Capítulo 06 - Vou tentar ser forte

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Acordei na cama do Lucas. Ao lembrar do ocorrido, senti-me suja. Desesperada, tentei tirar a roupa do meu corpo, mas não consegui, a angústia era enorme. Queria esquecer que me tocaram e me espancaram. Quando me dei conta da sua presença, num reflexo puxei o cobertor que estava ao meu lado, me enrolei e encolhi-me, não queria que ele me visse assim.

– Júlia, querida... – Despertei assim que Júlia acordou e tentei acalmá-la, parecia um bichinho assustado. Fiz um carinho em sua cabeça, sentindo seus cabelos pelos meus dedos. – Calma, não se machuque mais, vou encher a banheira e vamos tomar um banho juntos, vamos lavar tudo isso para fora das nossas vidas e recomeçar nossa história só com lembranças boas. Acabou, pequena. – Fui até o banheiro, liguei as torneiras, coloquei espuma na banheira e deixei a água correndo para enchê-la. Desci as escadas rapidamente e peguei uma garrafa de suco de cranberry e um copo. Subi, servi um pouco e dei para Júlia beber. Seus lábios estavam machucados, provavelmente foi aquele merda quando chegou ao quarto. Eu sabia que não podíamos demorar tanto. Minha única satisfação era saber que ele ficou muito pior. – Posso? – Apontei para o cobertor que ela estava agarrada, mas ela não o soltou, as lágrimas começaram a cair pelo seu rosto, lindo e machucado.

– Eu não queria que você me visse assim... – Minha voz embargou e eu não consegui terminar a frase.

– Você é adorável e linda, hoje eu te amo e te admiro mais do que ontem. Você provou ser uma mulher muito corajosa, não sinta vergonha de mim, muito menos de você. – Ela chorou, mas soltou o cobertor. Eu levantei-a, joguei ele para longe, baixei sua calcinha, tirei seu vestido por cima, peguei-a no colo e levei-a para a banheira. Ela sentiu um leve desconforto por causa dos machucados, mas logo a água a acalmou. Entrei na banheira só de box e ela apoiou sua cabeça no meu peito. Ficamos assim por uma eternidade, até ela parar de tremer e os soluços diminuírem. Ninguém falou nada, não era preciso. Apenas acariciei suas costas e a embalei carinhosamente. – Vamos sair, sua pele está ficando enrugada. Consegue ficar em pé para que eu lave seus cabelos? – Júlia confirmou com um gesto de cabeça. Eu lavei seus cabelos, enxaguei bastante, desliguei o chuveiro, peguei uma toalha macia e sequei sua pele delicadamente. Sentei-a no banquinho e liguei o secador, Júlia não levantou o olhar em nenhum momento. Precisei dar um tempo a ela, não faria nenhuma pergunta a respeito. Fui até o closet, peguei uma de minhas camisetas, e aproveitei para trocar minha box, depois a levei para a cama. Apaguei a luz, deixando apenas o abajur ligado, deitei ao seu lado e puxei-a para o meu ombro. Ela voltou a chorar até adormecer.

Júlia teve diversos pesadelos durante a noite. Todas as vezes eu a abracei, beijei sua cabeça e acariciei suas costas, até que adormecesse novamente. Eu nunca me perdoaria por ter deixado isso chegar tão longe e nem estava convencido que tinha acabado de fato.

Sem conseguir dormir direito, levantei antes que ela acordasse, preparei o seu café e levei na cama.

– Bom dia, pequena! – Dei vários beijos no seu rosto, que não estava mais tão inchado, para que acordasse. Ela abriu os olhos e virou de lado. – Hei, nada disso, você precisa comer alguma coisa. Tome um café ou pelo menos um iogurte, por favor. – Ela sentou na cama e eu a alimentei na boca. Assim que terminou se virou e deitou novamente. Senti um aperto no peito, queria fazer essa mulher feliz, queria que acordasse todos os dias com um lindo sorriso nos lábios. – Seu pai estará aqui daqui a pouco, ele está louco para te ver.

– Não quero ver ninguém.

– Uma coisa de cada vez, vamos primeiro colocar uma roupa adequada e levantar um pouquinho? – De repente, Juju entrou no quarto correndo e eu a agarrei antes que ela pulasse em cima da Júlia. – Que surpresa! Quem trouxe a minha princesa?

Para amar e proteger - Minha pequena, Grande MulherOnde as histórias ganham vida. Descobre agora