possibilidade de o ver novamente. Eu tinha de alguma forma estranha feito as pazes com a Isa, ela apareceu chorando na minha casa dizendo que não conseguiria lidar com tudo sozinha, e tudo o que fiz como uma boa amiga foi consola-la.

 Darth Vander veio correndo até mim encostou a cabeça no meu colo pedindo carinho, ele tinha crescido bastante e já havia se tornado um pequeno monstrinho. Ícaro se afastou um pouco com medo dele, mas eu apenas afaguei a cabeça daquele cachorro negro, pensando que seria ótimo se eu pudesse leva-lo para o Rafa, mas a verdade era que ele teria que esperar nais um pouco para vê-lo:

- Vai ficar quantos dias lá?

- Quatro.

- Tudo bem, então eu volto com você.

- Ok.

Darth estava tão carente quanto eu, dormia comigo quase todos os dias no quarto do Rafa. Ele preferia o tapete ao lado da cama, enquanto eu me enrolava em seus edredons e tentava deixar tudo o mais intacto possível, aquele quarto me trazia boas lembranças, lembranças essas que eu estava a todo custo tentando manter intocáveis dentro de mim. Sentia falta das noites sem dormir, quando ficávamos horas apenas conversando e dizendo coisas banais, sentia falta de brigar com o Rafa, de ficar irritada e querer desaparecer da vida dele, sentia falta de seu abraço, dos momentos em que desmoronávamos sem forças para lutar. Sentia falta principalmente de o ter por perto e ter certeza que ele estava em segurança. Mas a vida era cheia de situações incontroláveis, e eu tinha aprendido a entender que a distância  era necessária para que eu pudesse o ter por perto por muito mais tempo:

- O que a mãe dele tem dito sobre ele?- perguntei me lembrando que Ick tinha comentado sore as ligações dela.

- Nada de mais, ela não entra em detalhes - fez um cara de desgosto e evitou me encarar - só diz que pelo que os medicos dizem o tratamento está dando resultado.

- E sobre ele não atender as ligações?

- Ele deve tá isolado de tudo, o Rafa não ignoraria a gente assim, não acha?

Fiz um gesto concordando e me concentrei em planos, era melhor pensar no que estava prestes a acontecer do que realmente estava acontecendo. Eu logo o teria por perto, e era isso que importava.

°•°•°

Depois de dois dias enfornada na casa do Rafa me senti tentada a voltar para a minha. Meus pais sabiam da minha recente loucura, mas não me impediam de dormir onde quer que fosse,  talvez soubessem que eu precisava de consolo, e que esse consolo só era encontrado la.

Coloquei as mãos no bolso do moletom do Rafael e senti o cheiro que ainda estava empregnado ali. Todas as vezes que eu o vestia era como se o visse na minha frente, com um sorriso tentador e ao mesmo tempo inocente, conseguia ouvir suas palavras provocantes, e imaginava se ele estaria bem, se estariam cuidando bem dele, e se ele sentia minha falta tanta quando eu sentia a sua.

Entrei em casa sorridente, estava empolgada porque iria vê-lo, e também porque dentro de alguns meses seria tia. Parecia não ter ninguém em casa, mas quando ia ir para o meu quarto vi meu irmão inquieto sentado na ponta do sofá:

- Oi - falei chamando sua atenção e me aproximando - tá tudo bem?- Leonardo levantou os olhos desolado, estava com cara de pânico.

- Se tá tudo bem? Não sei se você sabe mas minha vida tá uma verdadeira loucura. - respondeu mal humorado, mas não me deixei levar pela vontade de xinga-lo - e eu não tenho ideia do que fazer.

- Deve ter algum curso online de como ser pai - desdenhei me jogando ao seu lado no sofá - sei que você nao é muito esperto, mas aposto que conseguiria aprender alguma coisa.

- Cala a boca - resmungou - isso não tem graça.

- Mas fazer um bebê tem né?

Léo bufou irritado, ele devia mesmo estar enlouquecendo. Desde que ficou sabendo a novidade e contou para os meus pais eles têm pegado firme no pé dele, e eu e a Marcela não estávamos colaborando nada com isso. Ficava com dó do Léo, mas era legal o fazer entender que toda ação gerava uma consequência:

- Ta legal, desculpa. - falei e me enrrosquei em seu braço - eu to feliz por você, mais do que imagina. Agora você pelo menos vai ganhar maturidade...

- Luiza! - protestou novamente e eu sorri tentando conter minhas palavras.

- Você não vai ser um péssimo pai Léo. Sei que deve tá sendo horrível ser jogado nessa história toda sem ter ideia de como agir, mas o tempo vai te ensinar - encostei minha cabeça em seu ombro enquanto ele me olhava com cara de bebê chorão -você é incrível maninho, e mais inteligente do que parece. Você não está sozinho nessa, tá todo mundo brigando com você, mas no fim das contas ninguém vai sair do seu lado.

- Jura? - perguntou carente.

- Juro.

O abracei forte e ele me apertou contra si, enquanto eu me permitia pensar se eu e o Rafa um dia viveríamos aquilo. Chegaríamos a ter filhos? A ficarmos loucos com a possibilidar de ver nossas vidas viradas ao avesso? Mas a verdade era que mais complicada do que estava, nossas vidas não podiam ficar.
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Boa tarde meus amores!!

Luiza finalmente vai ver o Rafa :) estava mais do que na hora haha.

Me desculpem pelo capítulo pequeno, mas ainda essa semana postarei outro ok? O que esperam do próximo capítulo?

Como acham que o Rafa vai estar? Como ambos vão agir quando se virem ?

P.s - Pfv gente, leiam minha nova história " Compondo nossa vida ", e deem uma chance a ela. Espero que gostem.

Beijos, até o próximo.

EternoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora