22 - A Mensagem Para Pedro

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- Às vezes a única coisa que eu realmente queria é entender como que poucas pessoas podem fazer uma bagunça tão grande nessa casa. – Reclama Francisca.

- Eu espero que essa indireta não seja para mim. – Responde Carmem.

- Se a carapuça serviu, a culpa não é minha. – Brinca Francisca.

- Eu não acredito que o dia já vai começar com vocês duas reclamando. – Fala Jorge enquanto dobra mais uma página do jornal que está lendo enquanto está sentado à mesa do café da manhã.

- Se a gente não implicasse uma com a outra, não seríamos irmãs, Jorge. Não precisa se preocupar. Responde Francisca passando por trás de Jorge e mexendo nos poucos cabelos que ainda restam na cabeça do marido.

- Onde está Pedro?

- Ainda não desceu. Ou não acordou ou já acordou e está novamente conversando com o papai. – Responde Carmem se jogando no sofá da sala enquanto liga a velha televisão de tubo.

- Conversando com o papai? – Questiona Francisca, assustada.

- Não senhora. Eu não estava conversando com o vovô. Ele ainda está dormindo. – Fala Pedro enquanto desce as escadas da velha casa.

- Esse tem ouvido de tuberculoso. – Fala Carmem, mudando de canal.

- Pelo menos assim posso saber o que falam de mim por aqui, né tia.

- Não entendi, essa. Foi para mim? – Pergunta Carmem, olhando para Francisca e Jorge.

- Pra mim é que não foi. – Fala Jorge.

Pedro caminha até o móvel da sala e pega sua pasta com os documentos do banco.

- Já vai sair, filho? – Pergunta Francisca.

- Já mãe. Hoje eu tenho que chegar mais cedo e acabei me enrolando no sono.

- Come alguma coisa ao menos, rapaz. – Fala Jorge.

- Não dá pai. Eu como alguma coisa no intervalo do lanche.

- Por isso que está ficando magro desse jeito. – Reclama Francisca.

- Se duvidar já está tuberculoso de verdade. – Brinca Carmem.

- Não estou doente, tia Carmem. Ainda tenho muito tempo de vida para encher o saco da senhora. – Reponde Pedro rindo, enquanto puxa o controle da TV da mão da tia e joga sobre o sofá.

- Ô menino implicante. – Reclama Carmem se levantando para pegar de volta o controle.

- Bom trabalho, filho. Vai com Deus!

- Obrigado, mãe. – Responde Pedro enquanto sai pela porta da sala.

- Bom dia, filho.

A voz chama a atenção de Pedro que estava fechando a porta ao sair para o trabalho.

Pedro olha para trás de si e vê Samir que estava parado ao lado do carro em frente à sua casa.

- Bom dia Seu Samir. – Fala Pedro um pouco apreensivo com a presença de Samir na porta de sua casa.

- Você parece um pouco nervoso.

- Não vou lhe mentir. Na verdade, fico assim quando vejo o senhor de manhã cedo na porta da minha casa.

- Não vou lhe tentar lhe enganar dizendo que estava simplesmente passando por aqui. Você é um rapaz inteligente e saberia que não é verdade. Vim porque preciso muito falar com você.

- Diga.

Os dois seguem caminhando pela calçada.

- Na verdade não sei exatamente como começar, mas preciso que você saiba que tudo que vou lhe falar é de coração.

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