sweet dreams

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4.

Os meus olhos abriram-se lentamente esperando encontrar-me no mesmo passeio frio e desconfortável que me raspara a pele na noite anterior.

Porém tudo o que eu via era um quarto panorâmico, em que as paredes se revestiam de um lilás claro estupidamente acolhedor. A janela aberta deixava entrar uns raios de sol escassos e mostrava a vista de algum tipo de jardim fresco e florido.

Levantei o meu tronco, segurando o meu peso nos cotovelos, enquanto sentia a minha cabeça a rodar e a uma dor lacerante na minha têmpora direita. Levei a mão à minha cabeça e tentei levantar-me.

Ai, merda.

Com a noção de que eu não reconhecia este quarto, o pânico a que eu gosto de chamar "O QUE RAIO É QUE EU FIZ ONTEM?" invadiu-me. Apenas depois de uns minutos percebi a estupidez disto, já que eu mantinha as minhas roupas vestidas e apenas os meus sapatos altos descansavam ao lado da cama, perfeitamente alinhados.

Felizmente estava safa de uma das coisas que enevoavam a minha mente, mas havia ainda outra. Como é que eu tinha sequer ido ali parar, afinal?

Desbloqueei o telemóvel que se encontrava na mesa de cabeceira do lado direito da cama, ou qualquer coisa parecida pois a minha visão parecia um emaranhado de distorções leves.

Passava pouco mais de um quarto das onze da manhã.

Encontrei a casa de banho pouco tempo depois e tentei fazer o melhor com o que tinha. Ou seja, nada.

Penteei o meu cabelo com os dedos e lavei a cara tentando livrar-me de toda a maquilhagem borratada e do batom vermelho que, estranhamente, se mantinha inalterado e quase perfeito.

Embora a vontade fosse pouca de sair daquele quarto, só de tentar imaginar o que estava do outro lado, de qualquer maneira teria de sair e quanto mais rápido e mais cedo possível, melhor.

Girei a maçaneta lentamente tentando evitar que a porta não chiasse, missão não cumprida com sucesso.

Felizmente naquela casa tudo era surdo e ninguém apareceu do nada sombriamente, como eu tinha fantasiado. O corredor que parecia eterno tinha imensas portas, e eu praticamente tive de me corroer por dentro para vencer a minha súbita curiosidade pelo outro lado daqueles pedaços de madeira.

Desci uma escadaria palacial, coberta com uma passadeira dourada, e acabei por quase tropeçar e torcer o pé devido à enxaqueca que ainda tomava conta da minha cabeça.

Já estava quase a chegar ao hall de entrada, quando uma voz doce e quase melodiosa fez-se ouvir atrás de mim, fazendo-me girar nos meus pés para encarar uma figura delicada e baixinha de uma rapariga que teria uns oito... nove anos? As minhas feições suavizaram e um sorriso formou-se nos meus lábios, enquanto as minhas pernas se fletiam para ficar da altura da menina.

- Olá. Eu sou a Gem. - ela disse, sorrindo, e mostrou-me a sua mão. Segundo eu percebi era para a apertar.

- Olá, Gem, eu sou a Baunilla, mas podes me tratar por Bah... - eu apresentei-me, finalizando o aperto de mãos.

- Pode ser Babu?

- Sim, claro. - eu sorri.

- Bem eu vim aqui por outra razão Babu, o Hazz pediu-me para te chamar quando acordasses. Ele queria que fosses ao quarto dele.- ela disse em tom sério, o que me fez soltar uma gargalhada. Ela era adorável.

Mas Hazz? Eu não conheço nenhum Hazz.

- Mas... porquê?- perguntei enquanto já era puxada para, o que eu presumo que fosse, o quarto do tal "Hazz".

troublemaker // h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora