Capítulo 08 - O menino do saco

1.6K 321 319
                                    

— Como você acha que ele é? — perguntou Flora enquanto se agachava para passar por baixo de cipós espinhosos

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

— Como você acha que ele é? — perguntou Flora enquanto se agachava para passar por baixo de cipós espinhosos.

— Eu não faço a menor ideia. Ninguém espalha boatos de como ele deve ser — respondeu Halva que andava um pouco mais à frente junto com Olati.

— Ah, entendo. Mas, você nem imagina? Assim, eu acho que ele deve ser muito... Como se diz? Muito genial!

— FLORA!

— Eu sei, não tem como saber disso. Mas se ele criou esse mundo todo, com certeza ele é muito inteligente, não acha?

— Flora, shiu!

— Ah, eu vou parar de falar sobre ele! Por que você parou de caminhar?

Halva não estava só parada. Seu corpo estava anestesiado, suas pernas estavam frias e trêmulas. Ela olhava para todas as direções com os olhos atentos e muito medo.

As palmas... Os tambores...

— Eles estão se aproximando! Precisamos nos esconder! Venha! — Halva puxou Olati pelo braço e Flora os seguiu até uma abertura nas raízes de uma grande árvore de tronco marrom. Era apertado, mas os três se arrumaram entre cotoveladas e joelhadas, pequenos grunhidos e beliscões.

Aguardaram...

A cantiga na mente de Halva estava mais forte.

— Quem está se aproximando, Halva? — perguntou Flora depois de um longo silêncio.

— Você não está ouvindo a cantiga?

— Hmm... Acho que não! Só ouço gritinhos bem ao longe, são engraçados.

— Não! Flora, esses gritinhos, são os Bobo-cuias se aproximando! Isso não é engraçado!

Bulubru pru blublu bululu yu blu! — Cantarolou Olati fazendo o corpo de Halva tremer por inteiro.

Ela lançou um olhar pesado de medo e repulsa para o menino, que respondeu com um sorriso estranho, jamais visto por ela em outra face. Era insano e penoso. Um sorriso sem consciência de maldade no mundo, carregado apenas de ingenuidade.

Os três olharam para a floresta mais uma vez, esperando qualquer passagem. E então, eles apareceram puxando um trenó de madeira que chacoalhava e tinha um saco, que não parava de se remexer.

— É... uma criança! — vociferou Halva, tentando conter os espasmos de pavor em seu corpo.

Flora nada conseguia falar, pois, pela primeira vez, sentia a náusea e a paralisia causadas pela presença daquelas criaturas. Halva, já estava se recuperando da tontura e ficou atenta ao que viria a seguir.

O Inventor de EstaçõesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora